População contesta obra do Estado no Sítio da Nazaré

Várias centenas de populares protestaram no passado domingo contra uma obra no Sítio da Nazaré, na qual o Estado é o responsável e que para a população altera de forma drástica um património ligado à história da vila.

Várias centenas de populares protestaram no passado domingo contra uma obra no Sítio da Nazaré, na qual o Estado é o responsável e que para a população altera de forma drástica um património ligado à história da vila.

Reza a lenda que em 1182, D. Fuas Roupinho quando perseguia um veado ficou à beira do precipício e rogou proteção a Nossa Senhora da Nazaré, após o que o cavalo se imobilizou, evitando que tivesse morte certa se caísse pela falésia. A marca da ferradura de uma pata ficou na rocha e é motivo de visita de milhares de pessoas anualmente.

A remoção de um muro secular, mandado edificar pela Real Casa de Nossa Senhora da Nazaré, em 1759, para proteção de peregrinos e visitantes, que serve de barreira e ao mesmo tempo de miradouro consta de uma intervenção da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para estabilizar as arribas a partir de 10 de abril, mas a população, que esteve no último domingo concentrada no local, não concorda com a solução estética prevista, com perfis metálicos.

Nuno Batalha, presidente da mesa administrativa da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, manifestou que “ninguém está contra em melhorar a segurança do local”, só que “propõem-se mexer no património que está edificado e junto à zona envolvente de património classificado sem terem discutido alternativas com os proprietários do espaço, com a população e com os organismos locais”.

“Há uma tentativa de substituir o muro, que é património histórico, por materiais contemporâneos que nada têm a ver com este espaço nem com o que a lenda representa”, declarou, acrescentando que “causa-nos também perplexidade e estranheza ser criado ao lado da ermida um maciço em betão para suportar uma placa em aço inox para as pessoas se deslocarem até à pata do cavalo sem pisarem a rocha”.

“Vai ser construído ao lado de um espaço que tem achados arqueológicos que é a gruta da Capela de Nossa Senhora da Nazaré”, alertou, lamentando que a APA não tenha aceite o convite para explicar a obra no passado dia 11, nas Jornadas do Património da Nazaré – “Bico da Memória: Património Identitário da Nazaré e de Portugal. Que Futuro?”, organizadas pela Associação Nazaré Marés de Maio, Confraria de Nossa Senhora da Nazaré e Liga dos Amigos da Nazaré.

Nas Jornadas foi decidido recomendar à Câmara que “exija a suspensão da obra no Bico da Memória até todos estes estudos e informação serem entregues e analisados”, e foi defendido que a autarquia deve pedir à APA a reestruturação do projeto e aproveitar para solicitar e apresentar formalmente à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) a proposta de criação de uma Zona Especial de Proteção.

Precisamente para exigir explicações o Movimento Cívico Pela Defesa do Promontório lançou uma petição, com a qual pretende pressionar a entidade promotora da obra – APA – a fazer a sua apresentação, incluindo projeto e maquete, bem como a Câmara Municipal da Nazaré “para que esta obra seja clarificada e conhecida pela população local”, que entende “vai descaraterizar o Sítio”, pelo que pretende “uma solução harmoniosa”.

“Há especialistas e professores universitários que dizem que há formas diferentes de intervir”, fez notar António Caria, do movimento. A atual proposta “é de metal e vai ser corroída rapidamente com a erosão marítima”, vincou.

Cerca de duas mil pessoas já assinaram a petição, onde se alerta para o “início de obras no promontório do Sítio da Nazaré, que se estendem desde o túnel do Ascensor até ao Bico da Memória, sem que à população tenha sido dada qualquer informação prévia ou sequer apresentado o projeto a realizar, e principalmente pelas alterações estéticas anunciadas”.

A APA garante que a intervenção a realizar, que inclui também a zona envolvente da plataforma superior do ascensor, num investimento de quase 1,7 milhões de euros ao longo de oito meses, foi aprovada pela DGPC e respeita o enquadramento patrimonial e paisagístico do local.

Assegura também que a visualização do local exato onde se encontra cravada na rocha a “pata do cavalo” será facilitada e que o objetivo da obra é aliviar o peso resultante das pessoas sobre a atual consola rochosa, minimizando o risco de instabilidade de arriba e de queda de blocos de grandes dimensões que podem atingir a praia.

Garante igualmente que o acesso das pessoas à arriba será recuado por questões de segurança, através de uma plataforma suspensa, que terá um muro em metal, e que a obra está sustentada em estudos geológicos e será acompanhada por um arqueólogo, informações que a população quer debater com os técnicos.

Câmara anuncia sessão de esclarecimento à população

A Câmara Municipal da Nazaré revelou que tem desenvolvido conversações com a APA sobre as obras de estabilização das arribas do Sítio da Nazaré e que no dia 27 de março haverá uma reunião entre as duas entidades, tendo ficado definida a realização de uma sessão de esclarecimento à população ainda durante este mês, em data a confirmar.

O Município da Nazaré esclareceu também que as “decisões técnicas encontradas para este projeto datam de 2011, com contributos do executivo de então e deveria, na perspetiva do atual executivo, ter sido feita discussão em sede de Assembleia e em sessão aberta à população, falha que se pode atribuir à APA, mas que o Município podia e devia ter dinamizado à data”.

O projeto apresentado à data “absorveu em larga medida as orientações transmitidas pela Câmara Municipal” da altura”.

Adiantou que com o atual executivo, liderado por Walter Chicharro, “desde 2014 até agora não existiram ações ou reuniões com a APA sobre este tema, tendo o Município tomado conhecimento formal do projeto de execução aquando da apresentação do mesmo, já em fase de assinatura de auto de consignação da obra, ou seja, a obra já estava em curso.

A autarquia assegurou que “não existirão quaisquer obras na Ermida da Memória, segundo o projeto de execução, e a solução encontrada em 2011, que referencia a supressão dos muros, foi validada pela Câmara Municipal, mas não por este executivo”.

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