Talvez sejam poucos os que irão reparar, mas o Nadadouro ficará para sempre marcado na história da cidadania nacional porque um natural desta freguesia inscreveu o nome da localidade do concelho das Caldas da Rainha num pormenor do livro sobre o tema, editado pela Assembleia da República.
“Voltas e reviravoltas – A Cidadania” é o nome do livro escrito por Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, com ilustrações de Mantraste (nome artístico de Bruno Santos), que foi apresentado no passado sábado na Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha.
Foi nesta sessão que Mantraste contou que gosta sempre de deixar a sua marca pessoal nas ilustrações que faz e, neste caso, escreveu Nadadouro no banco de jardim que é um dos “protagonistas” desta história. “Começou por ser uma piada e achei que iam tirar, mas acabou por ficar”, comentou o ilustrador.
As escritoras criaram um enredo onde a partir de uma discussão à volta de um banco partido durante as manobras de skate de um grupo de jovens, leva a que se explique como a cidadania se pratica no dia-a-dia.
Quando se depara com os estragos, o presidente da Junta de Freguesia desta história opta por falar com os jovens envolvidos e explicar-lhes que ao estragarem o banco causaram prejuízo para toda a comunidade, inclusive para eles próprios. Depois disso, desafia-os a irem à Assembleia de Freguesia para proporem que, em substituição do banco, fosse colocado no local um equipamento onde possam fazer as suas manobras de skate.
O objetivo do livro é de ajudar a compreender o que significa viver em comunidade e participar no bem-comum.
No final, o livro tem um glossário ilustrado sobre estes conceitos, bem como o de comunidade, de democracia, direitos, deveres, liberdade de expressão, participação política ou solidariedade social.
Segundo Maria Teresa Paulo, assessora parlamentar e que é caldense, este foi segundo número da coleção infantojuvenil “Missão: Democracia”, no âmbito da qual já foram editados cinco livros e serão lançados ainda mais sete até ao final do ano.
A Assembleia da República criou esta coleção como forma de comemorar os 50 anos do 25 de Abril e de alcançar os mais novos, explicando através de histórias conceitos como a democracia, as eleições e a República, entre outros.
Durante a sessão, Mantraste confessou que nunca gostou de andar de skate e para ultrapassar a falta de conhecimento do tema optou por assistir ao filme “Anos 90”, que conta a história de um grupo de jovens skaters.
Na proposta que fez, Mantraste deu destaque à arte urbana e achou que esta seria recusada, no entanto foi surpreendido com uma grande abertura por parte dos responsáveis pela edição.
O ilustrador explicou também o seu processo criativo, neste caso com recurso a fotografias, como forma de criar nos seus desenhos a ideia de movimento e ritmo.
A diretora da Biblioteca Municipal, Aida Reis, confessou-se muito entusiasmada por poder fazer a apresentação deste livro nas Caldas da Rainha, principalmente pela importância do tema. Segundo a responsável, em breve estarão disponíveis exemplares do livro para empréstimo. Até porque algumas das crianças presentes na sessão mostraram interesse em o ler.
A seguir à apresentação, Mantraste realizou uma oficina criativa com crianças, tendo-as desafiado a fazerem os seus próprios cartazes com reivindicações.
