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Congresso Empresarial do Oeste

Sustentabilidade e transformação digital no caminho para um futuro competitivo

“Enfrentar os desafios do digital e da economia verde é essencial para garantir a sobrevivência e a competitividade no cenário atual”. Esta foi uma das principais mensagens destacadas no regresso do Congresso Empresarial do Oeste, que, após seis anos de interregno, voltou a reunir no dia 13 de novembro, no Centro Cultural e de Congressos (CCC), empresários e especialistas para debater o futuro económico da região.

Congresso Empresarial do Oeste

“Enfrentar os desafios do digital e da economia verde é essencial para garantir a sobrevivência e a competitividade no cenário atual”. Esta foi uma das principais mensagens destacadas no regresso do Congresso Empresarial do Oeste, que, após seis anos de interregno, voltou a reunir no dia 13 de novembro, no Centro Cultural e de Congressos (CCC), empresários e especialistas para debater o futuro económico da região.

O evento colocou em evidência a necessidade de mudanças estratégicas, alertando para os riscos de estagnação face às exigências de um mundo em transformação.

Entre as principais conclusões, ressaltou-se que fatores como visão, alinhamento estratégico, criação de valor, eficiência coletiva e processos colaborativos são cruciais para construir um território mais competitivo. Apesar do foco ser nas pessoas, a relevância dos empresários como catalisadores do progresso económico foi amplamente reconhecida, com apelos para o fortalecimento das suas competências e o incentivo ao diálogo coletivo.

A integração da matriz ESG (Environmental, Social, and Governance) no território foi apresentada como um passo essencial para assegurar um desenvolvimento sustentável, equilibrado e orientado para o futuro.

Na sessão de abertura do congresso, Vitor Marques, presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, destacou que apenas com trabalho conjunto e união será possível construir um Oeste mais forte e competitivo. Enfatizou a importância de alinhar políticas públicas e empresariais para criar estratégias que permitam enfrentar os desafios tecnológicos, a inteligência artificial e a sustentabilidade. “Fazer igual não vai dar resultado. Temos que diferenciar e fazer melhor”, afirmou, sublinhando o compromisso da autarquia em manter o foco nas pessoas e em atrair mais empresas para fortalecer o ecossistema económico local.

Filomena Frade, presidente da Assembleia da Federação das Associações Empresariais da Região Oeste (FAERO), recordou que o contexto socioeconómico mudou drasticamente desde o último congresso em 2018, com desafios como a pandemia, a crise energética, a escassez de mão-de-obra e a guerra na Europa. Destacou que a questão da habitação, já identificada há seis anos como um entrave à captação de trabalhadores, continua a ser um problema grave. Para Filomena Frade, a diversidade e a polivalência da região Oeste, evidentes nos seus recursos naturais e atividades económicas, são fatores-chave de resiliência. Os desafios sociais e tecnológicos foram identificados como prioridades na reflexão conjunta promovida pelo congresso.

Sustentabilidade e digitalização como oportunidades

Pedro Folgado, presidente da OesteCIM, enalteceu o papel dos empresários como motores de inovação, criação de emprego e melhoria da qualidade de vida. Alertou que os desafios da região não podem ser enfrentados isoladamente, defendendo uma abordagem coletiva para desenvolver soluções eficazes. Sublinhou ainda que as transições ambientais e digitais oferecem oportunidades únicas. “A transição ambiental não é apenas um dever, mas também uma oportunidade para criar valor”, afirmou, apontando que práticas sustentáveis e a economia verde tornam as empresas mais eficientes e valorizadas pelos consumidores. Por outro lado, a transformação digital, incluindo a adoção de tecnologias como a inteligência artificial, é indispensável para que as empresas se mantenham competitivas e inovadoras.

Depois da sessão de abertura o evento começou com a intervenção de Paulo Madruga, partner da EY Portugal e keynote speaker do Congresso Empresarial do Oeste, defendeu a necessidade de criar um verdadeiro espaço de encontro e diálogo entre os atores e as políticas públicas e que um caminho é questionar “Onde estamos e para onde vamos?”, sublinhou.

Referindo-se à fragmentação atual do Oeste, comparou a região a “filha de pais separados”, gerida por diferentes entidades que dificultam a coordenação. Paulo Madruga destacou que a partir de 2027, com a reorganização territorial, haverá potencial para maior união, mas alertou que isso só será eficaz com trabalho concreto no terreno e uma verdadeira articulação entre os atores.

Defendeu a transição de uma “economia das quantidades” para uma “economia do valor”, onde o foco está em criar algo novo e valioso, reconhecido e remunerado pelo mercado.

Alertou ainda para os riscos de não mudar, que muitas vezes superam os riscos de avançar em novas direções. O orador apelou para que o “congresso seja um ponto de partida para uma integração mais eficaz entre políticas públicas e necessidades empresariais, promovendo um desenvolvimento regional baseado na criação de valor e na inovação”.

O primeiro painel, sobre os desafios estratégicos da região Oeste, moderado por Nuno Almeida, professor coordenador e pró-presidente responsável pelas áreas de Inovação Empreendedorismo e Relações Internacionais do Politécnico de Leiria, contou a intervenção de Paulo Simões, secretário executivo da OesteCIM, que sublinhou a importância de apoiar os empresários na criação de valor, aumento da competitividade e desenvolvimento económico sustentável do território. Para alcançar um Oeste mais próspero, destacou o papel central dos 12 municípios na promoção de setores económicos-chave, como o vinho, a fruta, a horticultura, o turismo, a indústria e o mar. “Precisamos de identificar as vantagens competitivas de cada setor e utilizá-las estrategicamente para o desenvolvimento da região”, afirmou.

O foco nas pessoas foi apresentado como um pilar essencial das políticas públicas e do crescimento económico. Paulo Simões reforçou que não há estratégia sem empresários e que a sua capacitação e participação ativa são fundamentais para tornar o território mais competitivo. Destacou também a inclusão social como um elemento estratégico, defendendo que ninguém deve ficar para trás nas transições climática e digital. “É essencial garantir capacidade financeira e políticas públicas que permitam a incorporação de todos neste processo de mudança”, frisou.

Antes do almoço, durante o período de perguntas, Manuel Nunes, presidente da Associação de Futebol de Leiria, expressou desagrado pela ausência de um painel dedicado ao desporto. Destacou a importância desta área, que movimenta milhares de pessoas na região e gera impactos económicos significativos, sobretudo através de grandes eventos como competições de surf, que atraem turistas e impulsionam a economia local.

Manuel Nunes defendeu que o turismo desportivo seja incluído como tema central no próximo congresso, sublinhando que o desporto é uma alavanca de desenvolvimento regional que merece maior atenção. “É um setor que, além de promover a prática desportiva e a saúde, cria oportunidades económicas únicas para a região Oeste, posicionando-a como um destino atrativo a nível nacional e internacional”, afirmou.

O apelo reforça a necessidade de incluir diferentes setores estratégicos nos debates futuros, para que o congresso se torne mais abrangente e alinhado com o potencial da região.

O segundo painel trouxe reflexões sobre “Desafios para a criação de valor nas empresas: RH-ESG e Governança Ambiental, Social e Corporativa”, com um olhar especial para a Região Oeste, moderado por Teresa Coelho, assessora do Conselho de Administração da Docapesca. Foi apresentado o programa Empresas Turismo 360° incentiva as empresas do setor a reportar o seu desempenho em matéria de sustentabilidade e a matriz ESG que visa analisar, medir e melhorar o impacto ambiental, social e de governação de iniciativas públicas e privadas no território em questão, promovendo um desenvolvimento sustentável e equilibrado. Foi explorado como alinhar pessoas, sustentabilidade e governança para construir empresas mais resilientes e inovadoras.

Inteligência artificial

O painel final do congresso, moderado por Paulo Simões, secretário executivo da OesteCIM, centrou-se na utilização da tecnologia e da inteligência artificial (IA) para tornar os territórios mais inteligentes, competitivos e sustentáveis.

Isabel Caldeira Cardoso, presidente da Comissão Executiva da AICEP Global Parques, destacou a localização estratégica como um fator essencial para atrair investimento empresarial, reforçando que o objetivo é “proporcionar às empresas a localização mais eficiente”.

Pedro Sarmento, da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), apresentou a Estratégia Nacional dos Territórios Inteligentes, que visa expandir o conceito de cidades inteligentes a nível nacional. Salientou a importância de tornar os dados acessíveis para decisões mais eficazes e a necessidade de capacitação digital de cidadãos e empresas.

No setor agrícola, Jorge Soares, presidente da Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça, explicou como a IA pode contribuir para práticas agrícolas mais sustentáveis, nomeadamente na deteção de pragas, e mencionou os ecopomares, que promovem a biodiversidade e ajudam a sequestrar carbono.

No setor marítimo, Rodrigo Oliveira, do Portugal Blue Digital Hub-Fórum Oceano, apresentou iniciativas como o Hub Azul, que utiliza IA e sensores para monitorizar e preservar ecossistemas marítimos, promovendo uma economia azul sustentável ao longo da costa portuguesa.

Bruno Jardim, professor da NOVA IMS, explorou o futuro das cidades e regiões sustentadas por dados em tempo real e análise avançada, referindo a plataforma Oeste Smart Region como um exemplo de planeamento urbano eficiente e decisões políticas informadas.

Sérgio Constantino, administrador da Frutas Classe, partilhou a experiência da empresa na transformação digital e sustentável. Destacou o uso de plataformas como a smart-farm, que reduz o consumo de água em 10%, a instalação de painéis fotovoltaicos, que já cortaram 750 toneladas de emissões de CO₂, e programas de valorização de produtos agrícolas através da Alitec, reduzindo desperdícios e promovendo a rastreabilidade “farm2fork”.

Por fim, Manuel Dias, National Technology Officer da Microsoft, abordou o impacto transformador da IA no futuro das cidades, prevendo que até 2050 mais de 66% da população mundial vai viver em áreas urbanas. Salientou o papel da tecnologia na mobilidade, gestão urbana e serviços ao cidadão, apontando a IA como uma revolução capaz de moldar o futuro dos territórios.

Telmo Faria encerrou congresso com apelo à inovação

Telmo Faria, deputado obidense e presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus, encerrou o congresso com uma intervenção focada em mobilidade, inovação territorial e estratégias para aproveitar o potencial da região.

O deputado começou por destacar a importância de reforçar as ligações de mobilidade, apontando a A8 como um exemplo do impacto positivo das infraestruturas rodoviárias desde 1998. Contudo, sublinhou a necessidade urgente de concluir a modernização da Linha do Oeste, defendendo a sua ligação por Loures, em vez de Meleças, para uma integração mais estratégica com a Área Metropolitana de Lisboa. Referiu também a relevância do TGV para Madrid como uma oportunidade de ligação à Europa, instando a região a preparar-se para tirar partido desta infraestrutura nos próximos anos.

O social-democrata lançou o apelo à criação de hubs de inovação territorial, que permitam ao Oeste competir a nível internacional, atraindo investimento estrangeiro e valorizando recursos naturais como o mar e a terra. Defendeu uma “abordagem sistémica ao desenvolvimento, integrando setores como a agricultura, turismo e indústria num modelo de crescimento sustentável e interligado”.

Sublinhou também a importância de preparar a região para a “transição digital e economia verde, promovendo uma governação ágil, consórcios público-privados e estratégias de internacionalização”. Referiu a necessidade de melhorar “infraestruturas, como o regadio na agricultura, e potenciar a formação para garantir mão de obra qualificada e apoiar o empreendedorismo”.

Defendeu ainda a criação de “plataformas de cooperação entre autarquias, governo, empresas e universidades, destacando a necessidade de um sistema de governação mais eficiente e de processos administrativos simplificados, como “fast tracks” nos licenciamentos, para acelerar investimentos”.

“Acredito que podemos ser a região mais inovadora do país, criando oportunidades que fixem talento e promovam um desenvolvimento sustentável e inclusivo”, afirmou, apelando à colaboração e visão estratégica para transformar os desafios do presente em oportunidades para o futuro.

João Duarte, presidente da Câmara Municipal da Lourinhã, concluiu o evento, enfatizando a relevância da colaboração entre empresas e municípios para o sucesso regional.

O Congresso Empresarial do Oeste foi organizado pela OesteCim em parceria com o município das Caldas da Rainha e a FAERO. O encontro teve o objetivo de “fomentar o desenvolvimento económico e social da região”.

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Telmo Faria concluiu com um apelo à união entre o setor público e privado para tornar a região Oeste uma referência nacional
 

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