O secretário-geral do PCP esteve em Peniche no passado sábado, num almoço com pescadores, na Praia do Quebrado, onde aproveitou para sublinhar a necessidade de valorizar as pescas.
No âmbito da acção nacional “Mais força aos trabalhadores”, Paulo Raimundo pretendeu ouvir diretamente os pescadores e pequenos armadores sobre os seus principais problemas e aspirações.
Neste encontro foram ouvidas muitas queixas sobre o empobrecimento de quem vive da pesca. Hoje em dia trabalhamos mais e ganhamos menos. O governo que olhe para isto”, lamentou um dos pescadores presentes, enquanto outro disse que no final do mês um pescador “pode ir para casa sem salário mínimo nacional”.
Para o secretário-geral do PCP “é preciso valorizar a pesca, para que esta possa garantir uma vida estável que fixe as novas gerações. É preciso garantir salários e rendimentos dignos aos pescadores todo o ano”.
O dirigente comunista destacou “a diferença brutal entre o que se paga a quem pesca e o que paga quem consome”, sublinhando a necessidade de “atacar a especulação de preços”.
Por outro lado, “é preciso investir nas condições de trabalho a bordo e é preciso aumentar ainda e sempre a segurança das embarcações”.
Paulo Raimundo abordou ainda as “novas ameaças à pesca” com o processo que está em curso visando “a exploração por multinacionais de energia eólica, o essencial na faixa das seis às doze milhas onde se encontram os maiores pesqueiros, para a produção de eletricidade, colocando uma floresta de torres eólicas ao largo da costa, uma ameaça que precisa de ser travada”.
O líder do PCP afirmou que a produção de energia eólica em alto mar não pode pôr em causa a atividade pesqueira e que os projetos só devem avançar depois dos pescadores serem ouvidos.
Para o líder do PCP “é possível compatibilizar” a produção de energia em alto mar com a pesca, mas “é preciso “que se envolva nessa compatibilização os principais interessados do mar, que são os pescadores e não as principais empresas de indústria energética que olham para a energia renovável como mais um negócio”.
“Somos dos países do mundo que mais consome peixe e não nos podem pedir para abdicar de pescar”, afirmou.