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Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro

Alunos estiveram 11 minutos à conversa com um astronauta da Estação Espacial Internacional

Vinte alunos do ensino secundário da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro conseguiram na passada sexta-feira conversar com um astronauta em tempo real, a 428 quilómetros de distância da Terra, o que proporcionou uma “experiência fascinante”.

Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro

Vinte alunos do ensino secundário da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro conseguiram na passada sexta-feira conversar com um astronauta em tempo real, a 428 quilómetros de distância da Terra, o que proporcionou uma “experiência fascinante”.

A conversa com o astronauta da NASA e engenheiro químico, da expedição 72, que foi lançada em setembro de 2024 durou cerca de 11 minutos. Don Pettit, de 69 anos, que se encontra em missão no espaço, respondeu às 19 questões dos estudantes, satisfazendo a sua curiosidade e revelando pormenores das rotinas a bordo da Estação Espacial Internacional (EEI).

A comunicação foi realizada às 16h37, num dos momentos em que a EEI passou sobre a zona das Caldas da Rainha e durou apenas 11 minutos, sendo estabelecida com os equipamentos de radioamadorismo específicos, que foram operados pelo especialista radioamador Luís Califórnia, coordenador da ARISS (Amateur Radio on the International Space Station), que garantiu a comunicação estável com a EEI durante a sua passagem. 

“É quase um sonho que nem imaginávamos que fosse possível, mas concretizou-se e naturalmente que estamos muito felizes”, afirmou a docente de Física e Química do ensino secundário, Conceição Vidigal, que ajudou a coordenar o projeto. “Transformou 11 minutos da vida destes jovens num momento único e irrepetível”, salientou.

À hora prevista, o astronauta respondeu à chamada num tom audível, que pôs fim aos receios prévios e deu lugar à adrenalina das perguntas, feitas a ritmo de corrida para que as respostas pudessem chegar antes do “over” final.

Foi o radioamador Eduardo Dias, conhecido pelo indicativo CT7AXW, quem lançou o desafio ao Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro (AERBP) e que iniciou a comunicação com o astronauta.

Uma experiência única para os jovens

Para Rodrigo Campos, aluno do Curso de Ciências e Tecnologias, “foi uma experiência bastante enriquecedora, não só para os participantes, mas também para quem assistiu. Qualquer pessoa gostaria de viver algo assim pelo menos uma vez na vida”, salientou.

A questão que fez ao astronauta foi se a Estação Espacial é afetada pelas tempestades solares? Don Pettit respondeu que sim, destacando que muitas vezes são necessários procedimentos específicos para mitigar os seus efeitos.

Rodrigo Campos revelou que o seu grande sonho é tornar-se piloto de aviação comercial, afirmando ser “um apaixonado por voos”.

Constança Duarte, também aluna do curso de Ciências e Tecnologias, explicou que esta atividade teve início há cerca de um ano, sob orientação da professora de Inglês, com o objetivo de prepararem perguntas interessantes para colocar ao astronauta. “Nas aulas de Física e Química fizemos cálculos, analisámos vídeos e discutimos sobre a EEI. Ou seja, houve uma preparação muito completa para este grande dia. Não foi uma atividade que surgiu de repente”. Destacou ainda o apoio essencial dos professores envolvidos, incluindo o radioamador Eduardo Dias.

“Nunca imaginei que teria a oportunidade de falar com um astronauta e sei que dificilmente isso se vai repetir. Foi algo verdadeiramente marcante, que vai ficar comigo para a vida”, acrescentou a estudante, que sonha ser arquiteta.

Durante a iniciativa, fez a pergunta: “Até que ponto a ausência de gravidade e as condições na EEI afetam os resultados das experiências científicas?”. Contudo, devido a interferências na comunicação, não conseguiu ouvir a resposta.

Santiago Canas, também aluno do curso de Ciências e Tecnologias, revelou ter “gostado muito da experiência”, embora tenha admitido sentir-se um pouco nervoso no início. “Havia sempre a possibilidade de não conseguirmos falar com o astronauta devido a interferências, mas conseguimos, e foi formidável”. Fez a pergunta: “Como é que se sentem quando estão fora da EEI, especialmente durante reparações?”. Parte da resposta não foi percetível devido a problemas de interferência na comunicação. Santiago Canas quer seguir engenharia, mas, independentemente do rumo profissional, salienta que nunca vai esquecer este dia.

Entre as questões feitas aos astronautas, destacaram-se algumas que revelaram curiosidades sobre a vida no espaço e os desafios enfrentados pelos profissionais da NASA.

A primeira pergunta foi: “Qual foi o maior desafio que enfrentou para se tornar astronauta?” O astronauta, com a sua caraterística calma e humor, respondeu que o maior obstáculo foi aprender a falar russo.

Outra pergunta foi sobre a reação da família ao saber da sua missão espacial. O astronauta respondeu que “ficaram felizes por finalmente eu estar a realizar o meu sonho”.

“Qual foi o momento mais emocionante ou memorável que viveu durante uma missão espacial?” A resposta foi clara: “Voltar à Terra e ver a minha família”.  

Da voz de um dos estudantes ouviu-se ainda uma questão sobre quais as atividades que realiza durante o seu tempo livre na EEI, tendo a resposta sido “olhar e tirar fotografias da Terra”.

Na questão sobre quais são os perigos de ficar sem gravidade por longos períodos de tempo, Don Pettit explicou que são “a perda de baixa densidade e problemas com a visão”.

Perante a pergunta de como trata da saúde mental na EEI, o astronauta respondeu da mesma forma como o faz em terra: “Passar tempo com a família e amigos e aqui na Estação Espacial conviver com a equipa”. 

Don Pettit foi satisfazendo a curiosidade e explicou que os astronautas a bordo da EEI realizam uma vasta gama de descobertas científicas em várias áreas, devido ao ambiente de microgravidade, que permite estudos únicos que não seriam possíveis na Terra.

No final o radioamador e associado da Rede dos Emissores Portugueses (REP), Eduardo Dias, fez um balanço muito positivo da iniciativa, agradecendo o apoio de todos os alunos, docentes e direção do Agrupamento. Destacou a oportunidade que este projeto representa para toda a “comunidade educativa”.

Projeto promove o interesse por ciências

O projeto, iniciado há mais de um ano, foi dinamizado por Eduardo Dias, pelas professoras de Física e Química do ensino secundário, Michel Pimenta e Conceição Vidigal, a docente de Inglês, Ana Guerra, e ainda o diretor do AERBP, Jorge Pina.

Este programa teve como objetivo aproximar jovens do universo científico e tecnológico, promovendo o interesse por áreas como a ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Durante o contacto, os alunos colocaram perguntas previamente aprovadas pela NASA, abordando temas sobre a vida no espaço, a ciência a bordo e os desafios das missões espaciais.

O evento decorreu no auditório Paulo Vasques e foi transmitido em direto pelos estudantes do curso profissional de Técnico de Audiovisuais para todas as salas de aula da escola, permitindo que os alunos do terceiro ciclo e do ensino secundário acompanhassem este momento.

A REP desempenhou um papel essencial no desenvolvimento do projeto.

Nasa 2
Momento em que os alunos fizeram perguntas ao astronauta
 

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