O segundo dia das palestras realizadas no âmbito da Feira do Imobiliário teve início com uma intervenção de Pedro Mendes da Silva, da agência imobiliária Predimed, sobre as tendências do mercado.
“As pessoas estão sempre à espera que o preço das casas baixe, mas a tendência ainda não é essa”, referiu. “Os preços continuam altos e a oferta escassa”, sublinhou, fazendo notar que também não é bom para os agentes imobiliários, porque têm mais dificuldade em arranjar casas para vender.
O tema acabou por suscitar o debate entre os vários agentes imobiliários que estavam a assistir à palestra, nomeadamente em relação ao valor que está a ser atribuído a casas usadas. Pedro Mendes da Silva considera que estes preços estão inflacionados em relação ao verdadeiro valor dos imóveis. No entanto, havendo compradores, o valor final será sempre aquele pelo qual for vendido.
Mesmo assim, a única forma de conseguir perceber quais os verdadeiros valores a que estão a ser vendidos os imóveis seria fazer um levantamento das escrituras. Algo que poderia ser feito pelos notários.
Em relação à procura de casas por estrangeiros, Pedro Mendes Silva referiu que tem havido maior procura por parte dos Estados Unidos e Canadá.
“Com o aumento do preço das casas, apesar de Portugal continuar a ser apetecível, já começa a ser caro para alguns países” e isso fez com diminuísse a procura por parte de outras nacionalidades.
Uma das grandes tendências do mercado é o investimento na sustentabilidade e eficiência energética. “Os compradores estão, cada vez mais, interessados na poupança”, indicou Pedro Mendes Silva.
Também a reabilitação de imóveis antigos e o investimento para arrendamento têm sido tendências.
Segundo o agente imobiliário, a pandemia da Covid-19 veio alterar o mercado e na região Oeste o impacto na venda de casas acabou por ser positivo.
“Estranhamente andámos em contraciclo”, disse. Isso aconteceu graças ao investimento nacional, em casas de férias e em maiores habitações (por causa do teletrabalho).
“Houve pessoas a venderem as suas casas em Lisboa, por preços bem altos, e virem morar para esta região”, contou.
Lília Romão, da Remax Vantagem Real, fez uma apresentação sobre “O que precisa de saber sobre o mercado imobiliário para se tornar num bom profissional”, na qual procurou dar algumas pistas em relação à profissão.
Há oito anos que é consultora imobiliária, depois de ter feito uma transformação profissional. “É preciso estarmos muito atentos ao mercado, na nossa zona e no país”, começou por sublinhar. Por isso, considera que os estudos de mercado são uma das ferramentas mais importantes a utilizar.
Apesar de existirem ferramentas online para esse efeito, a base de dados da Remax é muito importante para o seu trabalho, uma vez que apresentar os valores reais pela qual os imóveis foram vendidos em cada zona.
“Às vezes proprietários têm uma ideia errada sobre os preços”, comentou, explicando que o papel dos consultores imobiliários é também informar e aconselhar os seus clientes. “Também é importante saber ouvir quem está a comprar e quem está a vender”, acrescentou.
Lília Romão tem apostado muito em fazer ações de portas abertas dos imóveis (“open house”) que vende, nas quais não se importa de receber também outros consultores imobiliários. Estes eventos são também relevantes para a promoção de quem os organiza.
Outro conselho que deu foi a utilização das novas tecnologias para melhorarem as suas fotografias e vídeos.
Ainda durante a manhã, as advogadas Melanie Alves e Anabela Blanc fizeram uma abordagem sobre o tema “Aquirir imóveis em Portugal”.
Melanie Alves começou por destacar a importância de se trabalhar de uma forma envolvente com os vários setores e de acordo com a especialização de cada atividade. Assim, garante-se que todo o processo de compra e venda corra de forma mais fluída.
Anabela Blanc recordou o “boom” da construção, na altura em que os bancos emprestavam dinheiro para compra de casas de uma forma muito fácil, até à crise internacional do setor.
As duas advogadas fizeram uma apresentação técnica sobre os diversos fatores inerentes à compra e venda de uma propriedade, com explicações sobre as várias leis e os instrumentos de ordenamento do território, como os Planos Diretores Municipais.
Todas estas explicações mais técnicas, que originaram também debate na sala, podem ser visionadas no vídeo disponível na página de Facebook do JORNAL DAS CALDAS.
Conselhos a quem quer comprar ou vender
As palestras da tarde tiveram início com uma apresentação de Inês Santos e Susana dos Santos, da loja das Caldas da Rainha da empresa Doutor Finanças, sobre as ajudas para aquisição de casa para pessoas com menos de 35 anos.
Com o tema ““Isensão do IMB, IS e Emolumentos para Jovens até aos 35 anos”, a apresentação abordou a nova legislação e os seus vários aspetos.
Podem pedir isenção os jovens “com idade igual ou inferior a 35 anos à data da transmissão”, ou seja, no do dia da escritura.
Os jovens têm de estar a adquirir a sua primeira habitação e não podem ser proprietários ou coproprietários de outro imóvel (mesmo que seja uma segunda habitação).
O arquiteto António Salvador fez também uma apresentação com vários conselhos e dicas para quem quer adquirir casa.
O tema era “Arquitetura no rendimento imobiliário”, mas o arquiteto acabou por fazer uma palestra mais abrangente. Sobre o tema, António Salvador referiu que o recurso aos arquitetos tende a valorizar os imóveis, o que tem vindo também a contribuir para subir o preço das casas.
Isso aconteceu também com as exigências por parte do Estado e dos compradores em relação à qualidade de construção das novas casas. De tal forma que se passou a usar a argumentação de venda de que se trata de imóveis de luxo.
Enquanto arquiteto na Câmara das Caldas da Rainha, onde esteve durante alguns anos, lembra-se dos tempos em que havia muitos projetos de casa “para construção corrente e mais barata”. Atualmente, existe uma maior exigência, mas isso quer dizer que também há menos oferta de construção mais acessível.
Outra questão que se apercebeu, enquanto arquiteto numa autarquia, era a tendência dos casais jovens quererem construir vivendas de grande dimensão, sem terem noção das suas reais necessidades. “A consequência era que se optassem por construir casas maiores, acabavam por ficar a dever mais ao banco e não havia necessidade disso”, referiu. O arquiteto acabava por aconselhar os interessados a fazerem as contas do número de divisões que precisavam para o futuro.
Outro conselho que deu foi a diferenciarem o que é imóvel e o que é móvel (por exemplo o mobiliário que possa vir na compra de uma casa) na escritura que for feita da casa. Assim, os impostos são pagos apenas sobre o valor do imóvel.
António Salvador abordou também a questão cultural dos portugueses terem preferência por comprar casa própria, ao contrário de outros países da Europa, como é o caso da Alemanha e Holanda, onde há mais procura pelo arrendamento.
Essa opção tem vantagens e desvantagens, mas pode ser prejudicial quando as pessoas precisam de se mudar para evoluir profissionalmente.
O tema dos “Seguros Imobiliários” foi abordado por Jorge Trindade, que fez uma apresentação sobre os diversos produtos disponíveis para quem é proprietário de uma casa, mas também para construtores e até arrendatários.
A empresa Trindade Seguros trabalha com diversas empresas de seguros, o que permite escolher para os seus clientes os produtos mais adequados a cada situação. Para além da proteção contra acidentes, Jorge Trindade sublinhou ainda a disponibilização de seguros com apoio jurídico. Em determinadas situações, esse apoio jurídico pode representar grandes poupanças.