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Coleção do Óbidos Off-Road Center passou a ter viatura histórica que deu origem aos UMM

Um Tracteur Cournil de 1952, veículo com base nos Jeep deixados em França pelo exército americano depois da II Guerra Mundial, foi adquirido pelo Óbidos Off-Road Center e passou a fazer parte da sua coleção de veículos 4x4 vintage.

A viatura, que é única em Portugal, é o antecedente dos UMM, marca de jipes portuguesa que teve os seus tempos de glória no final do século passado. Para Carlos Ribeiro, proprietário do espaço, este é “o avô do UMM”.

Tracteur Cournil é um modelo de trabalho que foi criado para múltiplos usos, mas era principalmente considerado um trator para ser utilizado na agricultura.

Esta é mais uma peça única que pode ser vista no espaço museológico dedicado ao todo-o-terreno, localizado na Usseira.

O desenvolvimento destas viaturas remonta ao período pós-guerra, quando Bernard Cournil, na sua oficina em Aurillac (França), testemunhou as vantagens do Jeep como veículo multiusos e começou a desenvolver um modelo mais robusto e com menores custos de utilização. Aliás, em Inglaterra, também o Land Rover foi criado sob inspiração dos Jeep.

Em 1940, os Estados Unidos da América começaram a tomar consciência do perigo crescente que representava o avanço do III Reich de Hitler, com a Europa a dar sinais de fraqueza e começou então a preparar-se para uma eventual intervenção militar.

Uma das principais carências americanas era ao nível de veículos ligeiros, equipados para o campo de batalha.

Foi a Willys-Overland (mais tarde Jeep) quem conseguiu assegurar o fabrico dos veículos todo-o-terreno para o exército, recorrendo a uma fórmula bem conhecida: um motor de quatro cilindros, com 60 CV de potência, montado à frente em posição longitudinal, e mantendo o peso do conjunto nos 1.054 quilogramas, o que permitia atingir cerca de 105 km/h de velocidade máxima, para um consumo entre os 12 e os 15 litros por cada 100 quilómetros percorridos.

No final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, tinham sido fabricados cerca de 640.000 modelos Jeep, muitos dos quais acabaram por ficar na Europa, porque o seu transporte de volta ficaria demasiado caro.

Os primeiros modelos Cournil foram homologados como tratores, respondendo assim às necessidades crescentes dos agricultores do monte Cantal.

Essa homologação como veículos de trabalho trouxe vantagens significativas, tanto em questões de documentação como em custo operacionais, uma vez que a utilização de gasóleo agrícola tinha um preço inferior ao combustível comum.

Com a falência da empresa francesa, em 1977, os direitos de produção e as respetivas licenças pra Portugal, passaram a ser propriedade da União Metálico Mecânica (UMM).

“Foi um investimento de elevado risco para a época”, refere Carlos Ribeiro, porque, ao contrário de França, não havia no país uma tradição no fabrico de automóveis.

No entanto, foi assim possível dar início a uma indústria de produção de veículos utilitários de todo-o-terreno no país “que se tornaram sinónimo de robustez e eficiência, estabelecendo um marco incontornável na indústria automóvel nacional”.

Especialista em veículos todo-o-terreno, Carlos Ribeiro salienta que “a UMM produziu toda uma gama de veículos 4×4 que se destacaram pela sua enorme robustez, mas também pela pelo seu desempenho de trabalho nas suas várias vertentes”.

Os UMM foram utilizados tanto pelas forças de segurança, bombeiros e exército, como em provas de competição, como o Dakar.

“A marca esteve ainda na origem do enorme movimento de todo-o-terreno turístico que conquistou adeptos por todo o país e na multiplicação de clubes ligados à modalidade”, comenta o especialista.

Matriculado em 1966, com o chassis 521, o Cournil adquirido por Carlos Ribeiro tem cerca de 60 anos de atividade com 6860 horas de trabalho duro e está em perfeito estado de funcionamento. Tem até uma ceifeira, uma broca para abrir buracos e outros elementos necessários para o trabalho agrícola. A frente do carro é tem uma inclinação mergulhante e o motor fica mais atrás do que é habitual, de modo a facilitar a visão na condução nos campos. Outra curiosidade, é o “acelerador de mão”.

Foi comprado diretamente ao filho de Bernard Cournil (Allain Cournil que faleceu recentemente já depois do negócio feito).

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