Isabel Estrada Carvalhais disse que “a população mundial tem crescido e temos de pensar em sistemas alimentares sustentáveis porque de outra forma não teremos recursos para alimentar os habitantes mundiais”.
Segundo apontou, “um sistema alimentar sustentável é aquele que é capaz de garantir uma alimentação saudável sem colocar em causa os recursos económicos e ambientais para as gerações futuras”.
A eurodeputada falou da Estratégia do Prado ao Prato e da Estratégia de Biodiversidade da União Europeia, que foram apresentadas em conjunto pela Comissão Europeia em 2020, partilhando múltiplos objetivos e metas, como, por exemplo, a redução do uso de pesticidas e fertilizantes, a recuperação de terras agrícolas e a gestão da água.
Referiu que “é sobretudo um plano de intenções que a Comissão Europeia apresenta e que depois pode levar ou não ao desenvolvimento dos quadros legislativos a nível nacional ou europeu ou a diretivas ou regulamentos”.
Segundo Isabel Estrada Carvalhais, a União Europeia “produz cerca de 88 mil milhões de toneladas de desperdício alimentar por ano, ou seja, há uma perda de cerca de 143 mil milhões de euros anuais devido a esse desperdício”. “O grande problema é na casa das pessoas. O consumidor não tem capacidade para alterar hábitos”, declarou.
A responsável disse que é aqui que a Leader Oeste, municípios e escolas são importantes, “no trabalho e promoção de sistemas alimentares sustentáveis e de como se podem alterar hábitos alimentares e até recuperar práticas que os nossos pais e avós tinham”. “Eu ainda me lembro da minha mãe dizer que quando cai o pão ao chão ele tem que ser beijado. Havia mais respeito pelos alimentos, agora passamos para o período da abundância e para a desvalorização do alimento”, afirmou.
A eurodeputada salientou que o alimento “não pode ser banalizado”, acrescentando que houve também uma “perda do calendário sazonal porque está tudo disponível o ano inteiro”.
Este encontro surgiu no âmbito do Projeto de Cooperação Transnacional entre Grupos de Ação Local (GAL) – SAL – Sistemas Alimentares Locais, que tem como objetivo contribuir para a construção de sistemas alimentares territoriais sustentáveis e resilientes.
José Coutinho, coordenador do GAL da Leader Oeste, explicou que a Leader Oeste integra o Plano Nacional de Alimentação Equilibrada e Sustentável do Oeste – PNAES Oeste, que resulta de uma parceria entre a Oeste CIM, Politécnico de Leiria, Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo e EHTO.
Tem como missão promover a adoção de sistemas de produção e distribuição mais sustentáveis (sistemas alimentares locais) e valorizar os produtos locais de qualidade, respeitando a sazonalidade.
O objetivo é ainda valorizar e salvaguardar a dieta mediterrânica enquanto sistema e padrão alimentar caraterístico do território nacional. O projeto pretende também sensibilizar para adoção de uma alimentação nutricionalmente equilibrada e informada.
A EHTO irá editar um livro de gastronomia ligado à doçaria com a base histórica local.