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Vitor Marques faz balanço e aponta quatro desafios estratégicos para o futuro das Caldas

Num ano de eleições autárquicas e a poucos meses do fim de mandato, o presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Vitor Marques, usou o seu discurso no Feriado Municipal, assinalado a 15 de maio, para fazer um balanço da governação, lançar perspetivas de futuro e prestar homenagem à fundadora da cidade, rainha D. Leonor, no ano em que se assinala os 500 anos do aniversário da sua morte. Lalanda Ribeiro despediu-se da vida política com a sua última intervenção como presidente da Assembleia Municipal, encerrando uma longa e dedicada carreira de 50 anos ao serviço do concelho.

 

O presidente da Câmara sublinhou o compromisso com a transformação do concelho, apontando avanços em áreas-chave como a modernização administrativa, o planeamento urbano e a qualidade de vida.

“Quero reiterar o nosso compromisso com a mudança que anunciámos. Ela tem vindo a concretizar-se com a celeridade que as condições permitem, alicerçada em planeamento e informação técnica de elevada qualidade”, afirmou o autarca.

Entre as medidas destacadas está a digitalização dos serviços municipais, a criação de um novo balcão de atendimento e o reforço das equipas técnicas, que duplicaram para enfrentar os desafios da descentralização de competências.

“A modernização da estrutura municipal não é visível em toda a sua dimensão, mas é tão essencial como as fundações de um edifício”, frisou.

No eixo do planeamento e reorganização do território, o presidente destacou o Master Plan Termal, que visa requalificar toda a zona termal e verde da cidade, com novo balneário, hotel nos pavilhões do parque (cuja construção arrancará em setembro), e mudanças na mobilidade do centro histórico.

“A cidade que resultar da implementação do Master Plan Termal será uma cidade nova, voltada para o futuro e marcada pelo espaço público de qualidade”, adiantou.

O Plano Diretor Municipal, em revisão há 20 anos, está agora na fase final de aprovação, e foi ainda concluído o Plano Estratégico de Desenvolvimento Económico, bem como a Estratégia Local da Habitação.

“Em breve, será lançado o Plano Municipal de Integração de migrantes, para responder à escassez de mão-de-obra”, adiantou.

Vitor Marques destacou um conjunto de intervenções infraestruturais decisivas para o quotidiano das populações, em áreas como drenagem pluvial, mobilidade, saneamento, estradas e requalificação urbana.

“Foi com grande satisfação que assistimos a um inverno sem cheias nos bairros da Quinta dos Canários e dos Texugos, graças à requalificação e ampliação das redes pluviais, num contexto de forte pluviosidade”, afirmou.

Melhorias na mobilidade pedonal também foram sublinhadas, com o rebaixamento de passadeiras junto a escolas e zonas de grande circulação, promovendo maior segurança e acessibilidade.

A autarquia avançou ainda com a requalificação da entrada norte da cidade e da Rua da Estação, esta última próxima de uma nova passagem pedonal superior sobre a linha ferroviária, reforçando a ligação entre zonas residenciais e os principais eixos de transporte.

No setor das águas e saneamento foram feitos investimentos em equipamentos de limpeza urbana, manutenção das redes e expansão do saneamento.

Outro projeto simbólico, já concluído, foi a construção do Cais Palafítico no Nadadouro, que articula memória local, turismo, lazer e valorização ambiental em torno da Lagoa de Óbidos.

Entre as obras em curso, destacou a requalificação do Centro de Juventude, que deverá abrir ainda este ano, e a tão aguardada requalificação do Centro de Saúde, finalmente iniciada. Foi também lançado o concurso para a requalificação da Escola da Ponte, uma obra há muito necessária.

O autarca realçou ainda a política de distribuição justa de recursos e oportunidades, com um incremento de 2 milhões e meio de euros nas dotações financeiras às Juntas e Uniões de Freguesia e às Associações, ou seja, mais de 60% de aumento ao longo do mandato.

 

O olhar para o futuro

 

Na reta final do seu balanço, Vitor Marques lançou o olhar para o futuro, destacando quatro grandes desafios estratégicos que, para o autarca, são também os maiores ativos do concelho, e apelou à união da comunidade para os enfrentar com determinação.

A preservação da Lagoa de Óbidos, agora classificada como sítio RAMSAR – Zona Húmida de Importância Internacional, é “uma prioridade incontornável”. O autarca defende uma intervenção profunda e sustentável.

Outro dossiê sensível é a Linha do Oeste, que, apesar da requalificação em curso, continua aquém do seu verdadeiro potencial. O autarca critica o desinteresse dos governos e exige mais ambição. “O mínimo que se espera é a ligação direta a Entrecampos e a continuidade da modernização para norte”, salientou.

O novo hospital do Oeste, cuja localização Caldas da Rainha continua a defender, permanece no centro das preocupações. “Temos sido claros e firmes: queremos um único hospital no Oeste, e que ele seja construído nas Caldas. Esta tem sido sempre a nossa posição”, afirmou.

A tradição cerâmica e a marca UNESCO Cidade Criativa são outro eixo estratégico. O presidente quer reforçar o apoio à criação artística e transformar esta herança num motor económico e cultural.

Apesar dos desafios, Vítor Marques mostra-se otimista quanto ao futuro do concelho. “Temos capacidade instalada, planeamento e saúde financeira para enfrentar o futuro com ambição”, referiu. Segundo o autarca, “os saldos transitados aumentaram em média, nos últimos 3 anos de 5 para 8 milhões de euros, o endividamento desceu em igual período e os resultados contabilísticos antes de juros, impostos, depreciações e amortizações situam-se acima os 6 milhões de euros / ano – para enfrentarmos o futuro com confiança e com ambição”.

Prova do crescente dinamismo do concelho é, para Vitor Marques, “o aumento de cerca de 8% na população desde os últimos censos, que se situa agora em cerca de 54 mil habitantes, o crescimento da população estudantil e a atração de novo investimento no comércio e serviços, mas também na indústria, nas novas tecnologias e nas indústrias criativas”.

 

Despedida de Lalanda Ribeiro

 

O presidente da Assembleia Municipal das Caldas, Lalanda Ribeiro, protagonizou um momento emotivo ao anunciar a sua despedida da vida política. No seu discurso, sublinhou a importância do voto democrático e recordou que o fim do mandato autárquico, previsto para o final de setembro ou início de outubro, marcará uma renovação natural dos executivos locais. “Alguns sairão por vontade própria, outros por obrigação legal, e outros ainda porque os eleitores assim o decidirão. É o curso normal da democracia”, afirmou.

Lalanda Ribeiro confirmou que deixará funções. “No próximo ano, completarei 50 anos de vida autárquica. É tempo de parar, com o dever cumprido e a consciência tranquila”, anunciou. O autarca destacou a sua visão do papel dos eleitos, não como figuras de autoridade, mas como representantes ao serviço das populações. “Sempre entendi que quem é eleito está lá para resolver os problemas de quem o elege”, declarou.

Na sua última intervenção como presidente da Assembleia Municipal o autarca aproveitou para destacar três grandes desafios que continuam a marcar o concelho e a região, como a acessibilidade ferroviária, o futuro do Hospital do Oeste e a situação da Lagoa de Óbidos.

“Parece que já começa a haver uma luz ao fundo do túnel, com a identificação da linha para sul e a possibilidade de uma nova entrada em Lisboa, já aceite pelo Governo. Falta-nos agora a ligação para Norte, que esperamos venha a ser concretizada”, salientou.

Relativamente à saúde, reafirmou a necessidade urgente de um novo Hospital do Oeste. “Parece haver uma luzinha, porque o Orçamento de Estado prevê uma verba importante para o Hospital do Oeste”, referiu, defendendo a necessidade de um novo estudo, com critérios mais adequados à realidade atual.

“Os parâmetros usados no estudo anterior não nos pareceram razoáveis. Um novo estudo poderá levar a uma melhor decisão”, manifestou. E deixou clara a posição caldense: “Entendemos que o Hospital do Oeste deve ser nas Caldas da Rainha. É, obviamente, a localização ideal”.

Por fim, abordou um problema antigo e persistente: a degradação da Lagoa de Óbidos. “Há quase 50 anos que se fala da necessidade de intervir na Lagoa. Já na minha altura como presidente da Câmara o problema existia. E, 50 anos depois, continuamos com os mesmos problemas, agora agravados”, salientou.

O presidente da Câmara das Caldas prestou uma sentida homenagem a Lalanda Ribeiro, sublinhando a importância da sua presença na vida autárquica ao longo dos últimos anos: “Sempre foi um verdadeiro exemplo de político: respeitador, íntegro e profundamente dedicado à causa pública”.

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