Entre Lourinhã e Caldas da Rainha

Marcha lenta de trator juntou 150 agricultores em defesa do setor

Uma marcha lenta de tratores em defesa do setor agrícola realizou-se na passada quarta-feira entre a Lourinhã e as Caldas da Rainha, tendo mais de 150 agricultores estado presentes na entrega de um caderno reivindicativo ao diretor regional de agricultura, Lacerda Fonseca, queixando-se que estão a vender abaixo dos custos de produção.

Entre Lourinhã e Caldas da Rainha

Uma marcha lenta de tratores em defesa do setor agrícola realizou-se na passada quarta-feira entre a Lourinhã e as Caldas da Rainha, tendo mais de 150 agricultores estado presentes na entrega de um caderno reivindicativo ao diretor regional de agricultura, Lacerda Fonseca, queixando-se que estão a vender abaixo dos custos de produção.

Devagar e a buzinar, assim foi a marcha de tratores ao longo de mais de 40 quilómetros entre o Largo da Feira, na Lourinhã, até à delegação do Oeste da Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, nas Caldas da Rainha, com paragens em Atouguia da Baleia, em Peniche, e em Óbidos, entre as oito da manhã e a uma da tarde.

O protesto deveu-se sobretudo a um problema – o aumento dos custos de produção – adubos, pesticidas, combustíveis e eletricidade – o que faz com que não seja rentável ser agricultor, sustentaram os participantes nesta organização da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste, Louricoop – Cooperativa de Apoio e Serviços do Concelho de Lourinhã, Adega Cooperativa da Lourinhã e Coopeniche – Cooperativa Agrícola de Peniche.

Pretendeu-se “sensibilizar a opinião pública para a real situação do setor”. De acordo com a organização, “os custos com os fatores de produção aumentaram fortemente no segundo semestre de 2021, continuando a escalada neste primeiro trimestre de 2022”.

No caso dos adubos e correctivos, registou-se um aumento dos índices de preços em mais 166,5% no último ano, aponta, indicando um aumento de 28,7% nos gastos com energia e lubrificantes. O consumo de energia foi maior em consequência do estado de seca extrema. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, fevereiro de 2022 foi o terceiro mês mais seco desde 1931 (só superado em 1934 e 2012). “Dada a maior concentração da oferta, por motivos climatéricos, verificou-se um aumento da necessidade de conservação por refrigeração, traduzindo-se no aumento do consumo de energia”, referem os agricultores.

Por outro lado, em relação aos combustíveis, neste primeiro trimestre de 2022 o gasóleo simples aumentou 33% (equivalente a cerca de 50 cêntimos por litro) e o gasóleo verde aumentou 43% (equivalente a 48 cêntimos por litro). “Estes aumentos afetam diretamente a produção, uma vez que o gasóleo verde é essencial às atividades inerentes da produção, com destaque às operações culturais mecanizadas e à rega, enquanto o gasóleo rodoviário afeta todas as atividades logísticas do setor”, sublinham.

Outra preocupação está nos custos dos materiais de embalagem. Neste momento existem diversos casos em que a embalagem custa mais do que o produto nela contido, fazem notar.

Perante estas circunstâncias, “seria de esperar que os preços pagos ao produtor acompanhassem a tendência de aumento. No entanto, apresentaram, em janeiro de 2022, variações negativas nos índices de preços dos hortícolas frescos (-25,6%) e batata (-20,3%), enquanto no mês de fevereiro de 2022, verificaram-se variações negativas nos índices de preços da batata (-21,2%) e hortícolas frescos (-0,5%), e em março de 2022 registaram-se novas variações negativas nos índices de preços da batata (-13,9%) e hortícolas frescos (-7,8%)”.

Entre as medidas do caderno de reivindicações constam a exigência de gasóleo agrícola com isenção de ISP e IVA na mesma proporção do praticado no gasóleo utilizado nas pescas, apoios ao consumo de eletricidade, a construção de infraestruturas que garantam o armazenamento de água para o regadio da região Oeste, a justa distribuição dos valores ao produtor e medidas imediatas de apoio financeiro ao setor que não passem por adiantamentos ou linhas de crédito.

O preço ao produtor é uma das principais preocupações. “É imperativo que a PARCA – Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar seja reativada, e que para além de elaborar documentos, como o Código de Boas Práticas Comerciais para a Cadeia de Abastecimento Agroalimentar, seja garantida a sua aplicabilidade, de modo a existir uma justa distribuição dos valores em toda a cadeia”, defendem os agricultores.

A marcha lenta surgiu assim “na sequência de dois anos difíceis para o setor, com os aumentos na energia, combustíveis e nos fatores de produção, e a dificuldade de os agricultores conseguirem refletir esses aumentos nos preços de venda dos produtos, um problema transversal a todas as culturas e a todo o país”, explicou Sérgio Ferreira, presidente da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste.

Para João Luís, presidente da Coopeniche, “tem de haver uma mudança perante a não valorização do produto à saída”, caso contrário “os agricultores vão passar por grandes dificuldades”.

“Neste momento os agricultores não têm condições para continuar. São custos muito elevados e não compensa desempenhar a atividade”, comentou Vítor Santos.

“O consumidor está a pagar muito caro os produtos mas nós estamos a receber pouco dinheiro. As grandes superfícies estão a ganhar muito e não os agricultores, que têm mais gastos com a produção quando vendem ao mesmo preço do que no ano anterior”, vincou Carlos Mota.

“A base maior de lucro fica nas grandes superfícies. As pessoas têm uma ideia diferente mas o consumidor anda a pagar fruta a mais de dois euros e o produtor vende apenas a trinta cêntimos”, alertou Vítor Daniel.

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