A 1ª edição da Feira do Imobiliário, que decorreu nos dias 27 e 28 de setembro, no átrio da Expoeste, evento aberto ao público, apresentou várias propostas do segmento por meio de expositores, mas também contou com uma programação de palestras com nomes relevantes que abrilhantaram a iniciativa.O certame começou na sexta-feira com os expositores no átrio e as conferências que decorreram no auditório da Expoeste.
O evento foi um grande sucesso nos dois dias realizados, com palestras de peso moderadas pelo chefe de redação do Jornal das Caldas, Francisco Gomes, que beneficiaram os profissionais do setor e também o público em geral, como investidores ou pessoas que procuram habitação permanente ou para férias.
Nesta organização da AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste e do Jornal das Caldas, com vários parceiros, as palestras foram transmitidas em direto para o Facebook do jornal.
Para quem não teve oportunidade de ouvir as intervenções ainda poderá fazê-lo, uma vez que os vídeos estão disponíveis na rede social do Jornal das Caldas.
O presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Vitor Marques, foi um dos oradores e anunciou várias novidades que vão contribuir para um concelho mais atrativo e com mais qualidade de vida para quem deseja ter uma vida mais tranquila e longe da agitação dos grandes centros. “Hoje de manhã fui a Lisboa a uma audiência e demorei 65 minutos da portagem até à Assembleia da República e das Caldas à capital demorei menos de 60 minutos”, relatou o autarca, acrescentando que quer um concelho mais apelativo para “trazer pessoas que se queiram fixar e viver uma vida bem melhor do que vivem em sítios com muito trânsito”. “Aqui é possível encontrar uma vida mais tranquila do que na correria da capital e também com preços mais acessíveis para quem queira comprar ou alugar”, referiu.
O autarca destacou ainda a oferta “espetacular que Caldas tem na educação, na cultura e no desporto, com grandes competições que enchem as nossas unidades hoteleiras”.
“Temos mais alunos nas nossas escolas do que crianças e jovens a viver no nosso concelho e isso é uma prova da qualidade dos nossos agrupamentos e escolas”, declarou, revelando que “temos oito museus e o CCC – Centro Cultural e de Congressos de Caldas da Rainha, que tem tido a nível de programação espetáculos quase todos esgotados”.
Mas também foi claro quando disse que não deseja para as Caldas da Rainha turismo de massa. “Vamos continuar a ter eventos que atraem muitos visitantes, mas o que queremos é que as pessoas venham viver para as Caldas e tirar partido daquilo que temos para oferecer”.
Alertou ainda que “não procuramos duplicar a população porque as ofertas que hoje temos de excelência podem não ter a capacidade de acompanhar”.
Vitor Marques apontou ainda que “temos muitas pessoas a procurar o nosso clima mais fresco no verão, que até poderá ser um argumento de venda, porque é diferenciador”.
Grupo Cuf e Luz nas Caldas
O presidente da Câmara iniciou a sua intervenção revelando que, segundo o estudo nacional de um meio de comunicação social sobre os resultados do primeiro semestre deste ano ao nível de licenciamentos de casas, Caldas da Rainha “teve um aumento”. “Houve um incremento no primeiro semestre de licenciamento de casas nas Caldas e tudo indica no segundo semestre esse cenário também se concretize, o que é importante para nós”, sustentou.
Vitor Marques revelou que assinaram com a Agência para a Modernização Administrativa (AMA) um protocolo para a construção de uma “Loja de Cidadão”. “Temos um ano e meio para a construção da mesma, que se vai situar junto à Comunidade Intermunicipal do Oeste”, contou.
Segundo o presidente, o serviço vai ter “duas âncoras, a Segurança Social e as Finanças, que vão sair do local onde estão”.
Referiu ainda que melhoraram as condições da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).
Destacou também a intervenção dos comerciantes na Rua da Liberdade com os Chafalos, “em que nos últimos 50 anos nunca houve tanta fotografia tirada naquela rua, o que projetou as Caldas a nível nacional e internacional”.
Desafiou a AIRO, que passou a ter a gestão da Expoeste, a fazer “um certame em torno do falo”.
Na área do imobiliário, Vitor Marques destacou nos serviços do Município “a capacidade para gerir os pedidos de licenciamentos em menos tempo”. “Estamos numa fase muito avançada a nível das plataformas informáticas, que vão permitir dar um passo em frente”, relatou.
Salientou que o executivo da Câmara está “aberto aos empresários, investidores e construtores para resolver os problemas, porque tempo é dinheiro”.
Revelou ainda que a Câmara vai manter inalterados os impostos a cobrar em 2025 e vai prolongar por dois anos a isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para imóveis reabilitados. “Trata-se de uma prorrogação da isenção deste imposto por mais dois anos, além dos três que o Estado aplica, para os proprietários que tenham reabilitado imóveis”, disse Vitor Marques, explicando que “a medida começará a “ser aplicada dentro de dois anos, depois de terminar a isenção de três anos, que entrou em vigor o ano passado”. “O acesso a este benefício não é automático, devendo os proprietários submeter o pedido à Câmara”, contou.
O município vai ainda, em 2025, “cabimentar uma verba da receita do IRS para apoio ao pagamento de rendas por parte de famílias mais desfavorecidas”, afirmou o autarca.
Quanto à visão para a cidade, o autarca falou do termalismo caldense que em 2023 teve 1200 aquistas e este ano “vamos ter cerca de 1700”. “É um caminho que estamos a fazer e queremos construir o novo balneário com a capacidade para 20 mil aquistas”, sublinhou.
Vitor Marques revelou ainda que “dois operadores na área da saúde (Cuf Descobertas e Luz Saúde) têm já terrenos identificados para criar nas Caldas da Rainha uma clínica e hospital privado”. “Isto para dizer que no futuro próximo queremos aqui mais respostas”, salientou.
O edil disse que quer “devolver a cidade às pessoas, com estacionamentos gratuitos mais à preferia”.
Falou do projeto da zona da OesteCIM que está a criar algum “desconforto com ideias divergentes”. “Temos uma visão para a requalificação daquele espaço onde vamos fazer a “Loja do Cidadão”. Estamos a fazer uma proposta da revisão do PDM que só falta ser aprovado na Assembleia Municipal e com o trabalho que tivemos com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) ponderamos a construção de dois a três prédios, a abertura de mais uma avenida, a criação de um estacionamento subterrâneo e ainda uma praça três vezes maior do que a que está à frente da Câmara Municipal”, relatou.
Crédito Agrícola com boas taxas de empréstimos de habitação
Outra intervenção que beneficiou o certame foi a de Luís Loureiro, coordenador comercial da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo das Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche (CCAM),que se fez acompanhar por João Silva, elemento do Conselho de Administração, e Ana Catarina, da área comercial.
O responsável abordou a evolução do financiamento bancário. “A maioria dos portugueses precisa de recorrer a um crédito de habitação porque imaginar a casa dos sonhos é fácil, mas conseguir ter o capital disponível, já não é assim tão fácil”, disse Luís Loureiro, revelando que é considerado “um grande passo na vida de qualquer pessoa e deve ser bem ponderado”.
O coordenador comercial da CCAM, que falou depois do Grupo SMT, de Casas Modelares, disse que a entidade bancária está disponível “para o financiamento daquele tipo de imóvel”. Foi com orgulho que revelou que o CCAM das Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche “financiou a primeira casa de material reciclado em Ferrel (Peniche)”. “Como instituição virada para a sustentabilidade estamos a dar os nossos passos seguros”, contou. “Proximidade, solidariedade, competitividade e sustentabilidade são os nossos pilares de negócio”, salientou, revelando que o Crédito Agrícola “tem a maior plataforma digital”.
Luís Loureiro esclareceu as taxas de juro dos empréstimos à habitação em Portugal e quanto aos contratos de crédito de habitação própria permanente revelou que 75% têm uma prestação mensal inferior ou igual a 527 euros. Quanto ao crédito à habitação, “em julho, 74% dos novos empréstimos à habitação foram contratados à taxa mista (uma taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período com taxa de juro variável).”, referiu o responsável, que vincou que “um dos bancos que está a oferecer empréstimos para habitação à taxa mista mais baratos é o Crédito Agrícola”.
Casas Modulares em crescimento
Hélio Dias, CEO da Terzzit Investments, disse que é uma empresa que gere investimentos, faz gestão de projetos do setor imobiliário e que está inserida num ecossistema de empresas da qual fazem parte outras ligadas ao setor da construção.
Foi na marca Step House, onde o ramo de atividade básica (core business) é a construção modular, que o CEO baseou a sua intervenção. “Para nós é uma construção normal e é construída em fábrica, fora do local de implantação”, explicou, acrescentando que usam “sistemas e metodologias distintas da construção tradicional”.
“A base da casa e as matérias-primas são normalmente secas, usando aço ou madeira e pouco ou nenhum betão”, adiantou.
Segundo Hélio Dias, produzem “casas pré-fabricadas há mais de quatro anos e a particularidade até o final do ano é que não vendemos casas diretamente ao consumidor final”. “A nossa atividade é em projetos de promoção imobiliária, em que usamos a nossa marca e fábrica para fazer construção dita modular e fazer projetos de investimento”, contou.
Referiu que a Step House, empresa das Caldas da Rainha, está em fase de grande crescimento. “Neste momento temos mais de 80 casas fabricadas entregues e habitadas. Em 2023 produzimos 22 casas e este ano vamos fechar o ano com 32 e no próximo estaremos acima das 50 casas”, revelou.
A marca aposta num inovador conceito de construção, que visa também combater a falta de mão de obra que afeta o setor.
Como poupar em impostos no imobiliário
Marco Libório, consultor na área financeira e fiscal há cerca de 20 anos, que fundou a UWU Solutions em 2003, onde exerce funções de CEO e Senior Consultant, foi também um dos oradores deste evento.
O mote da sua apresentação foi o livro “Como poupar em impostos no imobiliário”, de que é autor. “O meu objetivo é ajudar as pessoas a tomar as melhores decisões financeiras e fiscais das suas vidas”, referiu.
Neste caso é sobre as dicas essenciais que ajudar os investidores a poupar em impostos imobiliários. “Se nós soubermos que temos mais opções em cima da mesa podemos tomar melhores decisões. O conhecimento é uma ferramenta fundamental nesta área”, afirmou.
O consultor da área financeira trabalha sobretudo com “investidores”, referindo que existem duas “formas de investir, ou é para arrendar ou para revender”. Na intervenção abordou alguns casos práticos.
eGO on Tour- Ego Real Estate
Marisa Graça, que representou a empresa Janela Digital, apresentou o eGO on Tour- Ego Real Estate, que é “uma plataforma desenvolvida especificamente para o ramo imobiliário”.
Segundo indicou, a Janela Digital, sediada em Óbidos, está no mercado “há cerca de 30 anos e especificamente focada no desenvolvimento de plataformas para o ramo imobiliário”. “Na empresa são mais de 150 colaboradores e contamos com mais 4 mil empresas que representam cerca de 30 mil utilizadores da plataforma. Temos servidores próprios e a plataforma está em constante desenvolvimento com base nas sugestões que são dadas pelos clientes”, descreveu, garantindo ser a mais completa do mercado e onde se pode fazer a angariação do imóvel, acompanhamento ao cliente, venda e gestão.
Investimento imobiliário para o turismo
Susana Ribeiro, diretora geral do Silver Coast Hotel das Caldas da Rainha, fez uma intervenção sobre investimento imobiliário para o turismo.
Referiu que a região de Caldas da Rainha tem um grande potencial no setor imobiliário voltado para o turismo devido à sua localização estratégica, proximidade com o litoral e história.
Falou das oportunidades na requalificação de imóveis antigos para ser transformados em unidades de Alojamento Local (AL) e ainda a possibilidade do restauro de imóveis históricos no centro da cidade.
“É um concelho que não está saturado e ainda consegue ter aqui mais abrangência dentro deste tipo de alojamento”, explicou, revelando que o segmento de AL permite rendimentos estáveis. “A cidade oferece um ambiente cultural indicado para o turismo familiar e de experiências e está próxima de zonas balneares, com a Foz do Arelho e a Lagoa de Óbidos”, contou.
A responsável destacou o desenvolvimento de resorts e eco-lodges, como por exemplo junto à Lagoa, onde já começam a aparecer alguns projetos um pouco diferentes.
Falou do foco no turismo sustentável, revelando que atualmente “existem grupos que só confirmam a estadia em hotéis se tivermos uma certificação sustentável”.
Susana Ribeiro referiu ainda que cada vez mais o turista quer “experiência, memória e querer voltar por isso”. “O turismo não se faz só com o imóvel para o AL ou para aquilo que é a experiência de dormida. Faz-se com uma série de componentes que estão à volta das infraestruturas e do que a cidade tem para oferecer”, apontou.
Segundo revelou, o AL “funciona bem na nossa zona com uma taxa de ocupação bastante interessante, mas tem que bem ponderado porque há muitos custos, mas em comparação com o alojamento de longa duração tem uma rentabilidade superior e existe também a valorização do próprio imóvel”.