“Esta decisão deixa-me sem palavras. Acho muito triste que assim seja. É por isso que os políticos são, às vezes, desacreditados, quando não temos a capacidade de perceber que acima da política estão as pessoas. E as pessoas que merecem a nossa homenagem temos de deixar de lado os partidarismos, mesmo para aqueles que não são de partidos, mas sim de movimentos. A homenagem era merecida e deveria ser uma decisão à parte das questões partidárias”, afirmou Hugo Oliveira.
O autarca do PSD apelou à reconsideração da posição do presidente da Câmara, afirmando que “na política não vale tudo” e que é importante “olhar para as coisas de forma séria”. Destacou que Vasco de Oliveira merece ser reconhecido e que a homenagem era uma forma de demonstrar respeito. “Espero que esta decisão seja reconsiderada. Porque na política, nem tudo vale. E há gestos que ficam para a história”, concluiu.
Em resposta ao JORNAL DAS CALDAS, o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vitor Marques, disse que “a proposta, tornada pública simultaneamente – para não dizer antes – da sua apresentação em sessão de Câmara, não consubstanciava a análise dos pressupostos antes enunciados, nem acautelava outras situações, como seja o caso de a alteração do nome da Rua da Estação implicar, necessariamente, a alteração do nome de outra Rua (Rua Projetada à Rua da Estação), com os inconvenientes de ordem financeira e outras para um alargado número de cidadãos à margem dos quais a decisão seria tomada”.
Por estas razões, a que acresce o “facto de existir já um equipamento, designadamente o Campo de Jogos da Quinta da Boneca, ao qual foi atribuído o nome de Vasco de Oliveira, por proposta do atual Presidente da Câmara, à época presidente da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório”.
A proposta foi rejeitada, com os votos contra do Vamos Mudar, representado pelo presidente da Câmara, pelo vice-presidente, Joaquim Beato, e por António Vidigal, em substituição, com a abstenção do vereador Luís Patacho, e com os votos a favor dos vereadores Maria João Domingos, Daniel Rebelo e João Frade, em substituição.
“Posto isto, num contexto em que os pressupostos aqui enunciados sejam devidamente observados, oportunamente estará o executivo do Vamos Mudar disponível para reapreciar a situação”, adiantou.
O presidente da Câmara sublinhou ainda que sugeriu “não votar a proposta, retirando-a da agenda da reunião, para que a mesma pudesse ser objeto de análise sobre os pressupostos antes indicados, o que foi rejeitado pelos proponentes”.
Segundo Vitor Marques, “a atribuição de nomes de cidadãos relevantes da nossa comunidade a vias ou outros equipamentos municipais é um mecanismo de justo reconhecimento do valor desses cidadãos e do apreço que a comunidade lhes dedica”. “Neste sentido, há vários anos que chegam ao município propostas de atribuição de nomes de caldenses, que se notabilizaram dentro e fora de Caldas da Rainha, a ruas do município. No entanto, não tem sido possível atender a esses pedidos, pela inexistência de novas vias no centro urbano”, explicou.
“A alteração de um nome pré-existente, com atribuição de um novo nome, reveste-se de particular sensibilidade, uma vez que a toponímia das cidades, sobretudo a que se reveste de grande longevidade ou de sentido histórico, deve ser antecedida por análise acurada que não dispensa a auscultação da população”, acrescentou.
Em qualquer dos casos, Vitor Marques sublinhou que se trata de “um processo que não deve ser tomado por razões particulares, por mais legítimas que sejam, nem na sequência de processos apressados e sem a devida ponderação de todos os caldenses”.