A Unidade Local de Saúde do Oeste (ULSO) informou que por carência de recursos humanos médicos, a Urgência de Pediatria da Unidade de Torres Vedras não estaria a funcionar entre as nove da manhã e as nove da noite, de 23 a 25 de dezembro. No período noturno (das nove da noite até às nove da manhã), a Urgência Pediátrica já estaria encerrada.
Foi solicitado que, em situações urgentes, quem precisasse se dirigisse à Urgência Pediátrica do Hospital das Caldas da Rainha, que integra a ULSO. Mas primeiro deveria contactar a Linha SNS 24 – 808 24 24 24 – e em situações de emergência o contacto devia ser feito diretamente para o 112.
Contudo, a Linha SNS 24 encaminhou uma criança, de cinco anos, para a Urgência Pediátrica do Hospital de Torres Vedras, no dia de natal, quando o serviço se encontrava fechado.
Vanda Almeida, mãe da criança, contou à SIC Notícias que no dia 23 o filho foi observado nos cuidados primários, depois de três dias com febre, tendo sido aconselhado a continuar a medicação e a voltar a ser visto por um profissional caso piorasse.
Os sintomas da criança agravaram-se no dia de natal e a mãe telefonou para a Linha SNS 24 e foi atendida uma hora e meia depois de ter telefonado. Após explicar o que se passava, recebeu uma mensagem de texto para levar o filho à Urgência Pediátrica do Hospital de Torres Vedras.
Apesar de ter lido uma informação da ULSO a dizer que estava indisponível, acabou por ir lá e, como seria de esperar, estava fechada e disseram-lhe que teria de se dirigir às Caldas da Rainha, a mais de quarenta quilómetros de distância, tal como aconteceu com outros pais com crianças.
A mãe, residente no Ameal, em Torres Vedras, guiou o seu carro até Caldas da Rainha para a criança ser atendida e uma pediatra confirmou que as dores eram provocadas por uma otite e uma inflamação na garganta.
O Hospital de Torres Vedras garantiu à SIC que a informação da Linha SNS 24 foi enviada para os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, garantiu ter sido aberta uma auditoria interna pelos SPMS, que gerem a Linha SNS 24, para esclarecer os detalhes do caso.
“Mas gostava muito de transmitir à população que não perca, de maneira nenhuma, a confiança no SNS 24, porque ele, maioritariamente, está a funcionar muito bem”, referiu.
Patrícia Januário, mãe de uma menina de cinco anos, contou que a filha ficou doente e depois de meia hora à espera, na Linha SNS 24 “encaminharam-me para o centro de saúde, sem médicos e sem alternativas, para no final me dizerem que não podiam encaminhar para outro local e que a alternativa seria escrever no livro de reclamações”.
“A minha filha não foi atendida nem me arranjaram solução”, lamentou.
Outras pessoas têm-se queixado da demora no atendimento telefónico, com necessidade de várias tentativas ao longo de meia hora ou mais até que a chamada seja estabelecida.
O Conselho de Administração da ULSO explicou que no dia 23 de dezembro “foi carregada a informação na plataforma relativa aos períodos de funcionamento da Urgência, havendo agora necessidade de perceber que procedimentos terão que ser melhorados por forma a assegurar a redundância da informação carregada nas plataformas oficiais”.
A ULSO encontra-se a averiguar sobre os acontecimentos do passado feriado, pela necessidade de perceber os factos ocorridos, e realça que o seu foco é na prestação da adequada assistência médica, em tempo útil.
“Lamentando os incómodos causados, importará apurar o que motivou a falha de comunicação e mantemos a total confiança nos profissionais de saúde do SNS que se têm dedicado à melhoria do funcionamento dos serviços de Urgência, possibilitando que os períodos de encerramento sejam pontuais e reduzidos ao estritamente necessário e, que o atendimento e encaminhamento seja o adequado à situação clínica de cada pessoa”, manifestou a ULSO.
Os SPMS transmitiram em comunicado que houve “um registo inadequado de informação na plataforma SDM@SNS, por um dos interlocutores nomeados pela ULS [Unidade Local de Saúde] Oeste, não obstante a formação dos utilizadores da plataforma e do alerta específico relativo à respetiva parametrização nos dias feriados, por parte da equipa dos SPMS”.
Entretanto, um erro ocorrido no site do SNS é a referência à Urgência Pediátrica de Peniche, que não existe.