O Ministério Público (MP) acusou um homem por 14 crimes de incêndio ocorridos no verão do ano passado, a maioria dos quais na Serra do Montejunto, no concelho do Cadaval, segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso.
O homem, de 31 anos, utilizou artefactos preparados para retardarem a ignição, descreve a acusação do MP.
“O arguido planeou de tal forma a ignição do fogo”, que sabia que “já não se encontraria no local” quando o incêndio deflagrasse, refere o MP.
O trabalhador da construção civil ateava os fogos nas deslocações entre os locais de residência, no Cercal, e de trabalho, em Alguber, localidades situadas no mesmo concelho.
O arguido está acusado de 14 crimes de incêndio, por fogos postos nos dias 26 de julho, em Outeiro da Cabeça (Torres Vedras), 27 e 28 de julho, no Peral (Cadaval), 31 de julho em Figueiros e Alguber (Cadaval), 4 de agosto em Alguber, 5 de agosto num eucaliptal junto à Estrada Nacional 366, no Cadaval, 7 de agosto em Casal Caniço e Cercal (Cadaval), 11 e 12 de agosto na Sobrena (Cadaval) e 16 de agosto em Alguber.
“Os incêndios provocados pelo arguido colocaram em perigo mato, armazéns e habitações próximas, a si alheios, de valor não concretamente apurado, os quais apenas não foram consumidos pelo fogo devido à rápida intervenção dos bombeiros e populares”, explica o MP.
Os fogos de cuja autoria está acusado fizeram arder uma área total de sete hectares, correspondentes em alguns casos a povoamento florestal.
O MP não provou a mesma autoria nos incêndios de 3 de agosto, na Póvoa (Cadaval), com 146 operacionais, 44 veículos e seis meios aéreos, e a 12 de julho na Espinheira, no limite do Cadaval mas já no concelho de Azambuja, o qual só foi dominado ao fim de nove horas de combate, tendo envolvido mais de meio milhar de bombeiros, centena e meia de veículos e 13 meios aéreos.
Nos dois incêndios, arderam 402 hectares, disse na altura o comandante sub-regional do Oeste, Carlos Silva, à agência Lusa.
Segundo a acusação, o homem está ainda acusado de onze crimes de condução sem habilitação legal.
O arguido, sem antecedentes criminais, veio a ser detido pela Polícia Judiciária em 16 de agosto, quando circulava no seu veículo, no interior do qual foram encontrados materiais usados na construção dos artefactos.
O homem encontra-se em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Lisboa a aguardar julgamento.
Na altura da detenção, o diretor da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ, João Oliveira, explicou que o suspeito estava a ser “investigado há vários meses” e que foi detido em flagrante delito.
Segundo a mesma fonte, o arguido “agia sem quaisquer interesses económicos e apenas por “motivos de natureza fútil”, que apelidou de “mitomania”.