Depois de uma década afastado da política para desenvolver os projetos empresariais, o cabeça-de-lista da AD por Leiria não negou que poderá ser convidado a fazer parte do Governo mas esclarece que foi “o primeiro eleito dos dez do distrito” e pretende “cumprir o mandato como deputado e ajudar Leiria a ter mais voz política e ajudar nos projetos estruturantes e disponibilizar-me a todos os atores que defendem o território com projetos sejam eles empresariais sejam eles a partir das autarquias, sejam instituições”.
“O meu compromisso é de lutar por mais investimento público para Leiria”, vincou. Garantiu que não foi candidato a pensar na possibilidade de fazer parte do Governo, afirmando que o que interessa agora tomar posse como deputado.
Quanto ao resultado da AD no distrito, Telmo Faria disse que os eleitores do distrito de Leiria “há dois anos deram uma oportunidade ao Partido Socialista, confiando-lhe 84 mil votos e agora reduziram para 61 mil votos, que é uma descida assinalável e que revela que estavam insatisfeitos com a sua governação”. “A AD passa de 81 mil votos para 96 mil e se acrescentarmos os votos da Iniciativa Liberal, que foram cerca de 15.400, então temos uma maioria de direita moderada centrista muito expressiva, o que nos traz uma responsabilidade acrescida”, adiantou.
“Tínhamos quatro deputados, passámos para cinco e o PS que tinha cinco passou para três e perde dois mandatos para a AD e o Chega”, contou.
“O voto de mais protesto foi votar no Chega, onde temos uma expressiva maioria sociológica de direita”, referiu.
Para que haja mais estabilidade na governação da AD, Telmo Faria diz que vão “ter que lutar muito e ter atenção a muitas medidas que são caras aos eleitores, seja do PS seja do Chega, e tentar construir num clima de diálogo com essas forças políticas para que a proposta através de um Governo minoritário dê estabilidade ao país”.
“Nós não vamos pedir que o PS aprove um orçamento da AD, mas pode viabilizar depois de olhar para o documento”, declarou. Recordou que no passado houve Governos minoritários que duraram os quatro anos.
No entanto, considera muito preocupante que o líder da oposição, Pedro Nuno Santos, na noite das eleições, tenha prometido o voto contra sem conhecer a proposta do Orçamento do Estado. “Vamos imaginar que a AD consagra uma série de medidas que o Partido Socialista vem a defender”, questionou o candidato eleito, acrescentando que Pedro Nuno Santos foi dizer “não interessa o que bom possam trazer para o país, se vier da vossa iniciativa estamos contra”.
Telmo Faria lamentou essas declarações, referindo que também André Ventura disse na noite das eleições que não saberá se “vai haver eleições daqui a seis meses”.
Defende que o PS e o Chega em conjunto com a AD “deem o seu contributo para a estabilidade do país porque não vamos conseguir executar da melhor maneira os fundos comunitários que temos consignados ao país e não vamos conseguir lançar reformas estruturantes que precisamos em várias áreas que foram identificadas na campanha eleitoral”.
Na Assembleia da República como deputado a sua primeira prioridade relativamente ao distrito de Leiria vai ser “trabalhar com o Governo no sentido de dar uma resposta à área que mais preocupa os portugueses, que é a saúde”.
“O líder do PSD destacou na campanha eleitoral um programa de emergência para a saúde ser feito nos próximos 60 dias, então vamos colocar essa questão como uma prioridade, porque há muitas pessoas a sofrer com a falta de respostas”, relatou.
“Quero saber qual o estado do Hospital do Oeste e quero saber também como podemos acelerar o investimento público na Linha do Oeste, que está desaproveitada há décadas”, adiantou.
Na campanha eleitoral Telmo Faria disse que não era a altura certa para discutir ou definir localizações exatas para o novo Hospital do Oeste. Agora que é deputado eleito pelo distrito diz que quer “conhecer o processo e saber o estado exato sobre este assunto e qual o modelo que existe para o novo equipamento”, para poderem “estudar todo o processo, não colocando para trás a localização”. Frisou que o anterior Governo “não dotou financeiramente esse anúncio no orçamento para 2024, o que revela que a verdadeira intenção do PS não é dar prioridade a este investimento”.