O documento, que apresenta 24 ações para a constituição do Parque das Termas, prevê entre elas a refuncionalização do Hospital Termal, a construção de um novo balneário, reabilitação dos Pavilhões do Parque para Hotel-Spa, dinamização do Centro de Artes, renovação do Museu de Cerâmica e reabilitação do Jardim da Água.
O estudo, que aconselha a candidatura do conjunto termal a Património da Humanidade da UNESCO, defende ainda a instalação de um Parque Botânico.
“Atualmente, o Parque D. Carlos I é promovido e entendido como o parque da cidade e os restantes vistos como espaços diferentes, separados uns dos outros”, referiu Bruno Soares, revelando que o desafio é o de “identificar estes espaços como uma entidade urbana única, constituindo um grande parque urbano que integra 40 hectares de espaços verdes”. “Nestas circunstâncias, Caldas da Rainha poderá apresentar e promover um grande parque, no centro da cidade, que constitui uma centralidade urbana de cultura, saúde e bem-estar, caraterísticas estas raras nas cidades médias portuguesas, pela dimensão e pelos conteúdos que proporciona, a qual reforçará, também, a sua capacidade de atração turística na região do Oeste”, apontou o arquiteto que coordenou o Masterplan.
“Pelo estudo que fizemos não há nenhuma cidade média em Portugal que tenha no seu centro um parque desta dimensão, com 30 hectares de espaço verde público, que pode chegar aos 40 hectares se a Quinta da Boneca também for integrada”, referiu, adiantando que tem ainda dentro da área um conjunto de “sete museus ligados à escultura, pintura e cerâmica e um valor histórico da própria cidade que ali nasceu”.
Bruno Soares destacou a importância da construção de um novo balneário e da reabilitação dos Pavilhões do Parque para um hotel de 5 estrelas: “Estão no centro deste grande parque e fazem uma estância termal que pensamos que será competitiva e que se distanciará de muitas outras no país”.
De acordo com o Masterplan, o novo balneário deverá ser construído em terreno da compostagem de resíduos vegetais da Mata e na Quinta da Boneca.
A área do atual Centro Hospitalar do Oeste (CHO) também foi considerada como hipótese para localização do balneário, devido à transferência anunciada dessa unidade para novo local.
O documento refere que o equipamento deve ser implementado num terreno entre os 2.000 m2 e os 4.500 m2, suficientes para acolher programas diversificados como piscina termal com hidromassagem, banheiras de hidromassagem, duche vichy, hidropressoterapia, ginásio, técnicas de massagens e tratamentos de estética.
O arquiteto referiu ainda que as ações “vão demorar tempo, pelo que é preciso que haja persistência em relação às linhas que são propostas, sendo que ao longo do tempo alguns dos processos terão de ser ajustados”.
No final o autor do Masterplan disse que estão “fartos de planos quem vão para a gaveta e que servem para pouco”, salientando que fizeram “o trabalho ao longo de dois anos com o esforço de construir um documento de apoio às decisões políticas, mas que tenha um quadro e condições para ser efetivado”.
“Em termos de perspetiva de futuro, além da história e cultura que transmite, as condições de utilização social e de atração de visitantes, o parque pode ser um elemento de equilíbrio da cidade e deste território”, concluiu Bruno Soares.
Um projeto para se fazer em vários anos
O presidente da autarquia Vitor Marques destacou o relatório final da estratégia municipal de intervenção para a constituição do Parque das Termas das Caldas da Rainha, uma vez que nas Grandes Opções do Plano 2022-2027 a Câmara estabeleceu como linha orientadora a constituição da Área Termal como “âncora do desenvolvimento da cidade, na perspetiva de contribuir para um território mais competitivo, sustentável e atrativo”.
Revelou não ser um plano para se fazer num mandato, mas sim “um projeto para vários anos” e que há um conjunto de coisas que estão a fazer para iniciar o plano, como por exemplo trabalhar no projeto de mobilidade, para que “os circuitos possam ser alterados”.
Segundo o autarca é necessário “combater o desnível entre a mata e o próprio parque e isso consegue-se através de passadiços e fazer-se uma ligação adequada entre todo o território”, apontou.
O autarca indicou que o Quadro Comunitário Portugal 2030 “ainda não foi fechado com os municípios e haverá um pacote interessante para podermos investir naquilo que são algumas das fichas deste Masterplan, nem que tenhamos que ir diretamente a Bruxelas”. “É um momento único que temos à nossa frente e temos que saber aproveitar”, afirmou.
Relatou que já houve um crescimento no termalismo de 58% no primeiro trimestre deste ano em relação ao ano passado, mas considera que “é muito pouco”. “A nossa capacidade instalada é para cerca de 2 mil aquistas e aquilo que temos que trabalhar é para mais de 20 mil, que será o futuro da economia do nosso concelho”, contou.
Quanto à recuperação dos Pavilhões do Parque Vitor Marques disse que a Visabeira, a quem se fez a concessão do espaço, é o responsável pelo mesmo desde 2017. “Neste período de tempo já houve quatro focos de incêndio, onde um foi mais significativo. Fomos sempre tapando as entradas que algumas pessoas iam abrindo”, referiu, acrescentando que as obras para a “requalificação do telhado que ardeu vão iniciar segundo aquilo que é o projeto da obra”. “O intuito é construir o telhado já a pensar naquilo que é projeto do próprio hotel”, afirmou, esperando que seja um trabalho de continuidade.
O autarca revelou ainda que estão a trabalhar na promoção de fontes de energia alternativa e a eficiência energética, nomeadamente na área da geotermia.
Vitor Marques disse que a Marca Caldas da Rainha é forte mas “não temos tido a capacidade de a saber vender, mas ela tem peso e já existe”. “A visão que temos é que o Masterplan será o futuro da cidade e do concelho”, declarou.
Falta o plano financeiro
O deputado Municipal do PS, Jaime Neto, disse que é importante desenvolver a capacidade de “atração da cidade e concelho” e que o património do Parque, Mata e Quinta da Boneca faz sentido estar ligado e que deve ser concretizado nos próximos anos”.
Paulo Espírito Santo, do PSD, considerou que o Masterplan tem uma falha relativamente a um “plano financeiro para ver como vamos executar tudo isto, que presumo que já foi pedido”. “Só com esse plano financeiro é que podemos ter este documento fechado, mais a forma como o poderemos executar”, referiu.
Eduardo Matos, do Vamos Mudar, sustentou ser um “instrumento brilhante” que obriga a “quem vier para o poder no futuro a ter de se engajar com ele”. Também defendeu um “cronograma financeiro que identifique em que termos vai ser implementado”.
O Masterplan do Termalismo baixou à segunda comissão para ser analisado e discutido.