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Tornado levantou telhas de casas e assustou população de Peniche

“Um episódio de vento forte”, foi o que aconteceu na cidade de Peniche na tarde do passado domingo, associado à depressão Floriane, relatou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

“Estava dentro de casa e senti um grande susto quando ouvi um estrondo parecido com um comboio a descarrilar. Quando sai vi telhas e um toldo no chão, as persianas partidas e um sinal de trânsito tombado quase em cima de um carro”, contou Maria José Nogueira, uma das moradoras nas cerca de duas dezenas de habitações afetadas pelo fenómeno atmosférico.

Ninguém ficou ferido ou desalojado, segundo os Bombeiros Voluntários de Peniche. A preocupação foi tentar reparar os telhados, pois estava prevista chuva, para não entrar no interior das habitações, o que foi conseguido.

De acordo com o IPMA, foi apurada “a ocorrência de danos em diversos edifícios e habitações, em particular ao nível dos telhados, em sinais rodoviários e ainda a queda de árvores”.

Perante os elementos disponíveis “foi efetuada uma análise preliminar, admitindo-se que o fenómeno tenha alcançado uma intensidade de, pelo menos, vento na gama 25-32 metros/segundo, ou seja, 90-115 km/h (rajada)”.

O IPMA referiu que formou-se um mesociclone. “Não é um tornado, apenas uma circulação em altitude”, esclareceu, admitindo, no entanto, condições favoráveis a um “vórtice turbulento”. E depois viria a ser produzido “o tornado que afetou a cidade de Peniche”.

“Confirmou-se que o tornado iniciou o seu trajeto ainda sobre o Atlântico, pouco antes das 15 horas, deslocando-se de sudoeste para nordeste, em harmonia com o movimento da nuvem-mãe”, descreveu o IPMA.

Rosa Maria, uma residente em Peniche, relatou que “houve pessoas que viram um remoinho a vir do mar para a terra e atravessar as casas, uma situação que durou menos de dois minutos”.

A principal zona afetada foi o Bairro Vale Verde e Bairro Luís de Camões, na marginal sul, onde se viveu uma tarde de grande sobressalto para os moradores.

Houve ruas interditas para as operações de socorro. No terreno estiveram perto de meia centena de  operacionais dos bombeiros, elementos da proteção civil, funcionários da Câmara e agentes da PSP, apoiados por mais de dezena e meia de viaturas. Foram mobilizados para repor os danos da ocorrência.

A reposição das telhas que se soltaram decorreu com sucesso até às 19h00.

O dia de segunda-feira já foi de acalmia na cidade não se registando nenhuma anomalia associada ao mau tempo.

Também não se comprovou o receio de danos estruturais em algumas habitações, ficando assim como principal resultado do fenómeno atmosférico o levantamento de telhas, que entretanto foram repostas, evitando que houvesse necessidade de realojar moradores.

Este incidente alerta para a importância de estarmos preparados para fenómenos climáticos extremos, que, segundo especialistas, podem ser cada vez mais frequentes devido às alterações climáticas.

Na memória da população de Peniche está o tornado que se verificou em 2006. Na altura, em meio minuto um tornado lançou a destruição e o pânico. Um autocarro que passava junto ao Tribunal foi levantado no ar e projetado contra o alcatrão, tombando com a força do vento, e um carrinho de bebé voou. Um prédio ficou em risco de ruir, um carro ficou sob uma árvore e muitas casas ficaram sem telhado. Houve sete feridos ligeiros, entre eles um bebé. Uma mulher, de 64 anos, também foi ferida, ao ser atingida pelo ramo de uma árvore.

O tornado surgiu do lado do mar e atravessou a cidade desde a praia do Porto da Areia Sul até à praia da Gamboa. Foi um vento muito forte, fora do comum.

 

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