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Ministro da educação recebido no Bombarral com protestos

Foi com cartazes e cânticos de protesto que na passada segunda-feira o ministro da educação foi recebido à entrada de uma escola no Bombarral. Na manifestação, com cerca de cem pessoas, estavam professores, encarregados de educação e alunos. O ministro da educação deslocou-se na passada segunda-feira à Escola Básica e Secundária Fernão do Pó, no […]

Foi com cartazes e cânticos de protesto que na passada segunda-feira o ministro da educação foi recebido à entrada de uma escola no Bombarral. Na manifestação, com cerca de cem pessoas, estavam professores, encarregados de educação e alunos.

O ministro da educação deslocou-se na passada segunda-feira à Escola Básica e Secundária Fernão do Pó, no Bombarral, para lançamento e assinatura de protocolos de várias entidades com o Conselho Nacional de Educação, no âmbito do Projeto DICA – Divulgar, Inovar, Colaborar, Aprender. À sua espera tinha à entrada do estabelecimento de ensino uma centena de docentes, pais e alunos.

O anúncio da deslocação não tinha sido divulgado previamente à comunicação social mas alguns docentes locais souberam dos preparativos e foi nas redes sociais que se começou a saber da vinda do governante.

Pelas 15 horas a viatura que transportava João Costa entrou na escola sem parar e por isso o protesto tornou-se bastante ruidoso. Devido às barreiras colocadas pela GNR, os professores não conseguiram chegar à fala com o ministro, mas se pudessem tinham-lhe dito “muita coisa”, porque se sentem “desmotivados”.

“Dir-lhe-ia que esta precaridade do trabalho é muito má, que não há incentivos para os professores”, manifestou o docente Jorge Teixeira.

“Estou a protestar contra os baixos salários, a falta de contabilização do tempo de serviço dos meus colegas, a falta de apoio para os funcionários escolares, os horários alargados e gigantes cada vez mais pesados para os nossos alunos, ou seja, ninguém consegue na escola ter um trabalho coerente”, referiu.

Queixando-se que o ministro “está a ser intransigente e pensa que estamos aqui a dormir e que basta lançar uma medida que serve aos professores”, apontou que “as medidas não são justas e não são aplicáveis a todos os colegas”.

O docente deu nota do seu exemplo: “Eu venho do Porto, onde tenho de pagar uma casa própria. Aqui no Bombarral também tenho de pagar uma casa para poder vir dar aulas, para além das deslocações aos fins de semana para estar com a família. Eu pago literalmente para trabalhar”.

Os docentes consideram insuficientes as propostas apresentadas até agora pelo Governo e deixam o aviso ao ministro. “É muito importante que o senhor ministro entenda que o resultado destas políticas, jogos e remendos que vêm colocando no sistema educativo é que dentro de poucos anos não teremos professores suficientes para os jovens, pelo que há que dar condições de trabalho atrativas”, declarou Alberto Claudino, outro professor participante na manifestação.

Preocupados com esta situação estão os encarregados de educação. A Associação de Pais do Ensino Básico do Bombarral esteve presente neste protesto para se mostrar solidária com os docentes e segundo Carla Ligeiro, presidente da associação, “isto só vai lá com uma greve geral das escolas”.

Num manifesto no Facebook onde convocou os encarregados de educação para este protesto, a associação vincou que “neste momento, os nossos filhos estão a ser prejudicados com os currículos e os programas disciplinares desatualizados, obsoletos e em constante alteração, pelo excesso de número de alunos por turma, pelo número insuficiente de psicólogos escolares e assistentes operacionais, pela inexistência de técnicos de animação sociocultural, pela falta de condições físicas e materiais, por não poderem contar com boas condições para a aprendizagem, por não haver professores e haver professores desmotivados, que não podem dedicar-lhes o tempo que precisam porque não há horas para tal devido estarem sobrecarregados de burocracia”.

No apoio aos professores, a associação de pais sublinhou que “são a chave principal na formação dos nossos filhos, não só a nível cognitivo, mas também a nível de personalidade e no viver em sociedade”, pedindo uma reflexão: “Se todos os anos tivéssemos de nos preocupar com questões, como para onde vou trabalhar? Será que me vou adaptar nesta nova escola e localidade? Como vou pagar duas rendas? Como estarão os meus filhos? Será que o meu casamento aguenta? Será que é este ano que vou ter aumento de salário? Se fôssemos nós a viver nesta angústia há mais de 20 anos sem fim à vista?”.

Situações que, no entender da associação, justificam que os encarregados de educação se devem unir aos professores para “exigir condições dignas para o ensino público em Portugal”.

A associação considerou a vinda do ministro “uma boa oportunidade de mostrar o nosso desagrado”, tendo apelado à realização de cartazes de protesto.

Nenhum dos manifestou conseguiu chegar à fala com João Costa, porque mal acabou o encontro no Bombarral saiu da escola da mesma forma como entrou. Acenou para os manifestantes dentro do carro mas não parou para lhes dirigir qualquer palavra. E assim terminou mais um protesto, desta vez na presença do próprio ministro, que tem afirmado que o Governo mostrou “vários passos de aproximação” aos sindicatos relativamente a várias questões que correspondem às reivindicações e continuamos no processo negocial”.

Opinião contrária têm os docentes, que escreveram nos cartazes exibidos várias mensagens: “Tempo de trabalho não é para ser roubado”, “Queremos um futuro garantido e não um futuro destruído”, “É urgente valorizar e investir na escola pública” e “Exigimos o fim das quotas”.

Mais manifestações

Na passada terça-feira ao final da tarde foi realizada em Óbidos uma marcha simbólica pela educação desde a escola sede do Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos até à Praça da Criatividade, junto à escultura conhecida como a mão ou pomba de Óbidos.

Nesta quinta-feira, a partir das 18h, haverá uma concentração em frente à Câmara das Caldas e no dia 30 de janeiro a manifestação convocada por vários sindicatos chega ao distrito de Leiria.

No dia 30 está igualmente agendada uma concentração de profissionais de educação de todas as escolas do concelho a partir das 10h, em frente à Câmara Municipal das Caldas da Rainha.

Trata-se de uma “iniciativa apartidária e extra-sindical de profissionais da educação que apelam pelo reconhecimento da ação fundamental da escola pública numa sociedade informada e democrática, o que só é possível através do trabalho integrado de todos os seus recursos humanos”, avançam os promotores.

Estão, também, informados agrupamentos de escolas de outros concelhos e a concentração é alargada a toda a comunidade educativa.

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É o segundo livro da autora, de 19 anos, e é uma história de amor entre dois adolescentes. “É sobre um relacionamento abusivo. Os seus sinais, a forma como se expressa, a maneira como se faz sentir, e, principalmente, a culpa com que as vítimas ficam”, contou.

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Da banda fazem parte Carlos Marques (voz, baixo e guitarra acústica), Samuel Lucas (guitarra e back vocals), João Carlos (teclados) e os músicos das Caldas da Rainha, Luís Agostinho (teclados) e Louie Russo (bateria e back vocals).

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