A grande novidade, para além da certeza de que o livro é uma boa oferta para o natal, foi mesmo a forma humorística com que o ex-líder do PS abordou esta sessão, brincando com o teor da obra e discordando de vários dos seus elementos, desde o facto de não dar para clicar para mudar de página às diversas temáticas que aborda.
O livro acaba por ser uma grande provocação, para o debate, reunindo 50 temas polémicos que dividem as pessoas em barricadas. Aborto, touradas, nudismo, religião e pena de morte são alguns dos temas tratados, de uma forma isenta.
A apresentação fez-se também da discórdia, mas de uma forma saudável, mas não deixando de serem apontadas críticas à forma como atualmente as discussões fazem-se com as pessoas entrincheiradas nas suas “verdades absolutas”.
Por isso, o ex-ministro acha que ter coragem é conseguir concordar com alguém que tem uma opinião diferente. “Para conseguirmos encontrar as soluções para as pessoas viverem melhor no nosso país, temos que, de vez em quando, concordarmos uns com os outros”, considera.
António José Seguro foi convidado para a apresentação, que decorreu a 1 de dezembro no Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha, antes da sua entrevista para a CNN Portugal, que o colocou de novo sob os holofotes da política nacional.
Perante os jornalistas das televisões que apareceram no CCC, António José Seguro foi perentório em dizer que, sobre esse assunto, nada tinha para declarar. Questionado pelo JORNAL DAS CALDAS numa curta sessão final de perguntas, sobre se o livro “Pelo Contrário” seria um bom manual para os candidatos à presidência da República, foi bastante vago na resposta e deixou no ar apenas a frase “estou a ponderar”.
António José Seguro deixou uma série de recomendações de alteração dos títulos do livro para uma segunda versão.
A propósito do subtítulo do livro, que copia uma expressão de Cristiano Ronaldo no campeonato europeu de 2016, António Nabais salientou que o futebol é um exemplo de como um tema pode tornar qualquer pessoa num “grunho” e deixar de usar a razão.
O professor abordou também a questão das “fake news” e a forma como são um desafio para as gerações atuais, sendo importante aprender a debater para desmistificar as mentiras.
Rui Correia explicou que considera que as pessoas têm medo de discutir algum tema porque acham sempre que têm de ter um argumento melhor do que a outra pessoa e não estão dispostas a mudar de opinião. “As pessoas leem dois ou três textos e a acham que têm uma capacidade mágica em ser especialistas num tema”, comentou. “Há uma pandemia de certezas absolutas”, acrescentou.
Quanto ao livro, “serve para demonstrar que há sempre mais do que dois lados de uma moeda e esta até pode cair de pé”. Para o professor, até é bom que alguém tenha melhores argumentos sobre um tema e ainda mais especial é poder estar com pessoas “que sabem mais do que nós”.
António Nabais e Rui Correia são também autores da coleção “Contos arrepiantes da História de Portugal”. Rui Correia leciona na EB de Santo Onofre e recebeu o “Global Teacher Prize Portugal” (professor do ano em 2019).