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Quatro mortos em naufrágio de veleiro que saiu de Peniche

Dois homens e duas mulheres, que estavam a bordo de um veleiro de bandeira dinamarquesa, morreram nesta sexta-feira quando a embarcação naufragou ao largo da Praia Formosa, em Santa Cruz, no concelho de Torres Vedras, depois de ter partido de manhã da marina de Peniche.

Dois homens e duas mulheres, que estavam a bordo de um veleiro de bandeira dinamarquesa, morreram nesta sexta-feira quando a embarcação naufragou ao largo da Praia Formosa, em Santa Cruz, no concelho de Torres Vedras, depois de ter partido de manhã da marina de Peniche.

Após o alerta pelas 11h08, dado por populares, o Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa (MRCC Lisboa) mobilizou para o local elementos do Comando-local da Polícia Marítima de Peniche, tripulantes do salva-vidas Vigilante do Instituto de Socorros de Peniche, assim como elementos dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras, do INEM e um helicóptero da Força Aérea Portuguesa.

Três dos náufragos, dois do sexo masculino e um do sexo feminino, deram à costa na Praia Formosa e foram puxados para o areal por populares. Segundo a Autoridade Marítima Nacional (AMN), “todos sem coletes salva-vidas e em paragem cardiorrespiratória”.

Elementos dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras realizaram manobras de reanimação, não tendo sido possível reverter a situação. O óbito foi declarado no local, pelo médico do INEM, e após contacto com o Ministério Público, os corpos foram transportados para o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses de Torres Vedras ao final da manhã, tendo as buscas sido terminadas, quando os destroços do barco deram à costa quatro quilómetros a sul, na Praia Azul.

Contudo, durante a operação de remoção dos destroços da embarcação do areal, por volta das 16h00, foi encontrado no interior da mesma um outro corpo do sexo feminino, tendo o óbito sido declarado pela médica do INEM e levado também para ser autopsiado.

Todas as vítimas serão dinamarquesas (faltava certificar a nacionalidade de um dos homens): Duas mulheres de 46 e 61 anos e dois homens de 57 e 59 anos.

O que restava do veleiro “Dorado Ishoj” acabaria por ser desmantelado, para ser retirado pela Proteção Civil de Torres Vedras.

De acordo com a AMN, o veleiro largou pelas 07h30, acabando por naufragar a cerca de mil metros da Praia Formosa, numa altura em que se registavam ondas que atingiriam seis ou sete metros.

O JORNAL DAS CALDAS apurou que os nórdicos que morreram no naufrágio tinham sido alertados por um casal de velejadores para não saírem para o mar devido às condições adversas para a navegação, mas ignoraram os avisos de Paula Nunes e Nicolas Gibault, que também aguardavam em Peniche com o seu veleiro por dias mais favoráveis.

“Dissemos-lhes na véspera que não existiam condições de segurança para viajar, porque estava um mar revolto e havia ondas muito altas, mas eles decidiram partir de manhã”, relatou o casal luso-francês.

“Contámos-lhes que era para partirmos na segunda-feira passada e que provavelmente só iríamos na semana seguinte, dependendo do tempo”, adiantaram os velejadores.

Os náufragos tinham chegado a esta cidade no dia 1 de novembro e procuravam seguir para sul. O seu veleiro ficou atracado mesmo ao lado da embarcação de Paula Nunes e Nicolas Gibault e daí terem existido algumas conversas, que antecipavam o risco de um desfecho fatal, como aconteceu.

“Mas falámos pouco, apenas nos perguntaram onde ficava o supermercado e depois, quando disseram que pretendiam sair de Peniche, alertámo-los. Não conseguimos perceber se já faziam estas viagens há muitos anos e se tinham muito tempo de experiência, mas se vinham da Dinamarca até aqui, que é uma grande navegação, é porque tinham”, referiu o casal, estranhando, no entanto, que na saída de Peniche os velejadores nórdicos tenham andado “sempre na borda da costa”, o que “com o mar como está não se faz”. A navegação junto à costa, sob interferência da rebentação das ondas, é considerada um erro, perante um mar agressivo.

Ao terem conhecimento do desfecho fatal, Paula Nunes e Nicolas Gibault lamentaram que os tripulantes do veleiro “tenham tomado a decisão de partir, algo que não pudemos evitar”. “É como se estivessem à procura da morte. Se não está bom, ficamos quietos no lugar, seja quatro dias ou um mês, não vamos ao mar”, manifestaram, sublinhando que “nem os pescadores vão”.

“Ficámos chocados ao saber o que tinha acontecido”, declarou o casal de velejadores.

Apesar do estado do mar desaconselhar a viagem no veleiro, não havia nenhum impedimento legal, já que a barra de Peniche, de onde saiu a embarcação, não se encontrava encerrada, pois a capitania entendeu que o porto tinha condições para a entrada e saída de barcos. Aliás, o veleiro naufragado não foi o único a deixar a marina.

A barra não estava fechada mas encontrava-se hasteada sinalética (balão preto, com explicação numa vitrina na Estação Salva-Vidas, e aviso luminoso noturno) alertando para a força do vento.

Caberia ao skipper, o capitão encarregue da viagem, avaliar o cenário de navegação ao longo das várias milhas a percorrer e pode ter sido esse um erro cometido.

De acordo com fontes ligadas ao socorro, há alguns requisitos que não devem ser esquecidos: Em primeiro lugar a meteorologia deve ser estudada e se vem mau tempo há que aguardar no porto de abrigo. Depois, os coletes salvam vidas mas sabe-se que nenhum dos quatro tripulantes estava a usá-los. Por outro lado, quer as comunicações no canal internacional de socorro quer o localizador de satélite não estavam acionados.

Por último, mas de grande importância, com o mau tempo não se navega junto à costa, pelo risco de interferência da rebentação das ondas.

Acresce a tudo isto os avisos dados por outros velejadores para não seguirem viagem. Alertas que foram ignorados e que poderiam ter evitado o desfecho fatal.

O resultado da autópsia será mais um elemento a juntar às investigações que estão a ser feitas pela Polícia Marítima de Peniche para apurar as causas do naufrágio.

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