Um padre que desempenhou funções nas Caldas da Rainha e que apresentou uma denúncia ao Ministério Público e à Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, viu o Tribunal Patriarcal de Lisboa considerar que proferiu afirmações “difamatórias e caluniosas”, condenando-a um castigo que rejeita aceitar.
Joaquim Nazaré tinha revelado o caso de um jovem catequista alegadamente abusado por um sacerdote, em 1994, na paróquia do Senhor dos Aflitos, na Cruz Quebrada, e que se suicidou em 1997. O padre visado nunca foi condenado por um tribunal civil ou religioso e considerou que foi difamado na imprensa.
O padre das Caldas da Rainha, de 65 anos, continua a alegar não ter dúvidas sobre o que denunciou, mas para o tribunal eclesiástico, a acusação feita um sacerdote membro da diocese de Lisboa, atualmente em funções em França, provocou uma “lesão ilegítima de boa fama”, segundo o jornal Expresso.
Por isso, condenou-o a pedir desculpas “pessoalmente” a um dos visados e também “publicamente, através dos canais diocesanos”, e a doar um salário – cerca de 900 euros – para o fundo do clero.
Enquanto não cumprir, está “proibido de exercer no território do Patriarcado de Lisboa qualquer ofício público, especialmente o de pároco”.
Mas isso não preocupa Joaquim Nazaré, que já deixou as funções de pároco há um ano (a última foi na Igreja Paroquial Nossa Senhora dos Mártires da Serra do Bouro, nas Caldas da Rainha). Atualmente está apenas a ajudar ocasionalmente os sacerdotes e também na Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha.
Entende que a decisão do tribunal não tem fundamento e recusa-se a pedir desculpa e a doar salário ao clero.