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Sete feridos em autocarro escolar abalroado por camião de transporte de areia na A8

Foi por escassos metros que não aconteceu uma tragédia, na colisão verificada na manhã da passada sexta-feira na A8, no sentido norte-sul, após a saída de Alfeizerão, a doze quilómetros das Caldas da Rainha, envolvendo um autocarro com 41 ocupantes, entre os quais 37 crianças, e um veículo pesado de mercadorias que transportava 40 toneladas de areia. Ferimentos leves em seis crianças, de 9 e 10 anos, e num professor, de 51 anos, foram as consequências, mas podia ter sido um cenário gravíssimo, pois o autocarro caiu na ravina e ali ficou imobilizado na vegetação. Se fosse um pouco antes teria caído do viaduto para o solo, de uma altura de várias dezenas de metros.

As crianças, uma de 8, outra de 10 e as restantes de 9 anos, do 1º ciclo do Colégio de São Teotónio, em Coimbra, iam em direção do Dino Parque (dedicado aos dinossauros) na Lourinhã, numa visita de estudo, quando aconteceu o acidente, pelas 09h45, no autocarro que transportava o 4º ano. Ao todo, quatro autocarros saíram de Coimbra rumo à Lourinhã, mas apenas um esteve envolvido no acidente. As crianças do 1º ao 3º ano seguiram viagem para o Dino Parque.

O autocarro da empresa de transporte público Transdev onde as crianças do 4º ano seguiam com mais três professores, para além do motorista, foi abalroado pelo pesado de mercadorias, da empresa Sorgila, de Leiria, em circunstâncias que estão a ser averiguadas pelo Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação da GNR.

O acidente ocorreu ao quilómetro 94, numa zona de reta onde não é habitual haver acidentes, e para as operações de socorro, que mobilizaram 73 operacionais e 33 viaturas, de várias corporações de bombeiros, INEM, GNR e concessionária da autoestrada, foi necessário ocupar duas das três faixas de trânsito. A que sobrou serviu para permitir a circulação.

A intervenção do motorista do transporte escolar foi essencial para que as crianças saíssem do autocarro, projetado para a ravina, após galgar o separador junto à berma. O motorista partiu o vidro dianteiro e foi por aí que os ocupantes abandonaram a viatura.

Os professores colocaram as crianças numa zona segura junto à estrada e depois de observadas pelas equipas de socorro constatou-se existirem seis crianças com leves escoriações ou crises de ansiedade, e apenas uma com suspeitas de um braço partido. Um docente ficou com ferimentos ligeiros num braço. O condutor do camião sofreu escoriações, mas não necessitou de assistência hospitalar.

Segundo a presidente da direção pedagógica do Colégio de São Teotónio,  Susana Dias, todos os passageiros tinham cinto de segurança colocado, o que terá evitado que fossem projetados, exceto o professor que ia em pé a falar com os alunos.

Os sete feridos foram acolhidos nos hospitais de Torres Vedras (três) e de Leiria (quatro). Mais tarde tiveram alta. O hospital das Caldas da Rainha não foi um dos destinos, uma vez que entre as 08h00 e as 15h00 havia a indicação de que não estava a funcionar, por falta de recursos humanos, o serviço de urgência de anestesia para politraumatizados emergentes. Embora não sendo o caso dos feridos, resolveu-se evitar a ida ao estabelecimento de saúde caldense.

Um helicóptero do INEM foi acionado e esteve no local, mas não chegou a transportar os feridos, por serem considerados leves.

Duas psicólogas escolares que acompanhavam a visita, prestaram apoio imediato às crianças. Enquanto isso, um autocarro dos bombeiros voluntários das Caldas da Rainha foi disponibilizado para levar 31 crianças e dois adultos que não apresentavam ferimentos físicos para o quartel dos soldados da paz de São Martinho do Porto, cujo comandante coordenou as operações.

No quartel foi feita uma nova avaliação das crianças pelas equipas de INEM, mais ao nível das consequências psicológicas. Mas não foram detetados problemas, até porque foi criado um ambiente descontraído e favorável às crianças, para que estivessem entretidas e ultrapassassem qualquer trauma que o acidente pudesse ter causado. Os bombeiros tinham um insuflável e arranjaram outro, e vários elementos, inclusive da direção, colaboraram para tornar a estadia no quartel agradável.

Emanuel Souto, comandante dos bombeiros de São Martinho do Porto, revelou ao JORNAL DAS CALDAS que “foi um teatro de operações que foi pensado em duas vertentes de imediato, que foi a questão do socorro às vítimas e, posteriormente, garantir que as crianças tinham a continuidade de um dia normal, e a solução encontrada a curto prazo foi trazê-las para o nosso quartel, que tem todas as condições para as receber”.

“Estavam visivelmente nervosas, assustadas, mas agora acho que se encontram todas bem”, afirmou, após a receção. “Almoçaram, estão a fazer uma visita guiada e a divertir-se nos insufláveis, portanto, acho que retomaram a normalidade daquilo que seria o dia deles que estava previsto, atendendo às circunstâncias, dentro do possível”, sublinhou.

O comandante referiu que “alguns pais fizeram questão de se deslocar até aqui para virem buscar os filhos pessoalmente e ficaram agradecidos”.

“A opção de virem para aqui também foi para fazer uma segunda avaliação do estado emocional, porque estão aí os psicólogos do INEM que estão a fazer um acompanhamento mais particular, para garantir que não têm sequelas, não a nível físico, mas a nível psicológico”, indicou.

“Atendendo à sua idade, 9 e 10 anos, acho que são crianças bastante maduras e que encararam a situação de uma forma normal e com grande frieza”, destacou Emanuel Souto.

Pedro Figueiredo, pai de dois meninos que iam no autocarro, contou ao JORNAL DAS CALDAS que “foi um alívio vê-los e abraçá-los e saber que estavam bem e que não tinha sido mais do que um susto”.

“Encontrei um ambiente de grande tranquilidade para os miúdos. Tenho de dar os parabéns às equipas que prestaram auxílio, porque quando aqui cheguei estava tudo bem com eles, tudo muito bem coordenado e organizado. Almoçaram, visitámos o quartel, eles brincaram lá dentro. Portanto, eles vinham a dizer que foi um dia divertido, apesar do susto. Acabaram por conseguir aproveitar o dia de uma maneira diferente. Os restantes colegas estão todos a brincar e tudo bem disposto. Fica a sorte de ter corrido tudo bem”, manifestou.

Célia Nunes, mãe de uma menina do 4º ano que ia na viagem, descreveu ao JORNAL DAS CALDAS “um ambiente muito bom no quartel, muito agradável, proporcionaram às crianças logo um insuflável para elas se distraírem, tiveram apoio dos psicólogos do INEM e dentro daquilo que aconteceu estavam tranquilas”.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, tinha a sua filha de nove anos no autocarro envolvido no acidente. Na rede social Facebook, transmitiu que “quebro uma regra pessoal: não costumo partilhar assuntos familiares neste espaço. Mas a gratidão aconselha-me a fazê-lo”

“A minha filha felizmente está bem, só ficou com as marcas da memória. Foi um grande susto e é precisamente por isso que não posso deixar de agradecer, de coração apertado, mas profundamente reconhecido, a todos os que estiveram presentes e cuidaram das nossas crianças”, comentou.

“O meu obrigado ao Colégio de São Teotónio, pela forma como acompanhou tudo desde o primeiro momento, mantendo os pais informados e confiantes. Aos Bombeiros Voluntários de São Martinho do Porto que acolheram as crianças com carinho e atenção (fiquei verdadeiramente agradado com todo o dispositivo que montaram na corporação para manter as crianças animadas e ocupadas), ao INEM, como sempre incansáveis no socorro e a todos os profissionais envolvidos — a vossa prontidão, competência e humanidade fizeram a diferença. Obrigado também às autoridades que garantiram a segurança de todos, aos profissionais de saúde que estiveram disponíveis para avaliar as crianças e aos profissionais da comunicação social que souberam agir com verdade, sem sensacionalismo e respeitando as famílias”, manifestou.

As crianças acabaram por ser levadas por encarregados de educação, que resolveram ir ter com os seus filhos. Um autocarro contratado pelo Colégio de São Teotónio com esse objetivo apenas transportou as mochilas.

Quanto às viaturas acidentadas, foram retiradas do local do acidente.

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