emissão em direto

Jornadas pedagógicas do Agrupamento de Escolas Raul Proença

Encontrar o equilíbrio no uso da tecnologia na sala de aula

“Não ignorar que a tecnologia chegou para ficar, mas não é pelo facto de eu a utilizar na sala de aula que vou fazer de mim um professor inovador”, disse Marco Bento, professor na Escola Superior de Educação de Coimbra, acrescentando que o digital “deve ser usado como qualquer outro recurso, na medida que eu estou acima de tudo a cumprir o meu objetivo, que é que aconteça a aprendizagem”.

Jornadas pedagógicas do Agrupamento de Escolas Raul Proença

“Não ignorar que a tecnologia chegou para ficar, mas não é pelo facto de eu a utilizar na sala de aula que vou fazer de mim um professor inovador”, disse Marco Bento, professor na Escola Superior de Educação de Coimbra, acrescentando que o digital “deve ser usado como qualquer outro recurso, na medida que eu estou acima de tudo a cumprir o meu objetivo, que é que aconteça a aprendizagem”.

A partir dessa certeza, começa-se a delinear o que pode ser feito em sala de aula para que a “aprendizagem aconteça tendo como recurso não só novas ferramentas digitais, mas uma nova forma de ensinar e aprender”.

Marco Bento, que é investigador em Tecnologia Educativa na Universidade do Minho, foi um dos oradores convidados das segundas jornadas pedagógicas do Agrupamento de Escolas Raul Proença, que decorreu no dia 12 de setembro, no auditório dos Pimpões, nas Caldas da Rainha.

Este docente, que falou sobre os fatores críticos no uso do digital na educação, defende que as “novas tecnologias na sala de aula não devem servir para motivar os alunos, mas sim porque permite em algumas circunstâncias ir mais fundo e mais longe e que os estudantes aprendam mais e melhor”. 

Marco Bento recordou que as novas tecnologias vieram dar resposta à “eficácia da nossa vida e é por isso que as utilizamos” e defende que o professor deve ter “liberdade e flexibilidade e aproveitar, se quiser, o que o digital pode trazer para a sala de aula”.

“O conteúdo, a forma como se faz, o espaço onde se faz, o tempo que nós na realidade dedicamos a fazê-lo, aquilo que é o papel do professor, mas aquilo que também é o papel do aluno e a questão da família”, são para este docente os sete aspetos a serem considerados.

A mensagem principal de Marco Bento “é que a abordagem pedagógica que temos que fazer, independentemente de ser com digital ou sem digital, é que ela seja diferenciada”.

De acordo com o investigador, a palavra-chave é “encontrar o equilíbrio e dar o poder a quem na realidade sabe fazê-lo, que são os professores”.

Por outro lado, disse também que há muitos docentes que querem “fazer diferente e inovar, mas sentem-se sozinhos sem o suporte das direções das escolas e sem o apoio dos pais, porque as famílias estão à espera que aconteça na escola da mesma forma como foram ensinados”. 

Marco Bento referiu que já se fala de tecnologia há um século, desde o aparecimento do vídeo e que a pandemia só “trouxe à vista a nu de forma mais generalizada o que já se discutia há anos”. “Ouvimos falar muitas vezes de excelentes escolas na Finlândia e Singapura, quando em Portugal também existem, mas não têm tido o espaço para serem divulgadas”, declarou, apontando que “também temos professores altamente inovadores e que não são reconhecidos”.

“O que precisamos é que os próprios alunos sejam o palco e que criem e produzam aquilo que vão aprender, sejam em textos, vídeos ou imagens”, salientou.

“É preciso competir com a fixação que os alunos têm com os ecrãs”

“E se conversássemos? Hospitalidade e vizinhança em educação” foi o título do evento, que teve o apoio do Centro de Formação de Associações de Escolas Centro-Oeste.

“O que está em causa neste encontro é nós falarmos sobre educação e mostrarmos formas diferentes de fazer acontecer”, disse o diretor do agrupamento, João Silva, acrescentando que é preciso “refletir sobre aquilo que fazemos, sobre o que os nossos vizinhos fazem e a partir daí encontrarmos outras ferramentas e soluções para ir ao encontro de outras necessidades dos nossos alunos”.

Para este responsável, o importante é abrir “horizontes e ver como se faz noutras escolas, mas também com outros professores do nosso agrupamento e partir daí ter aquela curiosidade de experimentar e perceber se isso vai facilitar o meu trabalho”.

João Silva considera que há novos desafios na escola e o mais importante é “competir com a fixação que os alunos têm com os ecrãs”. “Queremos um agrupamento cativante para os alunos e criar-lhes desafios diferentes”, afirmou.

A sessão de abertura contou com a intervenção do presidente da câmara das Caldas, Vitor Marques, que destacou um dos lemas das jornadas que é “Caminhamos Juntos”, revelando que é “assim que o município quer fazer com os agrupamentos do concelho”. Lamentou o facto de os docentes por vezes não serem “tão bem tratados” quando têm “um papel fundamental na formação dos nossos jovens”.  

Cerca de 250 docentes do quadro e também novos docentes contratados do Agrupamento de Escolas Raul Proença desde o pré-escolar ao secundário estiveram reunidos no auditório dos Pimpões. Um contributo para a promoção do sucesso escolar, adaptando os métodos de ensino à atualidade dos alunos. 

A primeira edição das jornadas pedagógicas decorreu em 2019 e devido à pandemia só foi possível realizar a segunda este ano. O objetivo é criar um evento anual cheio de mensagens, onde a inovação e autonomia são as palavras-chave para tornar a aula mais interessante, para que os alunos estejam motivados e consigam alcançar objetivos positivos.

“Precisamos de alguém que nos inspire a dar aquele passo mais além”

Rui Correia, docente na Escola Básica de Santo Onofre, que foi em 2019 eleito o melhor professor do país, voltou a organizar e coordenar as jornadas. Sublinhou que o intuito é “ir à procura de tudo o que é realmente importante e que pode fazer a diferença nas nossas aulas”.

Criticou o pensamento que ainda existe de alguns docentes que consideram que aquela escola “tem aquilo que a minha não tem”. Com estas jornadas pretende “oxigenar” esse ambiente e “assumir abertamente e tranquilamente que há quem faça melhor que nós e que possam ser inspiradoras para nós”.

De acordo com Rui Correia, o que “importa saber é a forma de podermos ser mais profissionais na nossa profissão e garantir que conseguimos ajudar os jovens a construir o seu próprio futuro e que não fiquem colocados de lado”.

Considera que há no país “projetos e professores a fazer coisas extraordinárias”.

Revelou ainda que também é preciso olhar para os bons exemplos que estão a acontecer no Agrupamento de Escolas Raul Proença. “Por vezes estamos à procura do ouro lá fora considerando que a prata da casa não é suficientemente brilhante e normalmente é”, declarou, acrescentando que “a melhor coisa que nos pode acontecer é termos alguém ao nosso lado que é melhor que nós e que nos inspire a dar aquele passo mais além”.

raul 2
Rui Correia foi o organizador das jornadas pedagógicas

Últimas Notícias

Livro de Inês Sofia “O segundo lado da perfeição” alerta para romances tóxicos

“O segundo lado da perfeição” é como se designa o livro da jovem Inês Sofia que foi lançado no passado dia 7 na Escola Básica e Secundária Fernão do Pó, no Bombarral.
É o segundo livro da autora, de 19 anos, e é uma história de amor entre dois adolescentes. “É sobre um relacionamento abusivo. Os seus sinais, a forma como se expressa, a maneira como se faz sentir, e, principalmente, a culpa com que as vítimas ficam”, contou.

Os Golpe lançaram novo álbum “Terra do Diabo”

O grupo musical Golpe lançou um novo álbum, intitulado “Terra do Diabo”. O quinteto é da Benedita, mas tem dois elementos que são das Caldas da Rainha.
Da banda fazem parte Carlos Marques (voz, baixo e guitarra acústica), Samuel Lucas (guitarra e back vocals), João Carlos (teclados) e os músicos das Caldas da Rainha, Luís Agostinho (teclados) e Louie Russo (bateria e back vocals).

“Mural dos afetos” dá as boas-vindas a quem chega à cidade

A imagem de uma mãe abraçada à filha embeleza a fachada de um edifício na Rua General Amílcar Mota, na entrada sul da cidade. Trata-se de um mural de arte urbana, da autoria de Daniel Eime, que identifica Caldas da Rainha como uma cidade que há uma dezena de anos faz parte do Movimento Cidade dos Afetos.