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Primeiro Conselho de Ministros informal do novo Governo realizou-se em Óbidos

Óbidos foi o local escolhido para acolher o primeiro Conselho de Ministros informal do XXIV Governo Constitucional. A reunião decorreu no passado sábado, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Óbidos, com a participação de todos os membros do novo Governo de Luís Montenegro.

Presidida pelo primeiro-ministro, a reunião teve os 17 ministros sentados numa longa mesa e os respetivos 41 secretários de Estado alinhados atrás, servindo para discutir o programa do Governo.

Eram 9h30 quando os dois autocarros da Rodoviária do Oeste trouxeram quase todos os ministros e secretários de Estado e também o próprio Primeiro-Ministro à porta da vila. 

Na chegada os novos governantes foram recebidos por agricultores da região Oeste e também de Trás-os-Montes, que não estavam ali para protestar, mas para chamar a atenção para os problemas que afetam o setor, distribuindo fruta aos membros do Governo. Trouxeram maçã e pera rocha do Oeste, fruta muito valorizada pelos consumidores, mas que “os agricultores não conseguem vender a preço que compense, devido ao custo elevado da produção”. Seguravam ainda uma tarja que tinha escrito “Movimento cívico de agricultores”.

Luís Montenegro, o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, e o secretário de Estado da Agricultura, João Moura, foram falar com os agricultores. A conversa foi breve e os governantes prometeram marcar uma audiência com os representantes do movimento.

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, Ana Rita Bivar, agricultora de Trás-os-Montes, explicou que estão preocupados com as políticas restritivas da “Agenda de Inovação para a Agricultura 2030, que implica a adoção de medidas sustentáveis de produção e práticas agrícolas mais resistentes, adaptadas às alterações climáticas, que incluem, por exemplo, o controlo do consumo de água, que é exagerado”.

Revelou que estão a preparar um caderno reivindicativo que irá ser entregue “brevemente na audiência que foi prometida pela equipa do novo ministro da pasta”.

Foi a pé pela Rua Direita que o Governo chegou até ao Salão Nobre dos Paços do Concelho. O Primeiro-Ministro foi acompanhado pelo presidente da Câmara de Óbidos, o também social-democrata Filipe Daniel, como anfitrião da sessão.  

Antes da reunião os governantes tiveram direito a um beberete preparado pelo restaurante Paraíso do Coto, das Caldas da Rainha. 

Foi um Conselho de Ministros informal, onde no final não houve declarações aos jornalistas e também não estava previsto que qualquer membro do governo prestasse declarações sobre o que tiveram a discutir na reunião. No entanto, foi possível saber que em cima da mesa esteve o programa do Governo que Luís Montenegro vai levar à Assembleia da República nesta quarta-feira, dia 10 de abril, para ser discutido depois nos dois dias seguintes e esse foi o tema principal do encontro.

A reunião atrasou, uma vez que estava prevista a primeira foto de grupo ser às 12h00 na Praça de Santa Maria, mas só aconteceu já passava das 13h30.

Esta é já a segunda vez que Óbidos recebe um Conselho de Ministros. A primeira foi em janeiro de 2004, com o então primeiro-Ministro Durão Barroso. Também na altura reuniu em Óbidos numa lógica de descentralização, desta vez “numa visão de coesão territorial e de sinal de unidade de todo o Governo”.

No final, sem almoçar em Óbidos, os governantes voltaram para o autocarro em direção a Lisboa e o Primeiro-Ministro regressou na sua viatura oficial.   

Autarca de Óbidos defendeu hospital entre Caldas e Óbidos

Depois de levar Luís Montenegro ao seu veículo, o presidente da Câmara de Óbidos falou com a imprensa local, revelando que aproveitou a ocasião para “reivindicar a atenção do novo Governo para um conjunto de necessidades sentidas no concelho, mas também na região, designadamente nas áreas da saúde, com destaque para a falta de médicos e para a necessidade de construção do futuro Hospital do Oeste, a agricultura, o turismo e a administração pública”.

No que concerne ao novo Hospital do Oeste não deixou de falar da oportunidade de “atração de jovens profissionais e que eles fiquem no nosso país”. “Falei naquilo que tenho defendido, que é uma academia para médicos e enfermeiros que se possam também formar nesta mesma instalação”, contou. 

O autarca, que fez como anfitrião a abertura do Conselho de Ministros, referiu que abusou do tempo que lhe estava destinado e que falou ainda “da localização da nova unidade, onde continuamos a acreditar que o melhor lugar para o equipamento é entre Óbidos e Caldas da Rainha”, adiantou, revelando que não recebeu qualquer resposta. Garantiu que vai convidar a ministra da Saúde para visitar o terreno na confluência de Óbidos e Caldas da Rainha

Para o autarca “este é um momento crítico na nossa trajetória política, onde as decisões que tomamos moldarão o destino dos nossos cidadãos e é vital que estejamos conectados com as realidades locais, entendendo as necessidades e aspirações das diversas comunidades que compõem o nosso território”, acrescentou.

Quanto ao facto do primeiro encontro ter decorrido em Óbidos, Filipe Daniel disse que foi “uma exigência do Primeiro-Ministro”. Além da centralidade, Luís Montenegro quis reconhecer toda a “perspetiva cultural e dinâmica própria da localidade”.

O Conselho de Ministros informal fica, simbolicamente, perpetuado através de uma placa, colocada no Salão Nobre da Câmara Municipal de Óbidos, e descerrada pelo chefe de Governo e pelo presidente da autarquia obidense.

Aos governantes juntaram-se os deputados eleitos pelo distrito de Leiria, como o obidense Telmo Faria e o caldense Hugo Oliveira.

Telmo Faria disse à imprensa que o primeiro-ministro achou “Óbidos o local ideal para fazer uma primeira junção de todos membros do Governo para se conhecerem e darem o arranque ao trabalho”. “Óbidos é um símbolo do nosso património e é uma referência em termos de políticas locais e imagino que isso explique a lembrança do Primeiro-Ministro”, relatou. 

O deputado na Assembleia da República recordou que viveu a experiência do primeiro Conselho de Ministros em Óbidos, há vinte anos, e que “tinha mentalmente como era o formato da sala para caberem 59 pessoas”.

Quanto a ser convidado para fazer parte do Governo, Telmo Faria revelou que houve uma consideração de quererem “perceber a minha disponibilidade”, confessando que não preparou a “vida empresarial e pessoal para assumir funções em exclusividade”. “Não quer dizer que daqui a dois anos não esteja disponível”, considerou. 

Destacou a área de turismo, onde o Governo foi buscar Pedro Machado como novo Secretário de Estado do Turismo, uma pessoa “com muita experiência no setor, que vai olhar com carinho para o distrito de Leiria e para o país”.

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Luís Montenegro a conversar com os agricultores

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