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Open Days do Emprego revela que “faltam pessoas para trabalhar”

Célia Roque, diretora do Centro de Emprego de Oeste Norte (que abrange sete concelhos), considerou no Open Days do Emprego, que decorreu na Expoeste, nas Caldas da Rainha, que um dos fatores mais críticos da região é a “falta de pessoas para trabalhar”.

Célia Roque, diretora do Centro de Emprego de Oeste Norte (que abrange sete concelhos), considerou no Open Days do Emprego, que decorreu na Expoeste, nas Caldas da Rainha, que um dos fatores mais críticos da região é a “falta de pessoas para trabalhar”.

“É um problema transversal a todos os setores, com um agravamento na restauração e geriatria”, apontou, revelando que “existem empresas desesperadas a dizer que se não arranjarem recursos humanos terão que fechar as portas”.

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Entrevista na empresa Mercadona

Para ultrapassar a falta de mão de obra, a responsável referiu que “do lado das empresas é preciso valorizar as pessoas e profissões”. Deu o exemplo de empresas que “ligam para o Centro de Emprego a solicitar arquitetos e cozinheiros de primeira categoria e propõem-se a pagar até 850 euros mensais e por vezes o ordenado mínimo, quando no estrangeiro ganham 2500 euros mensais”, revelando que assim é “muito difícil recrutar pessoas com qualidade e qualificação”.

A diretora do Centro de Emprego de Oeste Norte relatou que o setor do alojamento e restauração “perdeu trabalhadores” nos últimos anos, devido aos efeitos da pandemia de Covid-19 no turismo, indicando que foram trabalhar para a indústria e não querem regressar porque “na restauração ganham o mesmo e têm que trabalhar à noite e aos fins de semana”.

Além do fator salarial, Célia Roque destacou que é importante, “atrair talento criando ambientes felizes no trabalho, como outras regalias que podem fazer a diferença, como por exemplo, trabalhar um dia por semana em casa”.

A responsável revelou ainda que o Centro de Emprego de Oeste Norte é na zona centro o que tem mais pessoas com deficiência integradas no mercado de trabalho. Têm cerca de 300 pessoas com deficiência a trabalhar.

Empresas estão a contratar

Cerca de 500 desempregados estiveram presentes nos dias 23 e 24 de junho no Open Days Emprego, dinamizado pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, CLDS 4G da Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha e AIRO (Associação Empresarial da Região Oeste).

A Molde (empresa de cerâmica), Frutas Classe (comércio de frutas), grupo Visabeira (detém fábrica Rafael Bordalo Pinheiro) e Mercadona (cadeia espanhola que vai abrir supermercado nas Caldas) fizeram uma apresentação do processo de recrutamento e no final realizaram várias entrevistas aos desempregados presentes.

No átrio da entrada da Expoeste também estiveram outras empresas das Caldas e região a contratar.

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, Fábio Vieira, dos recursos humanos da Mercadona, disse que vão abrir o supermercado nas Caldas em novembro e encontram-se a recrutar pessoas pagando no início um salário base de 931 euros e que todos os trabalhadores “são tratados com igualdade e equidade”. “A nossa principal dificuldade não é o recrutamento, mas sim o facto de as pessoas terem que se deslocar para a zona norte três meses fazer formação”, revelou, acrescentando que “apesar da deslocação ser totalmente paga a maioria das pessoas não tem essa disponibilidade”. Precisam de 70 funcionários para trabalhar no novo supermercado.

Rui Nunes, diretor financeiro da Molde Faianças, declarou que desde 2021 já recrutaram 50 trabalhadores e que o objetivo é reforçar o quadro de pessoal operador, formar quadros intermédios e transmitir o know-how. Falou das regalias e prémios que dão aos trabalhadores. 

Ana Silva, da Frutas Classe, empresa no setor de comercialização e produção hortofrutícola, afirmou que se encontram a recrutar para reforçar a sua equipa também para o setor de embalamento.

Para Joana Lopes, do Grupo Visabeira, “as pessoas são a chave do sucesso, por isso acreditamos numa cultura profissional dinâmica e enriquecedora, apostando numa constante evolução individual e das equipas”. Precisam de operadores para a Atlantis e Fábrica Rafael Bordalo Pinheiro. Revelou ainda que estão a recrutar para novo Montebelo Mosteiro de Alcobaça, onde precisam de colaboradores para todos os setores, inclusive de diretor para a unidade.

O problema transversal da falta de mão-de-obra

Sérgio Félix, secretário-geral da AIRO, disse ao JORNAL DAS CALDAS que a falta de mão de obra é um problema do país e que já identificaram no plano estratégico da AIRO do ano passado. “É preciso criar formas dos empresários repensarem a gestão e retenção dos recursos e ainda a forma de contratação”, sublinhou.

O responsável revelou que diariamente os empresários associados de diversas áreas contactam a AIRO porque “têm encomendas e não têm trabalhadores”.

Indicou que também há necessidade de quadros técnicos qualificados médios e superiores. “Estamos a identificar as qualificações e ofertas formativas da região e reposicioná-las no sentido de dar resposta às empresas”, apontou, revelando que as necessidades são em todos os setores.

O responsável considera que o mote vai ser “termos empresas mais felizes para cativar as pessoas”.

No seu entender, há outros desafios, como por exemplo trabalhar com os municípios, porque “atraindo pessoas para trabalhar é preciso habitação“.

O secretário-geral da AIRO, declarou ainda que em outubro ou novembro irão realizar outra ação de “Open Days do Emprego de maior dimensão, com o intuito de ajudar as empresas a contratar.

No próximo mês vão iniciar um conjunto de ações e campanhas para atrair pessoas para o cluster da cutelaria e também arranjar um grupo de jovens a iniciar formação nesta área que está em crescimento.

“Neste momento não há razão para as pessoas estarem desempregadas com tanta oferta de emprego”, disse a diretora do Centro de Emprego.

O presidente da Câmara, Vitor Marques, que esteve presente na iniciativa, considerou-a uma forma de “mostrar as oportunidades que existem no mercado de trabalho nas Caldas e na região”. Reconheceu que há uma carência muito grande de mão de obra e que “há que criar sinergias para colmatar a falta de pessoas para trabalhar”. 

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