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Primeiro mês do projeto “Ligue Antes, Salve Vidas” reduziu 2.282 atendimentos nas urgências do Oeste

As urgências gerais e pediátricas dos Hospitais das Caldas da Rainha e Torres Vedras e básica do Hospital de Peniche registaram uma diminuição de 2.282 atendimentos no primeiro mês de implementação do projeto "Ligue Antes, Salve Vidas", quando comparado ao mesmo período do ano anterior, revelou a Unidade Local de Saúde do Oeste (ULSO).

Nos Cuidados de Saúde Primários, a ULS O também registou avanços significativos, com 2.272 consultas agendadas diretamente por meio do novo sistema de pré-triagem do SNS24. Além disso, 871 utentes da área de influência da ULSO foram avaliados pelos profissionais da linha SNS24 e encaminhados para autocuidados, sem necessidade de se deslocarem a qualquer unidade de saúde.

Os dados foram apresentados pelo conselho de administração da ULSO, numa conferência de imprensa realizada em 17 de janeiro, no Museu do Hospital e das Caldas. As estatísticas referem-se ao período entre 12 de dezembro de 2024 e 12 de janeiro de 2025, em comparação com o mesmo intervalo de tempo do ano passado.

Elsa Baião, presidente do conselho de administração da ULSO, destacou a importância desses resultados, que refletem uma diminuição média de cerca de 74 atendimentos diários nas urgências gerais, pediátricas e básica em comparação com o ano anterior. “São resultados expressivos, que contribuíram para a otimização do atendimento e uma redução significativa da pressão sobre as urgências hospitalares, especialmente num período marcado pelo aumento sazonal das infeções respiratórias”, afirmou.

Essa diminuição é um reflexo direto da implementação do novo modelo de acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), através do projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”, que incentiva os utentes a contactarem a linha SNS24 antes de se dirigirem às urgências hospitalares. Caso seja necessário, são direcionados para o serviço de saúde mais adequado às suas necessidades, otimizando o fluxo de atendimento.

A responsável vincou que o principal objetivo do projeto é capacitar os cidadãos para um atendimento mais adequado, orientando-os para os serviços adequados, na hora certa, de acordo com as suas necessidades clínicas. A iniciativa visa igualmente “reduzir a “pressão sobre os serviços de urgência, ao direcionar os utentes para outras alternativas, como os cuidados primários, quando não é necessário um atendimento urgente”.

 

Mais orientação para cuidados primários

 

Ao longo do primeiro mês a linha SNS24 encaminhou, em média, 72 utentes por dia para os Cuidados de Saúde Primários da ULSO, o que contribuiu para a diminuição de 40% nas “pulseiras verdes” (casos pouco urgentes) e “pulseiras azuis” (casos não urgentes) nas urgências.

A adesão dos utentes ao projeto foi “notável, com um aumento de 159% nas admissões com referenciação e pré-triagem pela linha SNS24. Este tipo de encaminhamento passou de 9% do total de episódios de urgência no ano passado para 29% no primeiro mês do projeto, refletindo uma mudança positiva no comportamento dos utentes”, revelou Elsa Baião.

Além disso, a presidente da ULS Oeste destacou a redução significativa nos tempos de espera. Os utentes com triagem urgente (“pulseira amarela”) viram uma diminuição de 22% nos tempos de atendimento, o que equivale a uma redução média de 30 minutos no tempo de espera para cada paciente urgente.

Elsa Baião sublinhou que, embora o projeto não resolva todos os desafios enfrentados pelas urgências hospitalares, os resultados obtidos até agora “são promissores e contribuem para a melhoria da eficiência e humanização no atendimento”. “Estamos no caminho certo para transformar o modelo de funcionamento dos serviços de urgência da região, com um atendimento mais adequado e direcionado”, adiantou.

O balanço das urgências pediátricas da ULSO também é positivo, com um menor peso de utentes encaminhados pela linha SNS24, representando 9% do total. “As duas urgências pediátricas da ULSO registaram 3.715 admissões, o que corresponde a uma redução de 16% em comparação com o mesmo período do ano anterior, resultando em uma média de menos 23 atendimentos diários”, descreveu Elsa Baião.

Segundo os dados divulgados, “houve uma diminuição significativa no número de utentes pediátricos com triagem de “pulseira verde” (casos pouco urgentes), que caiu em 34%. A triagem “pulseira azul” (casos não urgentes) registou uma redução de 19%, e os episódios classificados com “pulseira branca” diminuíram para metade dos atendimentos registados no período homólogo do ano passado.

Segundo a administradora da ULSO, registaram-se também “melhorias expressivas” nos tempos de espera dos utentes urgentes, diminuindo em média 34% nas urgências pediátricas e 22% nas urgências gerais.

A responsável reconhece que que este projeto não “resolverá todos os desafios enfrentados pelos serviços de urgência”. “Existem diversas questões adicionais, que têm sido sentidas há muito tempo e que são, na verdade, problemas a nível nacional, afetando praticamente todas as unidades de saúde. Muitas vezes, essa situação resulta da dificuldade dos utentes em direcionarem-se ao local mais adequado para o atendimento necessário, mas também é um reflexo de falhas no próprio sistema, que precisa de se ajustar para orientar melhor os cidadãos”, acrescentou.

Este projeto inclui uma série de critérios de exclusão, como a idade por exemplo, bebés com menos de um ano ou adultos com mais de 70 anos não estão incluídos, bem como situações de traumas, quedas, entre outras.

A administradora frisou a importância da divulgação do projeto, para alcançar um número cada vez maior de pessoas e garantir o funcionamento eficiente do sistema. O objetivo não é restringir o acesso às urgências, mas orientar os utentes para os serviços adequados às suas necessidades. “Não estamos a fechar a porta das urgências, estamos a orientar para um atendimento mais eficaz e em tempo oportuno”, declarou.

“O projeto ‘Ligue Antes, Salve Vidas’ foi lançado na ULSO durante o período de inverno, uma época em que as urgências hospitalares enfrentam grande pressão assistencial. Os resultados agora apresentados são extremamente positivos e a redução dessa pressão nas urgências permite que os profissionais de saúde ofereçam cuidados de maior qualidade aos doentes que realmente necessitam de atendimento urgente”, afirmou Pedro Carvalho, diretor clínico para a área dos Cuidados de Saúde Hospitalares da ULSO.

Rodrigo Marques, diretor clínico para a área dos Cuidados de Saúde Primários da ULSO, destacou que “este novo modelo de acesso ao SNS reforça a importância da articulação entre os cuidados de saúde primários e hospitalares, garantindo que os utentes sejam encaminhados para o serviço de saúde mais adequado às suas necessidades. A linha SNS24 tem sido um parceiro essencial neste processo e os profissionais de cuidados de saúde primários estão totalmente comprometidos com essa mudança”.

 

Projeto SNS-Grávida Ginecologia

 

Quanto aos resultados do projeto SNS-Grávida Ginecologia, a presidente da administração da ULSO disse que “embora a filosofia de base seja a mesma, este projeto tem um enquadramento diferente em termos de operacionalização e metodologias”.  Por causa disso, a divulgação de dados concretos sobre o projeto ainda não é viável. Será necessário aguardar dois a três meses para obter informações mais precisas e comparáveis com dados de outros períodos.

A presidente destacou que o objetivo é “garantir que as grávidas e os utentes que necessitam de atendimento urgente na ginecologia façam a triagem telefónica antes de se dirigirem às urgências, algo que é essencial para uma melhor organização do atendimento”.

No entanto, a implementação tem enfrentado alguns desafios. Elsa Baião mencionou que, até agora, tem sido difícil extrair informações fiáveis sobre o impacto do projeto, devido a alterações no algoritmo de triagem e problemas de integração com os sistemas informáticos. “Essas alterações tornam os dados de agora incomparáveis com os de outros períodos”, afirmou, sublinhando que os problemas de integração, comuns a outros hospitais, estão a ser tratados a nível central.

Apesar das dificuldades, Elsa Baião destacou alguns resultados positivos. Durante este período, 200 utentes foram encaminhadas para consultas agendadas nos Cuidados de Saúde Primários, o que demonstra a eficácia do projeto. Adicionalmente, uma nova consulta aberta foi criada no hospital para atender os casos que não necessitavam de atendimento imediato nas urgências, com 17 consultas realizadas até agora.

 

Tempos de espera para a linha SNS24

 

Em relação aos relatos sobre os tempos de espera longos ao contactar a linha SNS24, o diretor clínico da área dos Cuidados de Saúde Hospitalares explicou que o aumento significativo de chamadas diárias no início de 2025 impactou os tempos médios de espera. “Este é um ponto a melhorar pelo SNS, pois longos períodos de espera não são apenas uma questão clínica, mas também desmotivam as pessoas a aderirem ao serviço”, afirmou Pedro Carvalho. Sublinhou a importância de garantir que os utentes não encontrem dificuldades para aderir ao projeto, manifestando que, sendo algo recente, espera-se que a resposta melhore com o tempo. “O objetivo é que o atendimento seja mais rápido, para que as pessoas adquiram o hábito de ligar e não desistam”, declarou.

Em relação à área hospitalar, Pedro Carvalho mencionou que, embora tenha havido queixas sobre o tempo de espera, “não houve consequências”.

No entanto, o responsável garantiu que nenhum utente será recusado nas urgências, mesmo que não tenha ligado previamente para a linha SNS24. Todos “serão atendidos, independentemente de terem seguido o processo de triagem”.

Rodrigo Marques reforçou que os utentes estão a ser consciencializados sobre a importância de realizar a triagem através do SNS24.

Por sua vez, a presidente da ULSO reconheceu os relatos de picos de espera, tanto na comunicação social como por parte dos próprios utentes nas urgências. No entanto, sublinhou que a situação tem melhorado nos últimos dias. “Este é um processo em evolução e temos de acreditar que a situação irá melhorar gradualmente. É uma grande transformação para nós e para a linha SNS24 e, como tal, exigirá ajustes contínuos. No entanto, não houve consequências graves, nem situações críticas que comprometeram os bons resultados”, afirmou.

Elsa Baião também sublinhou a importância de capacitar os utentes para compreenderem que, em situações de emergência, o correto é ligar para o 112. “Vendemos a ideia do SNS24, mas, em casos graves, a recomendação é ligar para o 112”, disse.

 

Esclarecimentos sobre consultas não urgentes

 

Questionado sobre a possibilidade de utentes sem médico de família e sem patologia atual, mas que necessitam de uma consulta para, por exemplo, solicitar credenciais para exames, ligarem para a linha SNS24, o diretor clínico da área dos Cuidados de Saúde Primários da ULSO esclareceu que não é a via correta. “As situações não urgentes são tratadas com agendamento a prazo. Caso não haja capacidade de resposta imediata, os utentes são inscritos em lista de espera e serão contactados quando chegar a sua vez. Dependendo da unidade, a espera pode variar entre algumas semanas ou meses. Estamos a trabalhar para aumentar os recursos e resolver essas listas de espera”, explicou.

Rodrigo Marques salientou que, com 85 unidades diferentes na área de influência da ULSO, há uma grande diversidade de contextos, mas está a ser feito um esforço conjunto com as equipas administrativas para garantir que os utentes saiam sempre com uma resposta, seja um agendamento imediato ou uma inscrição na lista de espera com a previsão de quando serão chamados. “As pessoas podem solicitar consultas presencialmente, por e-mail ou telefone, e estamos a colocar cartazes em todos os locais com essas informações”, acrescentou, admitindo que, devido ao foco em situações de doença aguda, pode haver alguma dificuldade em atender às situações não urgentes.

Elsa Baião afirmou que a implementação das teleconsultas trouxe uma redução significativa nas listas de espera, ajudando a agilizar o atendimento dessas situações não urgentes.

 

Plano de Contingência

 

A ULSO confirmou na conferência de imprensa ter ativado o Nível 3 do Plano de Contingência para esta época de inverno, com maior afluência às urgências, implementando “uma resposta maximizada face ao aumento substancial da atividade epidémica e/ou das condições de frio extremo, que representam uma ameaça significativa para a saúde pública”.

Este nível envolve a mobilização de recursos adicionais e a coordenação intensiva com parceiros, entre os quais a disponibilização de 35 camas para doentes urgentes, “10 das quais nos três hospitais e 25 em parceiros, como o Hospital Soerad, em Torres Vedras”, indicou Pedro Carvalho.

O diretor clínico para os cuidados hospitalares fez notar a importância da construção do novo Hospital do Oeste, que permitirá otimizar os recursos humanos atualmente distribuídos pelas diferentes unidades que compõem o Centro Hospitalar do Oeste.

Presentes na conferência de imprensa estiveram também Carlos Sobral, vogal da ULSO, e Lurdes Ponciano, enfermeira diretora da ULSO,  que integra o Centro Hospitalar do Oeste e os agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) do Oeste Norte e do Oeste Sul, servindo os concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral e Peniche (no distrito de Leiria), Lourinhã, Cadaval, Torres Vedras e Sobral Monte Agraço (no distrito de Lisboa).

 

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