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Ricardo Fernandes reafirma Quinta do Falcão como localização ideal para o novo hospital

O presidente da Câmara do Bombarral, Ricardo Fernandes, ainda não anunciou a sua recandidatura às próximas eleições autarquias, mas garante que essa “decisão partirá do compromisso com os bombarralenses e com a continuidade de um projeto que tem dado frutos visíveis e que não pode parar”.

Jornal das Caldas – Quais foram as maiores conquistas do seu executivo nos últimos quatro anos?

 Ricardo Fernandes – Este foi, acima de tudo, um mandato de concretização. Demos passos firmes em áreas estruturantes como a educação, a saúde, o desporto, a coesão social, nas infraestruturas do concelho como redes viárias, águas e saneamento, na modernização dos serviços públicos e na valorização do património e cultura. Um trabalho de equipa, de todo o executivo e de todos os colaboradores do Município.

Foi neste mandato que disponibilizámos o terreno onde se irá localizar o novo Hospital do Oeste, na Quinta do Falcão, e que participámos, com a Oeste-CIM no Estudo científico da Universidade Nova, que levou o Governo a escolher o Bombarral para a localização desta infraestrutura tão importante para a região. Ainda na área da saúde, promovemos a parceria entre o Ministério da Saúde e a Santa Casa da Misericórdia do Bombarral, com vista a facilitar a contratação de médicos avençados para o concelho.

A nova Loja de Cidadão, na Rua do Comércio, foi outro marco, pois centraliza diversos serviços públicos, como a Autoridade Tributária, Segurança Social, Instituto dos Registos e Notariado e o Espaço Cidadão, facilitando o acesso dos munícipes a serviços essenciais.​

A educação tem sido uma prioridade com investimentos significativos em infraestrutura e inovação pedagógica. Veja-se pela renovação de mobiliário, entrega de quadros interativos e oferta de acesso gratuito à plataforma Escola Virtual para os alunos do 1.º ciclo, alargamento e reabilitação de escolas e jardins de infância e pelo apoio à implementação do Centro Tecnológico Especializado através do protocolo de cooperação com o Agrupamento de Escolas Fernão do Pó (AEFP), e que irá assegurar uma formação de qualidade aos jovens estudantes em áreas como Hotelaria, Restauração e Turismo.

Com os incentivos à natalidade e a criação de uma nova resposta social no concelho com a construção da nova creche, na antiga Escola Primária de Vale Covo, com capacidade para acolher 42 crianças, pretendemos dar resposta a necessidades urgentes das famílias.

A promoção dos Passeios Seniores, o Projeto Universitários 50+, o programa Viver Melhor e ser o primeiro município do Oeste a estabelecer protocolo com a GNR para a implementação do programa eGuard, mostram que estamos atentos e empenhados em promover a vida ativa e segura dos mais velhos.

No património, foi requalificado o Palácio Gorjão, que acolhe a Biblioteca Municipal e onde brevemente será reaberto o Museu do Bombarral. Foi uma infraestrutura onde realizámos uma intervenção profunda, tornando o espaço dinâmico e multifuncional uma vez que acolhe também um auditório e um anfiteatro.

Não poderia deixar de referir a implementação do passe M. Um instrumento que impacta a mobilidade de milhares de pessoas através da gratuitidade do transporte rodoviário, a residentes, trabalhadores ou estudantes, entre municípios da região Oeste e redução do custo do passe mensal para 40 euros nas viagens entre o Oeste e Lisboa.

J.C. – Há alguma promessa eleitoral que gostaria de ter concretizado, mas que não foi possível realizar? Porquê?

 R.F. – Não foi uma promessa, mas a falta de médicos é um problema nacional e também aqui do Bombarral. A limitação está na dependência do Ministério da Saúde e na dificuldade estrutural do SNS em fixar profissionais na região.​

Os municípios deviam ter mais autonomia na área da saúde, caso a tivessem também teríamos resolvido este problema, ou estaria em vias de se resolver.

Nós temos procurado resolver a falta de profissionais de saúde através da promoção do protocolo que o Ministério da Saúde assinou com a Santa Casa da Misericórdia do Bombarral, que permitiu a contratação dos médicos avençados que o concelho atualmente cá tem. Ainda assim, não nos ficámos por aqui pois já criámos o Regulamento para a atribuição de incentivos à fixação e manutenção de médicos no concelho que vão passar pela possibilidade de disponibilização de residência, apoio financeiro mensal, e gratuitidade de outros serviços de apoio à família como creche dos filhos, entre outros.

J.C. – A construção do novo hospital no Bombarral tem sido um tema central do seu mandato. Como avalia o ponto de situação atual deste projeto?

 R.F. – A construção do novo Hospital do Oeste no Bombarral representa um avanço significativo para a região. Existe já uma previsão de investimento de 265,1 milhões de euros destinados ao projeto e à construção. O hospital será construído na Quinta do Falcão, num terreno de 50 hectares disponibilizado pelo município, e contará com 467 camas, 16 especialidades médicas e um centro tecnológico e biométrico. Esta infraestrutura será decisiva para garantir os cuidados de saúde com qualidade aos mais de 300 mil habitantes da região Oeste, onde o Bombarral se inclui.​

J.C. – A localização no Bombarral foi decidida pelo anterior governo do PS. A Quinta do Falcão continua a ser o local certo para o novo equipamento?

 R.F. – Sim, a Quinta do Falcão mantém-se como a localização ideal para o novo hospital. Foi o que o estudo técnico da Universidade Nova IMS, promovido pela Oeste CIM identificou. Foi um estudo que valorizou a centralidade geográfica, a proximidade às principais vias de comunicação, as infraestruturas existentes e a dinâmica do concelho. A escolha foi inclusivamente ratificada no parlamento, reforçando a sua legitimidade.

J.C. – O que acha das Eleições Legislativas Antecipadas? As sondagens colocam a AD à frente. Se a AD voltar a ganhar as eleições, considera que vai prejudicar a decisão da localização do futuro Hospital do Oeste?

 R.F. – Infraestruturas como o Hospital do Oeste, tal como o Aeroporto de Lisboa, são investimentos de interesse público, assentes em decisões técnicas e no caso do Hospital foi inclusivamente aprovada uma recomendação na Assembleia da República. Mais do que uma decisão partidária, trata-se de uma necessidade urgente para a região mais mal servida em termos hospitalares.

Os oestinos e os bombarralenses estão atentos e não aceitarão recuos. O município do Bombarral continuará a trabalhar com todos os interlocutores institucionais para garantir a concretização do projeto, independentemente da composição política do governo.​ Nós já disponibilizámos o terreno e estamos preparados para agilizar todo o processo, pois trata-se de interesse público. Agora precisamos que o Governo dê o passo seguinte.

J.C. – No Oeste Summit, realizado no âmbito da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, foi várias vezes destacada a união dos presidentes dos municípios que integram a OesteCIM – Comunidade Intermunicipal do Oeste em prol do desenvolvimento da região. Concorda com esta visão? Como avalia o trabalho que tem sido desenvolvido pela OesteCIM?

 R.F. – O Oeste Summit foi, sem dúvida, um momento importante para reafirmar a maturidade política e estratégica dos municípios que integram a Comunidade Intermunicipal do Oeste. Ao reunir autarcas, especialistas e membros do Governo para debater o futuro da região até 2050, o evento provou que existe uma verdadeira vontade coletiva de pensar e planear o Oeste como um território coeso, inovador, sustentável e centrado nas pessoas.

A visão apresentada no evento, uma região net zero, com mobilidade gratuita e verde como direito universal, com aposta clara na inclusão social, no combate às assimetrias e na qualificação do capital humano, é uma visão que partilho integralmente. O Passe M, por exemplo, já hoje é uma realidade que transforma o quotidiano de milhares de cidadãos da região e que simboliza essa aposta numa mobilidade inteligente, acessível e estruturante.

A OesteCIM tem demonstrado que sabe ultrapassar barreiras político-partidárias e colocar os interesses regionais acima das diferenças conjunturais. A escolha do Bombarral como localização do novo Hospital do Oeste é um dos exemplos mais claros dessa união, tendo resultado de um estudo técnico independente, encomendado por todos os municípios, e acolhido por todos, sem exceções. A construção dessa infraestrutura, que servirá toda a região, foi assumida como uma causa comum.

Hoje, a OesteCIM afirma-se como uma entidade moderna e proativa, promotora de políticas públicas integradas nas áreas da mobilidade, do ambiente, da saúde, do turismo, da inovação e da economia verde. E é exatamente essa capacidade de trabalhar em rede, com objetivos claros e visão de longo prazo, que nos tem permitido transformar o Oeste numa região mais preparada para os desafios do futuro.

J.C. – Como avalia a evolução da economia do Bombarral nos últimos quatro anos? Houve crescimento significativo?

 R.F. – A economia do Bombarral tem evoluído de forma sustentada nos últimos anos, num ciclo em que o município deixou de ser apenas uma referência agrícola e passou a afirmar-se como um território com condições reais para atrair investimento, gerar emprego, fixar famílias e valorizar o território. A chave esteve na promoção do desenvolvimento económico não apenas com base em incentivos fiscais ou medidas isoladas, mas com um plano coerente, assente em mobilidade, educação, qualidade de vida, cultura e inovação.

O município adotou medidas fiscais amigas do investimento, como a derrama a 0%, tornando o Bombarral financeiramente mais competitivo. Esta medida foi acompanhada pela simplificação de processos administrativos e por uma política ativa de valorização do comércio local, com campanhas, eventos e incentivos logísticos.

Eventos como o Festival do Vinho Português e a Feira Nacional da Pera Rocha, que continuam a crescer em notoriedade e adesão, reforçam a marca Bombarral a nível regional e nacional. A edição de 2024, por exemplo, contou com mais de 90 expositores e uma forte componente de sustentabilidade, com mochileiros da Valorsul a apoiar a reciclagem no recinto — um detalhe que, além de ambiental, revela modernidade e cuidado com a experiência do visitante. Todas estas ações promovem a economia local e o que é produzido no Bombarral.

J.C. – Quais os sectores que mais contribuem atualmente para a economia local?

 R.F – Reconhecemos que a agricultura, o comércio e o turismo cultural são setores relevantes no nosso concelho e nos quais temos investido. Grande parte da nossa intervenção segue nesse sentido: desde a afirmação de eventos regulares para diferentes públicos, a criação da marca Bombarral, o Coração do Oeste, a criação e divulgação de rotas e percursos pedestres e respetivo material promocional, que até então não existia, passando pela atração de visitantes com as ações que apoiamos. De salientar, também, o Centro de Interpretação Geoparque Oeste (CIGO), instalado na vila do Bombarral e que pretende ser a principal porta de entrada para uma viagem por 252 milhões de anos, deste Geoparque Mundial da Unesco que abarca uma área de aproximadamente 1154 km2.

Tudo aquilo que fazemos tem esse objetivo (de dinamizar a economia local) bem definido.

A nossa estratégia de investir na renovação de estradas e caminhos, na melhoria dos serviços públicos, tudo impacta na perceção que se tem do nosso concelho, mas acima de tudo, impacta na capacidade de resposta e atratividade deste município para todos os que nos procuram para viver, trabalhar ou visitar.

J.C. – A agricultura e o vinho continuam a ser pilares da economia local. Como vê o futuro destes sectores, face aos desafios climáticos e de mercado?

 R.F. – O município está a investir seriamente na valorização e na inovação do setor agrícola e vitivinícola, duas áreas que continuam a ser estruturantes para a economia local. Um dos exemplos mais relevantes dessa aposta é a transformação das antigas instalações do Instituto da Vinha e do Vinho na Quinta Ciência Viva da Pera Rocha, criada em articulação com a rede Ciência Viva. Este será um espaço que agrega áreas expositivas, salas de atividades e cozinha experimental, onde os visitantes serão desafiados a (re)descobrir as singularidades da Pera Rocha do Oeste. Numa altura em que fenómenos externos e extremos, como o fogo bacteriano e a estenfiliose afetam o setor da Pera Rocha, com tendência para ver ainda mais reduzida ou extinta a sua produção, a ligação com os produtores e centros de investigação tem sido promovida com atenção e empenho, por forma a minimizar danos e garantir a viabilidade futura deste setor.

J.C. – A habitação tem sido um dos grandes problemas do país. Como está o acesso à habitação no Bombarral? Existem novos projetos?

 R.F. – A questão da habitação é, de facto, um dos maiores desafios a nível nacional e o concelho do Bombarral não é exceção. Reconhecemos que o acesso à habitação condigna e a preços acessíveis é uma preocupação crescente para muitas famílias, em especial para os jovens que pretendem iniciar o seu percurso de vida de forma independente. No Bombarral, este é um tema que nos preocupa profundamente e para o qual estamos atentos e comprometidos em encontrar soluções que visam a fixação de jovens no concelho.

Para além dos incentivos à natalidade, que visam apoiar os agregados familiares nos primeiros anos de vida das crianças, da criação da nova resposta social Creche e do investimento em equipamentos e serviços de proximidade, um dos passos mais concretos foi a aquisição de terrenos no centro da vila.

Destinados à construção de fogos habitacionais, vão permitir dar resposta a quem mais precisa, mas também contribuir para a revitalização do centro urbano. O programa Bombarral + Habitação trata a habitação como um direito fundamental. Não se trata apenas de resolver problemas do presente, mas de criar condições para atrair e fixar população, dinamizando o território de forma sustentável e inclusiva.

J.C. – Vai recandidatar-se às eleições autárquicas de 2025. Vai levar a mesma equipa?

 R.F. – Ainda não anunciei a minha candidatura. Mas essa decisão de recandidatura partirá do compromisso com os bombarralenses e com a continuidade de um projeto que tem dado frutos visíveis e que não pode parar. Este é um trabalho que se constrói com uma equipa e, neste mandato, a escolha dos elementos do executivo assentou numa lógica de conhecimento das áreas sob responsabilidade de cada um. A educação, a habitação, a saúde, a ação social, o ordenamento do território e o ambiente foram assumidos por vereadores com provas dadas nestes domínios. É esse espírito de missão deve continuar a nortear as escolhas futuras. Mais do que nomes, o que importa é assegurar que o próximo ciclo político irá continuar a traduzir-se em políticas públicas eficazes, próximas das pessoas e viradas para os desafios de médio e longo prazo do concelho. Na altura própria, os bombarralenses conhecerão a minha decisão com transparência e responsabilidade.

J.C. – O que gostaria que ficasse como marca do seu mandato enquanto Presidente da Câmara do Bombarral?

 R.F. – Gostaria que este mandato fosse lembrado como um tempo de concretização, de compromisso e de coragem. Um mandato onde a nossa equipa, onde incluo todos os colaboradores municipais, não se ficou pelas intenções, mas em que se avançou com obras estruturantes, em que se transformaram ideias em respostas reais e em que se reforçou a confiança dos cidadãos na capacidade do poder local.

Seja na habitação, na saúde, na educação, na coesão social ou na valorização do território, cada decisão tomada teve como critério melhorar a vida de quem aqui vive, trabalha ou decide criar família. Ao longo deste percurso, procurámos afirmar o Bombarral como o Coração do Oeste, não apenas como uma expressão geográfica, mas como uma identidade que se constrói com investimento, inclusão, inovação e pertença.

E se hoje o concelho é mais reconhecido, mais coeso e mais atrativo, é porque todos, autarcas, técnicos, instituições, cidadãos, ajudaram a construir esta ideia. A marca deste mandato será essa, a de uma terra que avançou, com obra feita e com o olhar firme no futuro.

 

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