Isa Martins explicou que o programa foi desenvolvido para “fornecer aos empreendedores as bases sólidas e o suporte necessário para o sucesso, desde a conceção da ideia até à sua apresentação a investidores”. Ressaltou ainda que o StartUp Oeste oferece uma abordagem personalizada, ajustada às necessidades da região Oeste, com o objetivo de se afirmar como um marco no apoio ao empreendedorismo local e regional.
O programa consiste em 8 módulos principais, totalizando 64 horas (8 horas por módulo), de março a junho. A formação será tanto presencial quanto online e incluirá a criação de apresentações de negócios. Também estão previstos Pitch Demo Days, nos quais os participantes apresentarão os seus projetos a potenciais investidores, com premiação para os melhores pitchs.
Os módulos do programa abrangem temas como ecossistemas de empreendedorismo e inovação, definição de ideias, problemas e oportunidades de mercado, elaboração de modelos de negócios e proposta de valor, constituição da empresa, contabilidade e legislação, gestão da qualidade e processos, ferramentas digitais para criação de startups, marketing e comunicação para lançamento no mercado, gestão financeira e pricing, e, por fim, pitching, storytelling e preparação para investimentos.
Os formadores são especialistas com amplos conhecimentos, ferramentas e redes de contato. “São profissionais altamente qualificados, que ajudarão os empreendedores a transformar sonhos em empresas viáveis”, afirmou Isa Martins.
Além disso, os participantes terão acesso a vários prémios e condições especiais, como uma conta bancária de empresário com oferta da Caixa de Crédito Agrícola, um ano de software de faturação oferecido pela Gestwin, consultoria e mentoria especializada, espaço de coworking gratuito, promoção de marca, divulgação nas redes sociais e outros benefícios. O projeto vencedor será premiado com mil euros, um prémio da Caixa Agrícola.
Sérgio Félix, secretário-geral da AIRO, explicou que a missão do Programa de Aceleração StartUp Oeste é apoiar o ecossistema empreendedor da região, promovendo o seu crescimento através da colaboração entre as entidades, com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento económico e social do Oeste.
Destacou os parceiros do programa, como o Município das Caldas da Rainha, a Caixa de Crédito Agrícola de Caldas, Óbidos e Peniche, o Caldas Empreende, o Politécnico de Leiria, entre outros.
O secretário-geral referiu que o Programa de Aceleração visa desenvolver ações de formação e consultoria periódicas, com foco no crescimento dos negócios. “Mensalmente, os empreendedores terão acesso a sessões de formação, consultoria ou mentoring, através de uma bolsa de mentores composta por empresários e consultores especializados”, afirmou.
Os interessados em participar devem preencher um formulário. A data limite para inscrição é 28 de fevereiro. Para mais informações, consultar o site www.airo.pt.
Inovação e conhecimento cruciais para as empresas
Antes da apresentação do programa de aceleração, decorreu uma palestra com Luís Mira Amaral, ex-ministro do governo minoritário de Cavaco Silva, que governou entre 1985 e 1987. Durante a sua intervenção, o antigo governante abordou temas cruciais relacionados com inovação, empreendedorismo e a competitividade dos países no cenário global.
Luís Mira Amaral iniciou a sua intervenção destacando a diferença entre investigação e inovação, conceitos frequentemente confundidos pela sociedade e até pelos próprios governos. “É importante compreender que a investigação visa a criação de conhecimento, enquanto a inovação empresarial se refere à aplicação desse conhecimento para gerar valor nas empresas”, explicou. O ex-ministro sublinhou que muitos países já perceberam que a verdadeira competição não está na produção de bens e serviços, mas na atração de cérebros e pessoas altamente qualificadas.
Neste contexto, o antigo ministro alertou para o atual cenário em Portugal, onde os jovens mais qualificados estão a emigrar em busca de melhores oportunidades. “Os melhores jovens portugueses estão a fugir para o estrangeiro, o que demonstra a falta de capacidade de atração de talentos que outros países, como os Estados Unidos, a Alemanha e a Noruega, têm”, afirmou. Para o economista, a inovação e o conhecimento “são agora os maiores ativos dos países, destacando que, sem pessoas qualificadas, um país não consegue ser competitivo no mercado internacional”.
Reforçou ainda a importância das infraestruturas tecnológicas e da ligação das universidades e politécnicos às empresas, exemplificando o Instituto Politécnico de Leiria como um modelo de sucesso. “Já temos boas universidades, bons politécnicos, com bons exemplos, que conseguem criar conhecimento. Mas essa ligação entre as universidades e as empresas ainda não está ao nível dos países mais desenvolvidos”, afirmou. O economista explicou que o conhecimento gerado nas universidades, muitas vezes financiado por fundos comunitários ou nacionais, não tem sido suficientemente aplicado nas empresas, o que prejudica o desenvolvimento económico do país. “Se não ligarmos o conhecimento gerado nas universidades às empresas, não terá resultados práticos. É um caminho que ainda temos de percorrer em Portugal”, disse. O ex-ministro reforçou a importância de criar um ambiente em que as universidades e os politécnicos possam colaborar com o setor empresarial, pois isso é essencial para a inovação e competitividade.
O orador também abordou a questão da inovação empresarial, explicando que, enquanto a investigação cria conhecimento, a inovação consiste em aplicar esse conhecimento nas empresas para criar novos produtos e processos. Destacou que as Pequenas e Médias Empresas – PMEs, apesar de não terem recursos para realizar pesquisa científica, devem inovar para se diferenciar no mercado “pegando o conhecimento gerado pelas universidades e usá-lo para se distinguirem da concorrência”.
O antigo ministro fez uma analogia com as grandes empresas para ilustrar a importância da inovação contínua. “As empresas devem inovar constantemente, pois, na velocidade com que a tecnologia evolui, a concorrência não dá descanso. Os americanos, por exemplo, ao perceberem que estavam perdendo o pé na inovação, começaram a comprar pequenas start-ups”, explicou, referindo-se à prática das grandes empresas em adquirir start-ups para manter a competitividade. “As grandes farmacêuticas estão a fazer a mesma coisa, comprando start-ups universitárias para continuar inovando”, acrescentou.
O economista distinguiu dois tipos principais de empreendedorismo, o “empreendedorismo de necessidade”, que leva as pessoas a criarem pequenos negócios para garantir a sua sobrevivência, e o “empreendedorismo de start-ups”, mais sofisticado, que envolve a criação de empresas inovadoras e com alto potencial de crescimento. “Felizmente, Portugal já deixou para trás a fase do empreendedorismo de necessidade e está a caminhar para uma fase de empreendedorismo mais sofisticado, com startups e empresas com ideias inovadoras”, disse.
O ex-ministro concluiu destacando a necessidade de criar um ambiente de inovação sustentável e de aprender a gerir o conhecimento de forma eficaz. “As empresas precisam de aprender a gerenciar o conhecimento para se tornarem inovadoras, avançar no mercado e se diferenciar dos concorrentes”, finalizou.
Joaquim Sobreiro Duarte, coach de carreira, abordou o tema do empreendedorismo e da motivação, destacando uma diferença entre empreendedores e empresários. Segundo fez notar, “todo o empreendedor pode tornar-se um empresário, mas nem todo empresário é um empreendedor”. O empreendedor, conforme explicou, é impulsionado pela inovação e pelo desejo de criar algo novo, enquanto o empresário se concentra principalmente na gestão e no crescimento do seu negócio.
Pedro Manuel, diretor da AIRO, convidou todos os empreendedores e pessoas com ideias de negócio a se inscreverem e participarem do programa, destacando a importância do conhecimento compartilhado.