Foi um espetáculo de quase duas horas organizado pelo Centro Cultural e de Congressos e pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha. Sérgio Godinho subiu ao palco acompanhado pelos Assessores, banda que o acompanha há alguns anos composta pelos músicos Rafael, Miguel Fevereiro, João Cardoso, Nuno Espírito Santo e Sérgio Nascimento.
Foi a celebração de uma carreira de mais de 50 anos com “coisas novas” e o regresso de canções antigas que foram cantadas pelo público.
Neste espetáculo “renovado” sobressaiu a canção “Liberdade”, composta para o álbum “À Queima Roupa”, de 1974.
“Quando o 25 de Abril fez 40 anos fizemos um espetáculo de um disco ao vivo chamado ‘Liberdade” e agora fizemos ‘Liberdade25”, uma referência ao 50º aniversário da Revolução dos Cravos”, disse Sérgio Godinho à imprensa antes do concerto.
“É um espetáculo que tem todos os aspetos da vida como eu gosto de misturar”, contou o músico, que não consegue arranjar uma “etiqueta” para ele e nem quer. “Gosto de misturar géneros como o amor com a política e eu próprio vivo assim”, relatou.
“Liberdade”, garante Sérgio Godinho, continua a ser a mais poderosa das palavras. “Não interessa o momento político que se vive, ela existe na mesma”, salientou, considerando que últimos atos eleitorais foram “algo estranho, com a mudança da preponderância da extrema-direita”.
O músico afirmou que as suas canções “falam de tudo e são muito abrangentes a nível de temáticas”. “Podem ser mais pessoais ou ter a criação de personagens realistas, algumas delas com teor social ou político”, contou.
Segundo Sérgio Godinho, a música “Liberdade” diz que esta tem de ser posta em prática, mas também vivida quotidianamente. “A própria canção aborda a necessidade de condições básicas para uma vida digna, como a paz, saúde e educação, e agora podia-se juntar a justiça, que está na ordem do dia e que se tem tropeçado nela própria e até acabou por provocar a queda do Governo”, sustentou, adiantando que “a preponderância da justiça no poder é um perigo”.
Sobre o 16 de Março, o compositor manifestou que “éde facto uma data importante, visto que é o prenunciador do que viria a acontecer no 25 de Abril”.
Recordou que partiu de Portugal com 20 anos, recusando assim fazer a guerra colonial. Viveu durante nove anos em Geneva, Paris e Vancouver. O seu primeiro LP, “Os Sobreviventes”, foi gravado em França, em 1971, com músicos franceses e a colaboração de alguns portugueses então radicados em França. Gravou também no exílio o álbum “Pré-Histórias”. Estes dois discos, premiados pela Casa da Imprensa, foram proibidos pela censura de então. Regressou a Portugal após a revolução.