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Comemoração dos 96 anos de elevação de Caldas da Rainha a cidade

Caldas inaugurou restauro de órgão histórico com concerto

A Igreja de Nossa Senhora do Pópulo encheu no sábado dia 26 de agosto para acolher o grande concerto inaugural do órgão tubos que foi restaurado. O concerto dado pelo organista António Duarte, professor de órgão na Escola de Música do Conservatório Nacional e organista titular da Sé Patriarcal de Lisboa foi o evento que marcou a comemoração dos 96 anos de elevação de Caldas da Rainha a cidade que foi oficializada em 1927, um processo movido por cidadãos e entidades oficiais com vista ao desenvolvimento e modernização do local.

Comemoração dos 96 anos de elevação de Caldas da Rainha a cidade

O artista apresentou um repertório composto por música dos séculos XVI e XVII e XVIII.

O concerto contou com uma forte adesão por parte do público que ficou “fascinado” pelas “excelentes e belas sonoridades” do órgão que daqui a três anos faz 200 anos. Fruto do “bom trabalho de harmonização realizado pelo organeiro António Simões”.

Segundo o organeiro, o órgão histórico, “além da sua importância musical”, detém um “elevado valor cultural, histórico e artístico”.

Trata-se de um instrumento do séc. XIX, construído por António Joaquim Fontanes. Tem uma indicação por cima do teclado referindo o ano de construção, 1826.

Existe também a informação de que foi restaurado em 1880 por Paul Le Gros.  “Cremos que foi nessa altura que se tentou transformar o órgão em expressivo, colocando na frente e laterais tubos de imitação em madeira que, em vez de serem sonoros, faziam parte de um sistema de janelas expressivas, mas que, dada a sua complexidade, não devem ter funcionado muito tempo”, contou. 

Segundo este responsável, em meados do século, com as obras da Igreja e a colocação da escada em caracol, retirando espaço ao órgão, o instrumento foi-se degradando cada vez mais. “O próprio fole do órgão estava, na altura do início deste restauro, abandonado nas instalações dos Pavilhões, no jardim”, relatou António Simões, adiantando que “os tubos estavam todos partidos e que há cerca de 100 anos que não tocava”.

“Com este restauro procurou-se voltar a levar o instrumento o mais possível ao original, tendo sido inclusivamente encontrada a cor original, que estava por baixo da tinta existente”, explicou.

“Foi ressuscitar uma obra que estava morta”

O organeiro disse que levou cerca de um ano a restaurar o órgão, mas porque “houve outras obras que me obrigaram a parar. Quando eu comecei a montar eu não conseguia pô-lo aqui em condições e tive que colocá-lo agarrado à parede e demorou seis meses para conseguir a autorização para fazer buracos na parede.

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O mais difícil para o organeiro foi transmitir a mensagem a certas pessoas que “chegar à origem deste órgão histórico é muito mais importante do que só o seu arranjo”. “Deixei-o homogéneo pensando no futuro para que daqui a cem anos continue a tocar desde que haja conservação”, adiantou. “Foi ressuscitar uma obra que estava morta há mais de cem anos”, salientou, António Simões acrescentando que é uma obra para mim muito importante porque vivo nas Caldas há 10 anos.

Quanto aos cuidados a ter com o órgão, o responsável disse que é preciso “tocá-lo”. Exemplificou com a compra de um automóvel e colocá-lo na garagem. Daqui a seis meses tem que ir ao mecânico”. Revelou que tem que haver uma “manutenção correta e não ficar na mão de curiosos porque é uma peça que tem material com 200 anos”.   

Para António Simões, este órgão “não tem preço porque é uma peça que nunca se poderá vender”. No entanto, revelou que se “fossemos hoje fazer um órgão como este destes custava cerca de 200 mil euros”.

As obras de reparação, objeto de concurso, foram assumidas pela empresa AOF, com a responsabilidade técnica do mestre organeiro António Simões (Organolusa unip. Lda).

O restauro é a fase final de uma empreitada mais ampla de requalificação da própria igreja, que foi iniciada em 2021 e que englobou o exterior da igreja e elementos do seu interior. Tratou-se de investimento de meio milhão de euros, financiado por fundos comunitários.

“Mais concertos na Igreja de Nossa Senhora do Pópulo”

Antes do espetáculo o Presidente da Câmara, Vítor Marques destacou a grande afluência salientando que foi uma ótima forma de celebrar os 96 anos de elevação de Caldas da Rainha a cidade. Recordou os tempos em que a cidade das Caldas “respirava cultura e havia muito dinamismo à volta do comércio”. Tem como ambição que as Caldas volte a ter momentos culturais muito fortes e também de criatividade como “instrumento de transformação da cidade em um lugar seguro, com vida, dinâmica, sustentável e preparada para o futuro”.

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O autarca revelou ainda que pretende que a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo seja palco de mais concertos com o órgão, que está totalmente recuperado.

Hélder Almeida vogal executivo do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) realçou o trabalho em conjunto congratulando todos pela finalização do restauro “há muito desejado e que garante a salvaguarda deste património”, que integra o património cultural e museológico do centro hospitalar.

Programa tocado pelo organista, António Duarte

O programa tocado pelo organista, António Duarte, visou em primeiro lugar “dar voz ao órgão, mostrar os seus diversos e bonitos timbres, a sua sonoridade equilibrada e redonda”. Por outro lado, mostrar que “este instrumento pode abordar um conjunto bastante diversificado de repertório”.

O programa foi composto por dois grandes blocos: um primeiro de música dos séculos XVI e XVII, caracterizado pelo estilo polifónico e imitativo, o segundo de música do século XVIII, de estilo predominantemente melódico.

Estando o órgão numa igreja “dedicada a Nossa Senhora”,  António Duarte pensou abrir este concerto com uma obra de Pedro de Araújo baseada na Salve Regina. Pedro de Araújo foi um importante organista e compositor que serviu a diocese de Braga”.

A Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, classificada como monumento nacional desde 1910, foi construída nos finais do século XV pela ação da rainha D. Leonor, como parte integrante do Hospital Termal.

A igreja foi projetada pelo arquiteto do Mosteiro da Batalha, Mateus Fernandes, e mantém-se hoje como um dos mais relevantes elementos associados à fundação da cidade.

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