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Tertúlia debateu importância da Câmara para o desenvolvimento do comércio

“A Importância dos municípios no desenvolvimento do comércio das cidades” foi o tema de mais uma tertúlia organizada pela Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste (ACCCRO), que teve lugar na Casa dos Barcos, a 27 de Agosto, durante a realização da Frutos.

“A Importância dos municípios no desenvolvimento do comércio das cidades” foi o tema de mais uma tertúlia organizada pela Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste (ACCCRO), que teve lugar na Casa dos Barcos, a 27 de Agosto, durante a realização da Frutos.

Moderada por Mariana Calaça Baptista, a tertúlia contou com a participação de vários empresários, arquitetos, criativos e autarcas que apresentaram várias propostas para a autarquia desenvolver para dinamizar a atratividade do concelho.

Para o presidente da Câmara, Vitor Marques, é essencial que o município trabalhe no sentido de valorizar todo o património histórico e cultural que o concelho tem, ao mesmo tempo que trabalhe em eventos-âncora como é o caso da Feira da Fruta.

O primeiro orador, Fernando Costa, lembrou que esteve 28 anos na presidência da Câmara das Caldas e que isso lhe permite ter uma visão muito própria sobre o tema.

Para Fernando Costa, cabe aos municípios poderem fazer tudo o que possam pelo comércio do seu concelho e criar condições para que este se possa desenvolver. “É ao município que cabe fazer os melhores acessos à cidade e criar as melhores condições para a circulação automóvel e pedonal”, exemplificou.

Basta percorrer a cidade aos sábados de manhã para perceber a importância que isso tem para atrair pessoas de toda a região ao comércio local.

Uma câmara deve ainda criar equipamentos públicos que façam com que as pessoas se decidam pelas Caldas quando escolhem onde querem viver.

Na sua opinião, Caldas vive um momento excecional, devido à questão da localização do novo hospital e entende que a cidade ainda não percebeu o perigo que corre. Até pelo grande impacto que isso irá ter em toda a economia do concelho. “Será o maior desastre para o comércio local”, considera

O ex-presidente aproveitou a ocasião para criticar a opção do atual executivo autárquico em vender o terreno em frente à estação da CP para ser construído um prédio. Aquele parque seria fundamental para a cidade. “O terreno foi comprado para fazer um parque de estacionamento e os antigos donos têm toda a legitimidade contestarem essa alteração”, acrescentou.

Na ocasião, Fernando Costa acusou ainda o anterior executivo, liderado por Tinta Ferreira, de ter feito um contrato ruinoso com o Ministério da Saúde em relação ao Hospital Termal. Isto porque acha que este equipamento deveria ter sempre uma participação direta do Estado central. “É por isso que passado oito anos ainda não há o balneário que era suposto fazer-se. Já houve tempo para que o Hospital Termal estivesse a funcionar em pleno”, entende, acrescentando que isso tem prejudicado o comércio caldense.

No final da sua intervenção, Fernando Costa deu os parabéns pela organização da Frutos no Parque D. Carlos I e salientou que certames como este são muito importantes para a economia local.

A historiadora e fotógrafa Margarida Araújo salientou que as cidades devem manter a sua memória, embora “criando coisas novas e adaptando as coisas antigas”.

Em relação às Caldas, considera que existe um excesso de grandes superfícies. Embora sejam necessárias, pensa que deveria um maior controlo por parte do município em relação ao seu número.

Margarida Araújo defende que o município deveria agilizar toda a burocracia que existe para o licenciamento de obras e abertura de espaços. Entende ainda que as lojas mais antigas no centro histórico devem ser classificadas e integradas no programa “Comércio com História”. Segundo Vitor Marques, esse processo está a ser conduzido pela Oestecim, mas “tem estado parado”.

A historiadora lembrou ainda que o comércio teve sempre um papel muito relevante nas Caldas e é um elemento diferenciador deste concelho.

À Câmara cabe investir “no planeamento urbano, nos elementos arquitetónicos, no património cultural e em atividades económicas”. Deu depois exemplos de alguns estabelecimentos que foram restaurados respeitando a sua história, o que valoriza muito a cidade.

O arquiteto Ovídio Dinis contou como no seu trabalho utiliza muito tudo o que o comércio caldense tem. Por exemplo, não tem nenhuma impressora no seu espaço e quando precisa vai a algum estabelecimento que tenha esse serviço. “Faço esse trajeto seis ou sete vezes durante um dia”, revelou. “Isso é também uma forma dos caldenses poderem contribuir para o comércio caldense e não esperar sempre pelo que a Câmara pode fazer”, considera.

No final, Ovídio Dinis criticou o programa do governo “Mais Habitação”, o qual considera ser composto de “um punhado de coisas patetas”, até por passar a ser possível utilizar lojas e garagens para criar habitações.

Para o arquiteto José Pereira da Silva um dos principais problemas das Caldas foi ter perdido a sua identidade, num processo que considera ter começado há muitos anos. Seja pelos espaços identitários que perderam a sua qualidade, pelos doces que deixaram de ser associados às Caldas ou a vida noturna que praticamente deixou de existir. “Atualmente Rio Maior tem mais vida noturna que as Caldas da Rainha”, considera.

Por isso, defende que a autarquia deve promover mais atividades que façam com que as pessoas saiam à rua.

O arquiteto tem visto também outras cidades a terem uma maior preocupação na requalificação das suas ruas e dos centros históricos, enquanto que nas Caldas mantêm-se os problemas e as pessoas deixaram de usufruir do espaço público.

José Luis Almeida Silva, diretor executivo da Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica, começou por referir que deve ser aproveitado a proximidade com Óbidos “que é um dos principais centros turísticos do país”. Nesse sentido, considera importante que se coopere com outros municípios “para ganhos de dimensão crítica”.

O especialista acha que é importante definir o que se quer para Caldas da Rainha e qual o ponto de partida. São vários os fatores que devem considerados, inclusive o clima local, numa altura em que as alterações climáticas começam a mostrar os seus efeitos.

Uma das sugestões que deixou foi que os comerciantes estejam mais atentos ao que se passa na cidade e que as suas montras demonstrem isso mesmo, tal como acontece noutros países. Outro aspeto que considera relevante é melhorar a sinalética local.

O presidente da Junta na União das Freguesias de Tornada e Salir do Porto, João Lourenço, falou da sua experiência enquanto autarca, salientando que são várias iniciativas que trazem pessoas ao concelho, inclusive as desportivas. “São uma forma de dar a conhecer o nosso concelho, o comércio, a restauração e hotelaria”, disse. O autarca concorda que a proximidade a Óbidos é uma mais-valia para Caldas e que há bons exemplos do concelho vizinho que deveriam ser tidos em conta, como é o caso do Parque Tecnológico.

Nicola Henriques, do SILOS Contentor Criativo, salientou as qualidades da cidade e salientou que para manter a atratividade é preciso que o território seja diferenciador “não só para quem vem, mas também para os que já cá estão”.

 O orador salientou também o papel da ESAD.CR e das centenas de alunos que anualmente são formados, lamentando que não exista uma maior relação desta escola com o território onde está instalada. Defende também que deve ser dada atenção aos alunos do ensino secundário que saem para estudar em universidades noutros locais do país e depois não regressam.

Nicola Henriques desafiou a autarquia a criar equipas multidisciplinares e trabalhar a identidade do concelho.

Rui da Bernarda, proprietário da Mercearia Pena, também considera que Caldas da Rainha deixou de ter a centralidade que teve na região. “As Caldas deixou-se ultrapassar por outras localidades”, entende. Mesmo assim, na sua loja continua a ter clientes de Leiria, Torres Vedras, Santarém e Lisboa.

Por isso, acha que a cidade tem tudo o que necessita para voltar a ser o que era, “mas tem faltado estratégia e planeamento”. O empresário espera agora que o município recolha todas estas ideias que vão surgindo e que as implemente de uma forma estratégica.

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