Foi o contrarrelógio de 19,6 quilómetros, entre Salir e o Alto do Malhão, que fez a diferença. Jonas Vingegaard estava na sexta posição à entrada para a última etapa, que ganhou, ficando João Almeida a trinta segundos, no sexto lugar, perdendo a vantagem que tinha. António Morgado terminou em vigésimo oitavo, a 1 minuto e 21 segundos do vencedor, o que o fez cair sete lugares (estava em quarto).
Maior queda na última etapa teve o suíço Jan Christen, da UAE Team Emirates – XRG, que tinha a camisola amarela, mas o desempenho no contrarrelógio fê-lo descer do primeiro para o décimo lugar da geral.
Contas feitas, acabou por triunfar um dos candidatos à vitória, com João Almeida a atingir a segunda posição, a quinze segundos, o que pode saber a pouco mas ainda assim é boa classificação, à frente de nomes sonantes como por exemplo o esloveno Primoz Roglic (Red Bull – Bora – Hansgrohe), em oitavo, a 53 segundos, ou o inglês Tao Geoghegan Hart (Lidl – Trek), em nono, a 54 segundos.
A UAE Team Emirates – XRG deixou a Lidl – Trek na segunda posição, a 2 minutos e 3 segundos.
A prova, entre quarta-feira e este domingo, não começou bem porque a etapa inicial, entre Portimão e Lagos, ao longo de 192,2 quilómetros, foi anulada, já que grande parte dos corredores acabou por tomar uma trajetória errada, seguiu pelo desvio dos carros de apoio e falhou a passagem na meta.
O Colégio de Comissários considerou que “a verdade desportiva não prevaleceu no final” e anulou a etapa. “Toda a informação técnica era clara no sentido de que os corredores deveriam seguir pela esquerda na última rotunda. O facto é que alguns seguiram pela direita, numa faixa paralela à reta da meta. Foi uma decisão errada do pelotão mas é evidente que não teremos feito o suficiente para evitar este desfecho, que muito lamentamos”, explicou Sérgio Sousa, diretor da Volta ao Algarve.
Face à neutralização da etapa, a primeira classificação acabou por ser a corrida entre Lagoa e Alto da Fóia, ao longo de 177,6 quilómetros, João Almeida e António Morgado ficaram em segundo e quinto lugar, respetivamente. A etapa terminou com Jan Christen em primeiro, quase ao lado de João Almeida, seu colega e líder de equipa.
O corredor de A-dos-Francos até podia fazer valer esse estatuto de líder de equipa para concluir em primeiro, mas abdicou para o seu colega.
Essa etapa foi animada e não foi preciso esperar muito para se verem os primeiros ataques. Aos nove quilómetros formou-se uma fuga. Quatro ciclistas aumentaram o ritmo, outros cinco juntaram-se pouco depois e formou-se aí um grupo.
Já dentro da segunda metade da etapa, a fuga começou a desmoronar, ao mesmo tempo que as equipas de topo do pelotão marcavam o ritmo para se chegarem à frente.
Um a um os ciclistas foram ficando para trás e a corrida partiu definitivamente no início da subida para Marmelete.
Foram ficando na frente os principais candidatos à vitória na classificação geral. Foi Jan Christen, no entanto, a dar espetáculo. Os ataques do jovem suíço permitiram partir esse grupo.
Só João Almeida, numa incursão final impressionante, conseguiu alcançar o colega de equipa, numa chegada à meta cheia de fair-play e dominada pela UAE Team Emirates XRG.
A etapa foi terminada pelos dois com o tempo de 4 horas, 28 minutos e 44 segundos. O suíço ganhou uma bonificação de dez segundos e João Almeida seis segundos.
“Estou muito feliz e muito agradecido à equipa, especialmente ao João Almeida e ao António Morgado, que me protegeram nos últimos dez quilómetros. Não seria possível sem a equipa. Sei que o António Morgado e o João Almeida estão muito felizes por mim, damo-nos muito bem. Puxamos uns pelos outros e é isso que faz da nossa equipa tão forte”, afirmou Jan Christen após a etapa.
As duas etapas seguintes não tiveram tão emocionante história – entre Vila Real de Santo António e Tavira (183,5 quilómetros), e entre Albufeira e Faro (175,2 quilómetros), com chegadas em pelotão. Foi o último dia que acabou por ditar o resultado.