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Taça de Portugal

Caldas perdeu com o Benfica nas penalidades mas “triunfou” com exibição

Competição que o Benfica não vence desde 2017, o clube das ‘águias’ esteve em risco de não seguir em frente na Taça de Portugal, ao encontrar um Caldas destemido e a jogar olhos nos olhos, num Campo da Mata com um ambiente entusiástico. Ao fim de 120 minutos registava-se um empate a uma bola. A elogiada prestação dos caldenses só foi traída nas grandes penalidades após o prolongamento.

Taça de Portugal

Competição que o Benfica não vence desde 2017, o clube das ‘águias’ esteve em risco de não seguir em frente na Taça de Portugal, ao encontrar um Caldas destemido e a jogar olhos nos olhos, num Campo da Mata com um ambiente entusiástico. Ao fim de 120 minutos registava-se um empate a uma bola. A elogiada prestação dos caldenses só foi traída nas grandes penalidades após o prolongamento.

Foi o Benfica quem na noite do passado sábado assegurou o lugar na quarta eliminatória da Taça, mas o Caldas acabou também por “triunfar”, ao mostrar a abnegação, espírito de sacrifício e entrega máxima que uma equipa pode ter numa partida de futebol. Foram assim muitos os elogios que os caldenses receberam dos adeptos de ambos os clubes.

Mesmo poupando alguns jogadores mais influentes, nem se pode dizer que o Benfica jogou com uma “segunda equipa”, pois apenas fez cinco alterações no onze inicial relativamente à equipa titular em Paris frente ao PSG. Helton Leite, Gilberto Moraes, John Brooks, Julian Draxler e Rodrigo Pinho iniciaram a partida no Campo da Mata. Alexander Bah (adoentado), Nicolás Otamendi, Rafa Silva e Gonçalo Ramos ficaram fora da ficha de jogo, mas Álex Grimaldo, Enzo Fernández, Florentino Luís ou João Mário, por exemplo, defrontaram o Caldas.

O Benfica apresentava apenas três portugueses (António Silva, Florentino Luís e João Mário), ao lado de três brasileiros (Helton Leite, Gilberto e Rodrigo Pinho), um americano (John Brooks), um espanhol (Álex Grimaldo), um argentino (Enzo Fernández), um alemão (Julian Draxler) e um norueguês (Fredrik Aursnes).

Do lado do Caldas, Paulo Inácio ficou de fora e Wilson Soares foi o guarda-redes, deixando Luís Paulo no banco. O guardião caldense foi o melhor em jogo.

No relvado não parecia estar frente a frente uma equipa da Liga 3 e outra da principal Liga, líder do campeonato e com um historial que dispensa apresentações. Na primeira parte a melhor oportunidade de golo foi mesmo do Caldas, aos 38 minutos, com um espetacular remate de meia distância de João Silva, com uma defesa do guardião Helton Leite, num aparatoso voo, a fazer a bola ainda bater no poste da baliza. Teria sido um golo fantástico.

Antes disso, aos 34 minutos, há a registar um golo anulado ao Benfica por fora de jogo a Aursnes, que rematou já depois da bandeirola levantada do juiz de linha. O clube da Luz não teve outros lances de muito perigo para a baliza caldense.

O jogo começou com o Caldas a mostrar que não se ia encolher. Aos 2 minutos, João Silva progrediu pelo corredor central e tentou o remate, sem perigo. O Benfica respondeu aos 5 minutos, com Enzo Fernández a fazer o primeiro remate à baliza caldense, para fora. Rodrigo Pinho aos 8 minutos, não acertou bem na bola e o remate saiu muito por cima da baliza de Wilson Soares.

Sem lances de relevo, o jogo foi prosseguindo. Aos 22 minutos foi mostrado o primeiro cartão amarelo, para Florentino Luís (Benfica), por ter travado com um carrinho a progressão de João Rodrigues.

João Silva bateu o livre direto, só que Helton Leite, bem posicionado, agarrou o esférico.

Aos 26 minutos, Álex Grimaldo surgiu junto de Wilson Soares mas deixou escapar a bola para o guardião caldense.

A primeira parte fluiu sem grandes interrupções, pelo que apenas houve um minuto de compensação. O zero a zero premiava o cuidado da equipa caldense em não deixar o Benfica criar perigo.

A ida aos balneários fez bem ao Benfica, que começou o segundo tempo com duas mudanças. Entrou Petar Musa e saiu Rodrigo Pinho, enquanto Diogo Gonçalves substituiu Florentino Luís.

Notou-se logo maior pressão no meio-campo do Caldas e pressentiam-se maiores dificuldades para os alvinegros, com André Sousa obrigado a travar em falta Julian Draxler, recebendo um cartão amarelo aos 46 minutos.

Petar Musa obrigou Wilson Soares a intervenção apertada para canto, aos 47 minutos, e pouco depois quase que ia ter uma oportunidade para marcar, se o passe de Diogo Gonçalves não tivesse sido intercetado no momento certo.

Mas o avançado croata, melhor jogador do Benfica em campo, tinha agitado a partida e aos 53 minutos, após passe de João Mário, que recuperou a bola na confusão, tirou vários adversários do caminho e ainda de fora da área efetuou um remate bem colocado e sem hipóteses do guarda-redes do Caldas conseguir defender.

Foi um balde de água fria para os caldenses e Petar Musa podia ter bisado logo a seguir, por duas vezes, mas Wilson Soares negou o segundo golo dos encarnados na partida, aos 55 e 57 minutos.

O técnico do Caldas viu que tinha de mexer na equipa: Entrou Chiquinho e saiu Henrique Henriques, e Gonçalo Barreiras substituiu André Perre.

Aos 66 minutos, Thomas Militão rasteirou Diogo Gonçalves e foi admoestado com o cartão amarelo.

Aos 68 minutos houve nova dupla mexida no Caldas. Entrou Marcelo Marquês e saiu Nuno Januário, enquanto Diogo Clemente substituiu Miguel Rebelo.

Um desentendimento com Diogo Clemente fez aos 71 minutos Álex Grimaldo ser advertido com cartão amarelo, mas um minuto depois foi punido o jogador do Caldas, Yordy Marcelo, ao puxar João Mário de forma ostensiva, quando este fugia pelo corredor direito. Na sequência do livre Álex Grimaldo atirou ao poste.

Aos 74 minutos veio o momento que deixou o estádio ao rubro. António Silva falhou a receção a um passe de John Brooks, em zona proibida, e Gonçalo Barreiras pegou na bola e isolado frente a Helton Leite, não tremeu e fez passá-la por entre as pernas do guardião do Benfica, empatando o jogo.

Um golo que certamente não esquecerá. Os companheiros envolveram-no num abraço e com orgulho bateu no peito, mostrando amor à camisola do clube onde cresceu.

O Benfica reagiu e aos 76 minutos o guarda-redes do Caldas esteve atento ao desvio de Diogo Gonçalves na sua frente, que tinha selo de golo.

Aos 77 minutos, entrou Chiquinho no Benfica e saiu Julian Draxler. Roger Schmidt tirou Álex Grimaldo e colocou em campo Mihailo Ristic.

O Caldas fez também uma alteração aos 83 minutos, com entrada de Luís Farinha e saída de João Silva.

Aproximava-se o fim da partida e o Benfica apertava. Musa teve novamente o golo nos pés, aos 83 minutos, mas voltou a ter Wilson Soares como obstáculo.

O árbitro Cláudio Pereira deu mais 4 minutos até apitar para o prolongamento de 30 minutos.

Saiu António Silva e entrou João Victor, que se estreou com a camisola do Benfica.

O prolongamento foi dominado pelos ‘encarnados’, perante alguma falta de frescura física dos alvinegros, que ainda assim nunca claudicaram.

Aos 99 minutos Enzo Fernández disparou à trave da baliza do Caldas, aos 103 Petar Musa obrigou Wilson Soares a uma defesa a dois tempos e aos 105 Enzo Fernández rematou à figura do guarda-redes caldense.

Mihailo Ristic entrou fora de tempo sobre Chiquinho aos 105 minutos e foi contemplado com o cartão amarelo.

Aos 107 minutos, Petar Musa atirou contra o muro caldense e passou o perigo.

Aos 111 minutos, Thomas Militão, em dificuldades físicas, foi substituído por André Simões.

Calafrio aos 119 minutos: André Sousa cortou o cruzamento de João Mário, que ia direito a Petar Musa, mas quase fez autogolo.

O árbitro Cláudio Pereira, que teve um desempenho global positivo, deu mais 2 minutos antes de ir para os penaltis. Gonçalo Barreiras ainda recebeu o cartão amarelo por ter travado a progressão de Mihailo Ristic.

Num jogo com avassalador domínio de posse de bola do Benfica, que teve as melhores oportunidades, o empate distinguiu a competência, a confiança e a coragem do Caldas em jogar sem medo perante o colosso benfiquista.

Faltava a cereja no topo do bolo, mas nos penáltis os ‘encarnados’ foram extremamente competentes. O Benfica foi o primeiro a marcar. Wilson Soares ainda adivinhou o lado, mas o remate de Enzo Fernández foi bem colocado.

Seguiu-se o momento do jogo, quando Diogo Clemente tentou colocar no ângulo mas falhou a baliza, rematando por cima da barra, o que deu mais tranquilidade aos jogadores das ‘águias’.

Mihailo Ristic rematou com força e de nada valeu a Wilson Soares adivinhar o lado. André Simões marcou para o Caldas, com guarda-redes para um lado e bola para o outro. Fredrik Aursnes também converteu e fez o 1-3. Na resposta Leandro Borges atirou para defesa de Helton Leite, só que o guarda-redes do Benfica não colocou bem as mãos e a bola entrou na baliza, para o 2-3.

Chiquinho fez o 2-4, enquanto do lado do Caldas João Rodrigues reduziu para 3-4, chegando a vez de João Mário, que se mostrou imperturbável perante a pressão e rematou sem hipótese de defesa para o guardião caldense, concluindo assim a série do Benfica de cinco penalidades todas convertidas, com a sentença final de 3-5.

“Ganhou o futebol”

“Hoje ganhou, acima de tudo, o futebol. São poucas as equipas que conseguem mais adeptos no estádio do que o Benfica. O Caldas teve e por larga maioria. Conseguir jogar aqui e ter isso são duas vitórias grandes. Faltou aquela que era mais difícil, mas faltou apenas por uma questão de pormenor”, declarou no final da parte o técnico do Caldas.

Na opinião de José Vala, “merecemos o prolongamento e ir às grandes penalidades e se ganhássemos também acho que era justo”. “Esteve quase”, desabafou.

José Vala sublinhou que “o Benfica mostrou um grande respeito pelo Caldas, até pelas poucas alterações que fez”. “Isso para nós foi motivo de orgulho, ainda antes de começar o jogo”, referiu.

No seu entender, “ganhou o futebol”, deixando um agradecimento aos adeptos: “O público ia puxando por nós. As forças que fomos perdendo íamos ganhando de outra forma”.

A direção do clube estava satisfeita, apesar do resultado: “Na Mata Encantada escrevem-se histórias bonitas. As pessoas, os atletas numa simbiose perfeita que nos fazem viver o futebol como deve ser vivido: de festa, alegria, emoção e amor. Temos uma história na Taça de Portugal e hoje escrevemos mais uma página bonita no livro da prova rainha – na cidade da rainha e onde o Caldas é rei”.

“Caímos, mas caímos de pé”, concluiu a direção, numa mensagem aos adeptos.

Treinador do Benfica não está desapontado

“Não seríamos a primeira equipa a cair num início da Taça. Não estou desapontado. Respeito a prestação do adversário. Posso ver por outro lado: mostrámos atitude, pressionámos e tivemos concentração até final”, declarou o treinador Roger Schmidt.

Sobre o que falhou, sustentou que “jogámos muito para o lado, preocupámo-nos muito em controlar e não fomos tão proativos. Numa jogada, num contra-ataque, permitimos que eles marcassem”. O técnico considerou que “estivemos melhor na segunda parte. Não praticámos um futebol incrível mas não foi por falta de atitude”.

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