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Ana Bacalhau garante no CCC um espetáculo único na celebração do 25 de Abril

Na noite de 24 de abril, o Centro Cultural e Congressos (CCC) de Caldas da Rainha recebe Ana Bacalhau para um concerto especial em comemoração dos 51 anos da Revolução dos Cravos. A cantora regressa assim ao grande auditório do CCC, onde já atuou com Deolinda, prometendo uma noite memorável repleta de música e emoção. A cantora levará consigo a força da mensagem que tem vindo a transmitir ao longo da sua carreira.

O espetáculo, concebido especialmente para assinalar esta data histórica, incluirá não só temas do seu repertório, como também canções do seu mais recente álbum, “Mundo Antena”, lançado a 11 de abril.

Ana Bacalhau prestará homenagem às músicas que marcaram o 25 de Abril, interpretando temas de Zeca Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco, entre outros. O concerto contará ainda com momentos de declamação, onde a artista dará voz a poemas de Sophia de Mello Breyner e Natália Correia, bem como à transmissão de áudios históricos das emissões de rádio que lançaram as senhas para a Revolução.

Em entrevista ao JORNAL DAS CALDAS, a cantora promete “celebrar a liberdade e a memória de abril num espetáculo único e emocionante”.

Ana Bacalhau falou sobre a sua ligação à história do 25 de Abril e o papel da música na preservação da memória coletiva. “Este é um concerto que nos transporta para aquela época e nos permite fazer uma viagem até aos dias de hoje”, afirmou, explicando que o alinhamento inclui tanto temas do seu novo álbum, Mundo Antena, como canções icónicas de artistas que marcaram a Revolução, como Zeca Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco.

Embora tenha nascido depois do 25 de Abril, Ana Bacalhau cresceu a ouvir histórias sobre o regime ditatorial e os tempos de mudança que se seguiram. “Isto é muito importante, esta passagem oral de família para família, de geração para geração, daquilo que foi antes. Para as novas gerações terem sempre uma ideia de como era a vida antes”, sublinhou. “A minha avó, a minha mãe e o meu pai contavam-me como era viver numa ditadura. E ser pobre numa ditadura, que era algo bastante violento, na verdade”, recordou.

A cantora recorda os testemunhos sobre a opressão, o medo e a ausência de direitos, sobretudo no que dizia respeito às mulheres. “A minha mãe e a minha avó falavam sobre como era ser mulher numa ditadura que tratava as mulheres como nem sequer cidadãs de segunda. Eram propriedade de um homem”, salientou, acrescentando que “essas memórias ajudaram-na a construir uma consciência crítica e a compreender a liberdade como um bem precioso. “A liberdade é uma conquista de todos os dias, não é uma coisa que está feita e pronto. Pode regredir. Temos de estar sempre atentos”, alertou.

 

A responsabilidade da música na memória de Abril

 

Desde que iniciou a sua carreira, Ana Bacalhau sentiu a responsabilidade de manter viva a memória de Abril através da música. “Assim que comecei a cantar, fui ouvir muitas coisas para aprender. Fiquei muito agarrada aos anos 60, ao Bob Dylan, à Joan Baez, a todo aquele movimento de música de protesto. Mas também aos autores portugueses, como o Sérgio Godinho, o Fausto, o Vitorino, o José Mário Branco, o Zeca Afonso”, referiu.

Para a artista, a música é uma forma de expressão que vai para além do entretenimento. “A música, para além de cantar canções bonitas de amor e do dia a dia, também pode ter um comentário sobre aquilo que vemos e sentimos na sociedade”.

“Eu digo que sou uma Mafaldinha da banda desenhada do Quino, porque a minha família sempre discutiu as coisas, sempre falou sobre o que estava mal no mundo, e isso ficou em mim”, referiu.

 

O papel das novas gerações na defesa da revolução

 

Questionada sobre o papel da nova geração na defesa da democracia, Ana Bacalhau destacou a importância de uma educação sólida sobre o passado. “As novas gerações são essenciais para preservar a liberdade. Mas é preciso dar-lhes conhecimento real e objetivo sobre o que havia antes e o que se conseguiu vencer. Senão, acabam por ser influenciadas por pessoas com objetivos obscuros e estão a ser enganadas”, contou.

“Faz-me confusão ver que, para muitos, ser do contra é ser conservador. Para mim, ser jovem é anarquia, é revolução, é lutar pela justiça social. É muito estranho eu, com 46 anos, ser mais revolucionária do que um jovem de 16 ou 17”, salientou.

A artista destaca a importância do espetáculo como um momento para reforçar a luta e as conquistas das mulheres, tema que abordará em palco através da canção Por Nos Darem Tanto, escrita por A Garota Não. “A canção tem uma fantástica capa de João Pombeiro, que é uma espécie de mural onde cabem várias gerações de mulheres, mas também frases e leis do antes e do pós-25 de Abril”, explicou Ana Bacalhau, acrescentando que o mural representa um contraste entre o passado e o presente. “Consiste em leis antigas, publicadas no Diário da República antes do 25 de Abril, sobre as mulheres. E depois, por cima dessas leis, está a vida que as mulheres reconquistaram com o 25 de Abril, como a cor, a liberdade, as liberdades de movimento, de existir, de tudo”, relatou.

A artista revelou ainda que João Pombeiro, responsável pela capa, reside na região Oeste e deverá marcar presença no concerto, onde a própria fará questão de exibir a imagem do mural em palco. “Certamente vou falar desse mural, vou falar um bocadinho antes dessa música e dirigir uma palavra especial às mulheres”, garantiu.

 

Novo disco da cantora

 

O espetáculo marcará também a apresentação ao vivo do seu mais recente trabalho discográfico, O Mundo Antena, lançado a 11 de abril. Inspirado na rádio, o álbum conta com a participação de várias vozes conhecidas deste meio, que fazem pequenas introduções antes das músicas. “Convidei vários queridos amigos que são radialistas, são vozes da rádio bem conhecidas de todos, como o Nuno Markl, a Joana Marques, o Fernando Alvim, o António Macedo, entre outros, a fazerem ali pequenas apresentações, como fazem os locutores de rádio antes de uma música”, descreveu Ana Bacalhau.

A artista fala do álbum como um projeto que a representa completamente, desde a música à arte gráfica. “É um disco que me deixa muito feliz porque acho que consegui ali um disco mesmo que me representa e que é uma obra completa, no sentido em que tem música, tem arte gráfica, que tem a ver com música. O próprio conceito do disco, o alinhamento, está feito de acordo com a ideia do disco. E o palco do novo concerto também vai mostrar isso”, vincou.

Com um alinhamento que junta canções icónicas e novas composições, Ana Bacalhau promete um concerto imperdível para assinalar a véspera do 25 de Abril. “É um concerto para não perder, para celebrar a liberdade, para ouvirem a minha interpretação de algumas canções históricas e importantíssimas, e para também ouvirem algumas canções novas. Para estarmos todos assim, numa festa livre e para sermos quem somos, sem medos”, concluiu.

 

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