Manuel Sequeira explicou que a sua medida, tomada no dia 21 de abril, é justificada pela “solidariedade política que devo demonstrar ao partido que me acolheu na sua lista, na candidatura à autarquia, e revejo-me nos fundamentos que motivaram tão séria decisão”.
“Os cargos que ocupamos são políticos e não faz qualquer sentido manter poderes e competências em quem, politicamente, não revela deter identidade de atuação com os demais eleitos do Partido Socialista da Câmara Municipal”, sublinhou o autarca.
A vereadora Regina Piedade afirmou que manter-se-á na Câmara “com o mesmo compromisso de sempre: servir as pessoas com o meu coração”.
“Sou vereadora da Câmara Municipal da Nazaré há quase doze anos, eleita pelo Partido Socialista. Sempre desempenhei as minhas funções com entrega, com trabalho, com dedicação e, acima de tudo, com o coração. Acredito numa política feita com verdade, com proximidade e com responsabilidade. Sempre foi assim que estive na vida pública”, manifestou.
“Por me rever nos princípios que regem o Partido Socialista — a justiça social, a liberdade, a solidariedade — fui militante durante muitos anos. No entanto, a estrutura concelhia do partido na Nazaré enveredou por caminhos que não se alinham com esses valores, afastando-se da verticalidade e da honestidade que sempre vi no PS”, argumentou.
A autarca sustentou que “cheguei a um ponto em que tinha de fazer uma escolha: Ou me mantinha refém de uma lógica de submissão, sujeita a atitudes de vingança política, ou assumia com coragem a minha liberdade e a minha consciência. Escolhi o segundo caminho. Escolhi ser independente”.
“Foi com total frontalidade que comuniquei esta decisão às estruturas do partido e pedi a minha desfiliação”, adiantou.
Sobre a retirada de todos os pelouros e competências que exercia, Regina Piedade considerou ser uma “retaliação direta”.
“Embora legalmente o presidente da Câmara tenha competência para o fazer, é evidente que a motivação é puramente partidária — e isso colide com o espírito da democracia local. Os eleitos autárquicos respondem ao povo, não a diretivas internas de partidos. E o mandato que exerço pertence às pessoas que em mim confiaram, não a interesses de cúpula”, defendeu, para assegurar que “continuarei vereadora”.
Regina Piedade tinha os pelouros da Ação Social e Direitos Sociais, Cemitérios, Contraordenações, Habitação, Mercados e Feiras, Mobilidade e Trânsito, Ocupação do Espaço Público, Publicidade e Venda Ambulante.
Os pelouros de Mercados e Feiras e Contraordenações são assumidos pelo presidente da Câmara, que já detém os pelouros da Comunicação, Cultura, Eventos, Finanças Municipais, Juventude, Obras Públicas e Fundos Comunitários, Ordenamento e Gestão Urbanística, Recursos Humanos e Saúde.
O pelouro da Mobilidade e Trânsito foi entregue ao vereador Orlando Rodrigues, vice-presidente da Câmara, que já tem os pelouros do Arquivo, Desporto, Educação, Freguesias, Iluminação Pública e Proteção Civil (Gabinete Técnico Florestal).
Foram delegadas competências no âmbito dos pelouros de Habitação, Ocupação do Espaço Público, Publicidade e Venda Ambulante ao adjunto do presidente da Câmara, Milton Estrelinha, e no âmbito dos pelouros da Ação Social e Direitos Sociais e Cemitérios à adjunta Ana Neto.
O vereador Salvador Formiga mantém os pelouros do Ambiente (Canil, Serviços Veterinários, Áreas Balneares, Serviços de Limpeza), Economia e Mar (Turismo, Indústria, Agricultura e Pescas), Energia e Infraestruturas Públicas (Zonas Verdes, Arruamentos, Estradas).
O PS perde a maioria absoluta na Câmara, ficando com três elementos (Manuel Sequeira, Orlando Rodrigues e Salvador Formiga), tendo o PSD dois (Fátima Duarte e Paulo Reis) e a CDU um (João Delgado). Regina Piedade poderá ser o fiel da balança, agora como independente.
