Pedro Machado destacou que a região Oeste, incluindo as Caldas da Rainha, possui condições únicas para captar turistas, como património cultural, natureza e experiências autênticas. Mencionou exemplos de iniciativas financiadas pelo programa Valorizar, que tem apoiado requalificações de mercados municipais, passadiços, ecopistas e centros de interpretação, criando novos pontos de interesse turístico. “A Praça da Fruta é um exemplo de como um mercado municipal pode ser um ponto de visita obrigatória para os turistas”, referiu.
Sublinhou o momento “extraordinário” que o turismo em Portugal atravessa: “Somos o 12.º país mais competitivo do mundo no setor turístico, arrecadando mais de 27 mil milhões de euros por ano. Em 2024, o país ultrapassou os 80 milhões de dormidas e recebeu mais de 30 milhões de hóspedes internacionais”. A previsão para 2025 é de um crescimento de 10% nas receitas e de 4% a 6% no fluxo de turistas.
O secretário de Estado destacou ainda a importância da sustentabilidade e da descarbonização, referindo que as preferências por destinos sustentáveis continuam a crescer. “Portugal posiciona-se como um dos destinos mais seguros e sustentáveis do mundo, o que atrai visitantes de mercados como Estados Unidos, Canadá, Polónia e Brasil”, explicou. Apontou também a importância crescente do enoturismo e do turismo de golfe, com Portugal recentemente reconhecido como melhor destino mundial nestes segmentos.
Apesar do otimismo, Pedro Machado alertou para desafios que o setor enfrenta, como a falta de mão de obra qualificada e a necessidade de maior execução dos fundos do PRR. Contudo, destacou o papel do Governo como facilitador da atividade económica, promovendo programas que incentivem a inovação e a sustentabilidade no turismo.
A conferência concluiu com uma nota de “otimismo moderado”, mas com a convicção de que o setor turístico nas Caldas da Rainha e na região Oeste tem potencial para crescer, consolidando a sua posição como destino de excelência em Portugal e no mundo.
Potencial turístico e criativo das Caldas
Nicola Henriques, mentor do projeto SILOS Contentor Criativo, que também foi um dos oradores da conferência, sublinhou o potencial do território enquanto polo turístico e criativo. Na sua intervenção, destacou a ligação entre turismo e paz, afirmando: “O turismo caminha de mãos dadas com a paz. Não há turismo em zonas de guerra”.
Referindo-se à singularidade das Caldas da Rainha, realçou a presença da Escola Superior de Artes e Design. Contudo, apontou a necessidade de melhor articulação e planeamento para potenciar produtos turísticos inovadores. “Falta-nos estruturar a oferta e definir objetivos claros para o território”, salientou.
Apresentou também o Bazar à Noite, um mercado de criativos realizado na Praça da Fruta, que evoluiu para um produto turístico diferenciado, promovendo experiências imersivas e de experimentação. “É preciso criar momentos e parcerias para alavancar o turismo e valorizar a nossa cidade”, concluiu.
A intervenção de Nicolau Henriques encerrou com uma visão ousada de transformar as Caldas da Rainha num hub regional de distribuição turística, enfatizando a importância de iniciativas colaborativas para construir um futuro turístico sustentável e inovador.
Mariana Calaça Baptista, especialista em turismo e ligada à organização do festival ART&TUR, disse que das iniciativas mais notáveis do festival é a “competição low cost, que atrai equipas audiovisuais para produzir filmes promocionais ou documentários sobre o destino anfitrião”. “Nós pagamos alojamento e alimentação, e as equipas competem com entusiasmo para conquistar o prémio,” explicou, reforçando o papel do ART&TUR como na promoção turística e cultural de Portugal.
Diálogo profundo e construtivo sobre os desafios das Caldas
No final da conferência, os participantes intervieram, promovendo um diálogo enriquecedor sobre os problemas das Caldas da Rainha e apresentando sugestões para dinamizar ainda mais a cidade.
Ana Sofia Cardoso, do CDS-PP das Caldas da Rainha e ligada ao setor do Alojamento Local, lamentou a escassez de informação turística nas Caldas e região. Como exemplo, relatou que um hóspede alojado na Foz do Arelho perguntou se era em Peniche que se podia comprar cerâmica, evidenciando a falta de orientação clara para os visitantes.
O empresário Emanuel Minez, ligado à restauração, criticou a concentração de festivais, concertos e eventos na época de verão, sublinhando que muitas vezes acontecem simultaneamente em diferentes concelhos, gerando sobreposição. Por outro lado, lamentou a ausência de iniciativas atrativas durante o outono e o inverno, o que deixa a região sem atividades para captar turistas em épocas de menor procura.
Por sua vez, a antiga vereadora Maria da Conceição manifestou preocupação com a instabilidade nas políticas de turismo, apontando que a estratégia turística muda sempre que há uma alteração no Governo. Também destacou a falta de um aeroporto como uma limitação significativa para o desenvolvimento da região.
O antigo presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, afirmou que a escolha de Alcochete para o novo aeroporto vai prejudicar a região Oeste, considerando que a distância acrescida em relação a Lisboa e o tempo perdido na travessia da ponte são desvantagens significativas. Durante a intervenção, questionou o secretário de Estado sobre a possibilidade de apoios financeiros para a construção de um novo balneário termal, sublinhando que o Município não tem capacidade financeira para assumir uma obra de 10 milhões de euros, essencial para dinamizar as termas das Caldas.
O também antigo presidente da autarquia, Tinta Ferreira, manifestou descontentamento com o abandono do projeto de requalificação do cais na Foz do Arelho. Lamentou ainda a falta de investimento no Hospital Termal e criticou a interrupção dos investimentos no corredor criativo, que incluía a Casa Amarela. Defendeu, como alternativa, a organização de dois ou três eventos de maior dimensão, em vez de múltiplos eventos que não conseguem atrair grandes públicos.
O vereador do PSD na Câmara das Caldas e deputado, Hugo Oliveira, expressou críticas, apontando a ausência de uma visão holística para a cidade. Destacou que a Praça da Fruta continua por requalificar e lamentou que um dos melhores restaurantes italianos do país esteja localizado na Praça 5 de Outubro, um espaço que, segundo ele, encontra-se degradado e apresenta um ambiente pouco convidativo.
O presidente da Câmara Municipal de Óbidos, Filipe Daniel, recordou que Caldas da Rainha é uma cidade de comércio e serviços, cuja força é essencial para Óbidos. Sublinhou a relevância de manter a segurança e afirmou que, por vezes, é necessário sair da ilha para observar a ilha e promover melhorias. Defendeu que Caldas da Rainha precisa de diferenciação e sugeriu que a temperatura mais fresca no verão pode ser aproveitada para atrair turistas que preferem destinos menos quentes. Aconselhou ainda a adoção de uma taxa turística, explicando que esta pode gerar receitas para o município realizar obras e que a cobrança de um euro não afastaria os visitantes.
Daniel Rebelo, presidente do PSD das Caldas, destacou as sete conferências realizadas pelo partido sobre temas fundamentais para o desenvolvimento do concelho. Referiu que será criado um caderno com várias propostas para o município, baseadas nas discussões das sessões, que abordaram áreas como saúde, agricultura, turismo, entre outras.